Uma das impressões mais comuns atribuídas popularmente ao Papa Francisco é que ele seria de alguma forma "comunista", ou "socialista". Isso se deve a diversos fatores interpretados de forma política e ideológica;
Como, por exemplo, o diálogo recorrente com líderes políticos da ala da esquerda. Algumas pessoas se revoltam com isso na teoria de que não se deve, em hipótese alguma, prestar diálogos e acordos com inimigos de tal alcunha, que tanto perseguem a Igreja.
A Igreja Católica condenou o socialismo e o comunismo diversas vezes nas encíclicas Nostis et nobiscum, Quanta cura, Rerum novarum, Quadragesimo anno, Divini Redemptoris e no Decreto contra o comunismo de 1949.
Mas a Igreja Católica oferece diálogo e diplomacia a países comunistas desde o Pontificado de Pio XI.
Ainda no início da União Soviética, o Vaticano participou de negociações com diplomatas soviéticos a respeito da questão da hierarquia e dos bens da Igreja na Rússia.
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Em 1922, o ministro de Relações Exteriores da URSS, Georgi Chicerin, se encontrou com o subsecretário da Congregação para os Assuntos Eclesiais Extraordinários para discutir sobre a liberdade religiosa, a hierarquia e os bens confiscados da Igreja.google.com.br/books/edition/…
Em 1924, o Núncio Apostólico de Berlim, Eugenio Pacelli, foi a Moscou através da embaixada alemã para tentar continuar com as negociações com diplomatas soviéticos; tento repetido o esforço em 1925 e 1927.
O objetivo era a de chegar em um tratado que decretasse e firmasse definitivamente o status legal da Igreja Católica e a hierarquia dos bispos na União Soviética. No pós-guerra, todas as relações da Santa Sé com países comunistas foram cortadas e suas prelazias dissolvidas;
Não por iniciativa da Santa Sé, mas pelos próprios países comunistas. Isso mudaria em 1967 quando a Yugoslavia se tornou o primeiro país comunista a normalizar oficialmente sua diplomacia com a Santa Sé, tendo o próprio Josip Tito visitando pessoalmente o Papa Paulo VI.
O Papa João Paulo II também se encontrou com o último líder soviético, Mikhail Gorbachev, em 1989, e também com o ditador Fidel Castro em 1998.
Também podemos tomar de exemplo a Concordata feita com a Alemanha Nazista em 1933 como um exemplo da Santa Sé tomando iniciativa diplomática com um regime explicitamente anti-católico, pelo bem dos próprios católicos no país.
Por isso não é apropriado vincular o Papa a qualquer ideologia em viés de encontro diplomático. É necessário uma ponte entre os chefes de estado e a Igreja para que se possa articular a organização episcopal e missionária de ditos países, mesmo que seus governantes sejam iníquos.
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Por esse motivo, Papa Francisco também tomou uma medida de acordo diplomático com o Partido Comunista Chinês em 2018, para que se fosse solucionada a questão da consagração dos bispos chineses.theguardian.com/world/2018/sep…
Comentários do Papa Francisco demonstram oposição ao Marxismo.
Quando publicou sua primeira Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, o Papa foi acusado de apologia ao Marxismo por supostamente ter criticado o "capitalismo desenfreado".
Durante uma entrevista no livro 'Pope Francis: This Economy Kills', o Papa adiciona que o que foi ensinado na Exortação Apostólica:
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Em entrevista ao jornal italiano Il Messaggero, ainda no mesmo assunto, o Papa acusa os comunistas de se apropriarem da miséria dos pobres e da caridade do Evangelho para usar como ferramenta ideológica: independent.co.uk/news/world/eur…
Um incidente polêmico que para muitos passou uma grande impressão do Papa Francisco ser "comunista" foi um presente dado pelo ex-Presidente Boliviano Evo Morales durante uma visita diplomática, um presente de caráter escandaloso: Jesus Cristo crucificado em uma foice e martelo.
O Papa foi claramente pego de surpresa com o presente, esboçando uma reação negativa; Mas após um certo diálogo com Morales, a reação do Papa muda, e aceita o presente. Não se sabe quais foram as palavras trocadas, pois o áudio do vídeo divulgado pelas mídias é indiscernível.
O presente se trata de uma escultura feita pelo padre jesuíta Luís Espinal Camps, fuzilado por ordem do ditador Boliviano Luis García Meza em 1980.
Um padre bem conhecido pelos jesuítas da região dos andes, inclusive pelo Papa Francisco; antes mesmo da ocasião em que recebeu os presentes, o Papa passou pelo local de assassinato do padre Espinal para rezar e prestar respeitos.
Ao ser questionado pela mídia, o Papa diz que interpretou a escultura como que uma arte de protesto:
Padre Espinal foi fuzilado por suspeitas de simpatia às guerrilhas e conspirações marxistas na Bolívia, na época em uma ditadura militar. Ele era constantemente acusado de tais simpatias por fazer apologia aos pobres e necessitados;
Dado este contexto, em uma pessoa que o Papa conhece o caráter, ele interpreta que o objetivo da obra seria criticar aqueles que perseguem os cristãos na acusação de serem "comunistas" - Como se essas mesmas pessoas estivessem crucificando Jesus ao fazerem essa acusação.
O Papa compara o caso com uma obra similar que ele viu na Argentina:
É plausível que o Papa tenha instintivamente interpretado mal o intuito da obra em primeira vista, mas ao ser explicado por Morales que se tratava de uma obra de Espinal, ele percebeu que se tratava de uma arte de protesto, não uma apologia ao comunismo.
O Papa cita também, de que não estava ciente até então que Espinal era escultor.
Espero que essa thread possa ter saciado dúvidas a respeito de alguma forma.
+ Papa Francisco recebeu dia 14 de Fevereiro Ernest Simoni, perseguido pelo antigo regime comunista da Albânia, chamando-o de "Mártir vivo". Papa Francisco o criou cardeal em 2016
🇻🇦Nova Declaração do Dicastério para a Doutrina da Fé sobre a dignidade humana.
O Prefeito cardeal Fernández apresenta um novo texto introdutório para instruir melhor os fiéis a aprenderem e se aprofundarem mais no que é a "dignidade humana" proclamada pela Igreja.
Papa Francisco permitiu que adúlteros comungassem em pecado mortal?
Essa acusação parte de uma suposta permissão feita no VIII Capítulo da Exortação Apostólica Amoris Laetitia. Este capítulo explora a integração de casais divorciados à Igreja por via de discernimento e direção espiritual sacerdotal.
Alguns críticos do Papa Francisco entendem que essa "integração" inclui dar a comunhão àqueles com vida sexual ativa e sem atendimento do sacramento da penitência.
Mas isso contradiz o conteúdo do próprio documento.
Acusam o Papa de negar a Imaculada Conceição nesse trecho, pois se diz "não se nasce santo, se torna, e isto é válido para eles (São José e Nossa Senhora).
Mas o Papa Francisco reafirma a Imaculada Conceição todos os anos na festividade de 8 de Dezembro, através do Angelus.
Papa Francisco ergueu uma estátua de Martinho Lutero no Vaticano?
Pouco após um evento ecumênico com Luteranos da região da Alta Saxônia em 13 de Outubro de 2016, foram divulgadas fotos mostrando Papa Francisco ao lado de uma estátua de Martinho Lutero no Salão de Paulo VI.
O modo como que fora divulgada faz parecer que a estátua tenha sido algum tipo de homenagem ou memorial a Lutero. Mas a estátua foi apenas temporariamente alocada no Salão para representar a presença de Lutero como líder dos Luteranos durante o evento.