Muito viralatismo sobre o nosso mapa-mundi tem sido dito desde ontem.
As cartografias políticas servem sempre para fins políticos, ora bolas. E é por isso que elas são sempre representações geográficas a partir da perspectiva do emissor interessado. As distâncias, tamanhos, orientações, tudo é politicamente decidido entre incontáveis opções.
Até mesmo a percepção de naturalidade de uma das opções sobre as outras nada tem de natural, isenta ou puramente técnica. O colonialismo ditou as definições dos meridianos, a partir da Inglaterra, e a distorção de proporção a favor do norte.
O mapa-mundi utilizado no Brasil doravante será como muitos dos demais países o fazem: autocentrado.
Se nós estivéssemos estudando na África do Sul, provavelmente esse seria o mapa-mundi mais útil.
Já se estivéssemos no província chinesa de Taiwan, o mapa-mundi encontrado na sala de aula seria este.
Na longínqua Austrália as distâncias pro resto do mundo são melhores visualizadas por este mapa-mundi.
Na terra do Tio Sam, o mundo se centra neles no mapa.
Colado numa parede de escola japonesa encontraríamos este mapa.
Esta versão auxilia tanto estudantes russos como chineses, nossos parceiros do BRICS.
Mas a China usa uma versão que distorce menos que a de Mercator, uma adaptação da Gall-Peters.
O Japão já deixa nas paredes a projeção de Mercator mesmo, embora centrada neles mesmos.
Qual o problema da projeção Mercator? Ela estica e alarga tudo que está nos polos. O gif ajuda a entender como.
O resultado da Mercator é que ela preserva tudo que está próximo ao Equador (ex: Brasil, África) e aumenta o que está no Norte enormemente (Canadá, EUA, Rússia, Europa…) e um pouco do que está no extremo sul.
Na imagem abaixo em azul claro a projeção, e mais escuro o tamanho real.
Ainda tem mais uma “pilantragem”: o mapa não é dividido ao meio no Equador, mas tem dois terços representando o Norte e apenas um terço representando o Sul Global. Por óbvio, mais distorção.
Assim, pra não ficar longo demais, concluo lembrando a premissa: mapas são representações, e como tal expressam a perspectiva daquele que o produz, com mais ou menos correlação física, já que é impossível exatidão numa transposição pro plano de uma esfera.
Que liberais defendam como “natural” uma reorientação que põe no alto e no centro a Europa, com três vezes seu tamanho real, só nos informa de sua persistente colonização mental. Mas que ditos nacionalistas o façam, eu ainda não consigo entender.
P.S: Mais uns mapas pra encerrar: Coreia do Sul, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Indonésia…
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A China já tinha ressalvas ao Brasil como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, por nos considerar demasiadamente submetidos aos interesses dos Estados Unidos. Lula se empenha em diminuir essa percepção, mas todo o antipetismo é subserviente aos EUA.
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O veto à entrada da Venezuela pode ter lançado até sobre Lula e governos petistas a dúvida se pretendem realmente independência ante a geopolítica de Washington, mas principal, desloca o campo de disputa, nessa questão, de petismo e antipetismo para divisão dentro do petismo.
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A China logrou êxito de convencer a Rússia - os 2 membros não-ocidentais com assento fixo no Conselho de Segurança - a vetar a entrada de novos países ocidentais, que já são 3. O Brasil não seria um país ocidental, mas pêndulo entre estes blocos.
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Não é por acaso que os bolsonaristas, os mercenarios da fé, os anti-vax, os apoiadores de Ulstra, os verde-amarelos do pato da Fiesp, o Moro, Kataguiri, Damares, MBL, Malafaia, todos esses estão ao lado de Israel.
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Não é por acaso que os milicianos e traficantes usam Israel como símbolo, que as atrizes reaças do “Cansei”, que a imprensa do golpe, os comentaristas do “Lula preso amanhã”, os que aplaudem medir negros em arroubas, estão do lado de Israel.
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Não é por acaso que os economistas liberais pró corte de gastos, os defensores do Teto de Gastos, da Reforma da Previdência, da Reforma Trabalhista, da Reforma Administrativa, os YouTubers e top voice liberais, todos estão do lado de Israel.
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Israel usa preparado químico como arma contra palestinos. “Skunk” vem sendo lançada contra residências árabes em Jerusalém, Bil'in, Ni'lin, Kafr Qaddum, Nabi Salih e outras.
Sabe o que é skunk?
Mistura orgânica preparada quimicamente, viscosa, que cheira a carne apodrecida, esgoto e cadáver putrefato, causando vertigens, náuseas, vômitos, erupções cutâneas, lesões e sufocamento.
Resiste a dias de lavagem (e anos sem) e só possui um antídoto, não vendido aos palestinos.
Criado em 2008, a arma já foi alvo de denúncia da Anistia Internacional, Médicos para os Direitos Humanos (PHR), Rede Internacional de Organizações de Liberdades Civis (INCLO), União Americana das Liberdades Civis (ACLU), B'Tselem e Associação dos Direitos Civis em Israel
Há 20 dias o maior morticínio de vidas humanas, com cenas dantescas de horror e barbárie contra vulneráveis deste século é transmitido ao vivo de uma área de cerca de 40km por 10km enclausurada.
O CS-ONU é presidido pelo Brasil.
Após 1 proposta russa e uma brasileira, as questões que entravam são sobre (1) o direito de defesa e (2) a caracterização como terrorismo.
(3) cessar-fogo e (4) corredores humanitários são impasses decorrentes dos 2 primeiros.
Vamos analisar 1 e 2 e seus detalhes.
1. Países como 🇺🇸🇬🇧🇫🇷🇨🇦🇮🇱 entendem que um Estado atacado por terroristas tem o direito de se defender;
Países como 🇧🇷🇨🇳🇷🇺🇵🇸 e 50 outros entendem que o direito de defesa não pode estar fora dos limites da ONU.
Isso é conciliável: direito de se defender dentro dos limites da ONU.
Algumas diferenças importantes entre os candidatos no segundo turno argentino.
Massa, historicamente de centro, quiçá centro-direita, moveu-se rapidamente para a centro-esquerda.
Isso está visível em suas falas e propostas.
Enquanto Milei se apresenta como presidente da liberdade, Massa se diz o presidente do trabalho e da seguridade social.
Milei enfatiza a liberdade individual e Massa repete “somos uma Argentina solidária” e “somos um país que abraça a todos e não um país do salve-se quem puder”.
Massa passou longe de qualquer debate pós-moderno e priorizou a economia, mesmo ante todo o discurso liberal da imprensa que esconde a dívida macrista.
Há algo curioso: a campanha peronista fez uma defesa de valores tradicionais e de esquerda a um só tempo.
Há uma semana tenho dedicado 100% do meu tempo pra denunciar o apartheid e o genocidio.
Com ascendência judia-alemã, sei qual lado estarei nas páginas da história.
Quero agora destacar, pra quem ainda se interesse em refletir, sobre 2 consequências do que está acontecendo:
1) A divisão geopolítica cada vez mais clara; 2) O backlash antissionista.
1. A reunião do mesmo lado (de Israel e contra a Palestina) dos mesmos que perfilaram do lado de Kiev contra Donbass (e depois contra a Rússia) deixa evidente um lado OTAN anti-Oriente.
Israel foi uma colônia criada pelo Reino Unido, em parceria com EUA e parte da Europa, transformada em base avançada no Oriente Médio. Uma base não só militar, mas étnica, cultural. A OTAN e o G7 são as instituições que melhor representam esse bloco de poder.