Tenho visto circular um post que lista o número de judeus no governo Biden e os simboliza com a bandeira de Israel. A ideia por trás é de que “os judeus” direcionam a política americana por meio do lobby pro-Israel. Sobre isso, algumas coisas:
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[1] Judeu e Israel não são sinônimos. Ser judeu e ser pro-Israel não significa a mesma coisa. Inclusive, uma das instituições mais fortes de advocacy pro-Israel nos EUA é de cristãos evangélicos, a CUFI.
[2] Diferente da maioria das instituições judaicas, a AFSI e a CUFI, de cristãos evangélicos, não apoiam a solução de dois estados, um judaico e um palestino. A maioria das instituições judaicas, sim.
[3] Muitas instituições judaicas que fazem advocacy ou lobby pro-Israel têm agendas distintas, às vezes opostas. AIPAC e JStreet são o caso mais emblemático.
[4] Nas primárias de Detroit do ano passado, por exemplo, J Street apoiou o candidato Andy Levin, ao passo em que AIPAC apoiou em peso sua adversária, Haley Stevens.
[5] Em Detroit, AIPAC, a maior organização judaica pro-Israel dos EUA, fez campanha pesada contra Andy Levin, que é judeu, e apoiou Haley Stevens, que não é judia.
[6] Há também grupos judaicos nos EUA, como o Jewish Voice For Piece, que fazem campanhas anti-sionistas. Inclusive, apoiam os movimentos de boicote a Israel, como o BDS.
[7] Olhando para os grupos judaicos dos EUA, a única coisa que podemos concluir é que a comunidade judaica americana é diversa, de diferentes cores, culturas e posições políticas.
[8] Qualquer tentativa de representar os judeus como um bloco unitário, com uma agenda política comum, está incorrendo no velho antissemitismo conspiracionista. Essa ideia precisa ser combatida.
***Jewish Voice for Peace
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