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Passei quase 2 horas em canais do agro escutando argumentos a favor do marco temporal. Para além das falácias conhecidas ("se não for aprovado, vai gerar fome", "o BR vai ficar com déficit"), teve um argumento que me chamou atenção: "demarcar territórios indígenas racionalmente"+
De acordo com a advogada entrevistada no Canal do Boi, o marco temporal não impede demarcações, sequer as dificulta. As demarcações podem ser feitas, só que serão feitas de forma racional, em terras não-tradicionais, "sem essa cosmovisão" (palavras dela). Bora lá:
O fato de ela não se importar com a tradição dos povos indígenas, que tanto faz como tanto fez se eles estão ou não em seus territórios tradicionais, frequentemente sagrados, revela o senso de superioridade que ela e o agro têm: crenças e tradições indígenas não são racionais,
então a demarcação dos territórios indígenas precisa obedecer a racionalidade dos brancos, porque DANE-SE A COSMOVISÃO INDÍGENA. Só o jeito branco de viver e se relacionar com a terra é o jeito certo, é a régua pela qual se mede e se decide como TODO MUNDO deve viver. Cabou.
Penso imediatamente em Ailton Krenak em "Ideias para Adiar o Fim do Mundo": "A civilização chamava aquela gente [povos originários] de bárbaros e imprimiu uma guerra sem fim contra eles, com o objetivo de transformá-los em civilizados que poderiam integrar o clube da humanidade"
e tb: "Porque tem uma humanidade, vamos dizer, bacana. E tem uma camada mais bruta, rústica, orgânica, uma sub-humanidade (...). A organicidade dessa gente é uma coisa que incomoda, tanto que as corporações têm criado cada vez mais mecanismos para separar esses filhotes da terra
de sua mãe. (...) Recurso natural para quem? Desenvolvimento sustentável para quê? O que é preciso sustentar?"
Sei que é novidade zero isso do agro enxergar os povos originários e suas tradições assim, mas foi interessante (e assustador) ver alguém com zero conhecimento sobre indígenas elaborar tão eloquentemente seu menosprezo pela cultura indígena
Enfim, vamos seguir com #PL490NAO #MarcoTemporalNao

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May 30
Lula is being criticized for his meeting with Maduro for:
1. Saying the authoritarianism in Venezuela is nothing but a narrative by the US
2. Encouraging Venezuela to join BRICS
3. Actually having met with Maduro

Some of the criticism is fair, some isn’t, methinks 🧶 Image
1. Authoritarianism in Venezuela is well documented by international organs such as the UN and the ICC, the latter is formerly investigating Maduro. The UN has been repeatedly critical of Bolsoanro. Alice Wairimu Nderitu, UN’s Special Adviser on the Prevention of Genocide,
has been to Brazil in May and concluded there were actions taken by Bolsonaro’s government that may place in the risk of genocide against indigenous peoples, among other things. As for the ICC, for a long time we, opposers of Bolsonaro,
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Apr 2
Os casos Mayhem e "baterista da Aurora" mostraram que quase todo tuiteiro brasileiro é especialista em nazismo norueguês. Pros que não são, assim como eu, recomendo esse relatório: "Quando neonazistas marcham nas ruas norueguesas, ouvimos sueco" +
norden.org/en/publication…
Produzido pelo @nordenen, 13 especialistas analisaram dados de livros, papers, teses e dissertações etc., que cobrem o fenômeno da extrema direita nos Nórdicos: Dinamarca, Noruega, Suécia e Finlândia. A análise começa em 1918 e chega aos dias de hoje e tem umas interessâncias:
O título é de uma fala da ex-primeira ministra da Noruega, ela falou isso depois de um ataque terrorista de extrema direita aqui em 2019. Isso porque muitos dos neonazi que fazem protesto aqui são suecos. Inclusive
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Mar 19
Galera, vamos falar da banda de black metal do momento, a norueguesa Mayhem? Bora ver como pesquisadores noruegueses da extrema direita e movimentos noruegueses antinazi e antirracistas enxergam a Mayhem?

GATILHO: esse fio contém conteúdo sobre automutilação e suicídio
Tudo começa em 1984 em Langhus, uns 30-40 min de Oslo. Os adolescentes de 16 anos Jørn Stubberud e Kjetil Manheim da banda Musta conhecem um outro chamado Øystein Aarseth, também de 16. Musta foi deixado pra lá, e Jørn (baixo), Kjetil (bateria) e Øystein (guitarra)
Eles eram “anti” qualquer coisa. Queriam chocar, e buscavam coisas ao redor pra saber o que iria funcionar melhor. Exemplo:
No final dos 80, a Primeira Ministra queria revogar o parágrafo antiblasfêmia da constituição. Até 2017, a Igreja era parte do Estado, imagina o rebu!
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Mar 17
Rapaz, o debate sobre o Mayhem no Brasil tomou umas proporções que sei nem.
Começou com uma acusação restritíssima à banda, "Mayhem é nazi", e foi parar em "a Noruega é um país nazi".
Sem contar com os ataques que os pesquisadores que iniciaram tudo estão sofrendo. Você pode até+
discordar deles (como discordo), mas acusá-los de desonestidade intelectual e semelhante é um absurdo sem tamanho. Quem acompanha a Letícia e o Judz sabe que são comprometidos e estudiosos da extrema-direita. Se vierem a cometer qlqr erro sobre o tema, é pq todo mundo pode errar+
Embora eu discorde da acusação principal, ela não é sem fundamento. E mais: várias outras coisas que eles disseram são verdades, sim. Nada justifica as agressões contra eles. Depois geral fica com raiva qdo eles perdem a paciência e mandam todo mundo tomar no tororó
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Aug 24, 2022
Sempre falamos que Bolsonaro entraria para a história como um líder que promoveu um genocídio através de seu negacionismo da pandemia. Pois bem, aqui na Noruega a Aschehoug Undervisning, braço da editora Aschehoug responsável por livros escolares, já iniciou o serviço 🧵
O livro se chama “Fabel”, cobre a matéria de norueguês para os três últimos anos do Ensino Médio (8, 9 e 10). A ideia é trabalhar a língua através de assuntos atuais, e "a característica do livro é uma grande ênfase na interação entre bons textos e imagens fortes e instigantes"
Bolsonaro ilustra o texto sobre teorias da conspiração, a legenda diz: “chega de frescura, vão ficar chorando até quando?”. , que explica o que é uma teoria da conspiração, fala do negacionismo da pandemia, mas não fala nada do Brasil. Não nessa página, mas na seguinte...
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