Sabia que dá para rastrear quando Gilmar Mendes se voltou contra a Lava Jato?
Se buscar no Google com filtro de data, verá que até 19 de agosto de 2016 ele só elogiava a operação.
Preste atenção especial na primeira notícia. 🧶
Foi quando Moro divulgou áudios entre Lula e Dilma, e Gilmar concedeu uma liminar impedindo Lula de assumir o ministério.
Para você ter uma ideia, a defesa de Lula tinha tanto medo de Gilmar Mendes que pediu a Teori Zavascki para impedir que ele se intrometesse de novo.
Tudo isso mudou em poucos dias.
Em 23 de agosto, Gilmar Mendes chamou Moro de "cretino" por apoiar as 10 medidas contra a corrupção e disse que o cemitério estava cheio de "heróis" como os procuradores da Lava Jato.
Se você fizer o mesmo exercício de pesquisa com filtro de data, verá que, após 19 de agosto de 2016, tudo o que Gilmar Mendes fez foi criticar ou soltar presos pela Lava Jato.
Limitei a pesquisa até 2018 para evitar resultados recentes.
O que aconteceu?
Basicamente, o único evento relevante nesse meio tempo foi o primeiro ministro do STF ser citado numa delação da Lava Jato.
No ano seguinte, foi a vez do próprio Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes.
Se você acha que os consensos jurídicos no Brasil existem da reflexão de alguns iluminados sobre princípios abstratos, ou você é jovem demais para lembrar, ou tem memória fraca ou é simplesmente burro; não consegue ligar A com B.
Minha memória é boa e não sou burro.
Agora, um recado para a esquerda: se a coalizão de interesses que sustenta a farsa atual se unir em torno de Tarcísio, por exemplo, nada impede que vocês também sejam alvos de toda a jurisprudência xandônica que apoiaram.
Como a gente só houve falar de aumento de imposto e a carga tributária caiu em 2023? 🧐
Segue 👇
A carga tributária do governo geral (que virou assunto) é o total arrecadado em tributos em todas as esferas, dividido pela renda do país, o PIB.
Primeira coisa: o governo não controla diretamente a carga tributária.
Quer um exemplo? Se todo mundo começar a fumar cigarro, a carga tributária vai aumentar.
Isso mesmo.
Como o cigarro é muito mais tributado que a média dos produtos, ao deixarmos de comprar outras coisas para comprar cigarro, o governo vai arrecadar mais.
A taxação das comprinhas vai DESTRUIR EMPREGOS em setores exportadores.
Como QUALQUER tarifa de importação, essa também vai prejudicar quem exporta.
Pera, como assim? Tributa importação e prejudica exportação?
ISSO MESMO. E TODO ESTUDANTE DE ECONOMIA SABE DISSO. 👇
Do ponto de vista macroeconômico, QUALQUER política comercial que restrinja importação funciona como um imposto sobre as exportações.
Motivo: o câmbio real (cambio nominal corrigido pelos preços internos e externos) é uma variável endógena, que o governo não controla.
Explicação intuitiva:
Eu ganho em R$, mas o exportador chinês recebe em US$. Pra essa transação acontecer, primeiro preciso usar R$ pra comprar US$ - algo que o sistema financeiro faz pra mim na hora da compra.
Toda demanda por importação é também uma demanda moeda estrangeira.
A Polônia recém aberta ao capitalismo era tão pobre quanto o Brasil de Collor. Para os padrões internacionais, ambos de renda média. Isso vale alguns outros vizinhos do extinto bloco soviético.
Ficaram 2x mais ricos no espaço de 1 geração.
3 coisas que a Polônia tinha/teve e que o Brasil não tem:
1) Educação de qualidade
Mesmo sendo tão pobre quanto o Brasil em 1990, A Polônia tinha uma escolaridade idêntica à da Europa Ocidental. Já o Brasil disputava com a África Subsaariana.
Não só escolaridade: testes internacionais nos anos 90, como o TIMSS, mostraram altos níveis de aprendizado (Polônia e outros do bloco). Essa é uma notícia boa e ruim para os socialistas: a boa é que, com doutrinação ou sem, as crianças aprendiam matemática e ciências.
Gente, qual é a lógica de ter isso aqui num balanço do Tesouro Nacional?
Começando pelo óbvio: é uma comparação entre governos. Inclusive, recortam em agosto de 2016 para coincidir com o impeachment.
O primeiro problema é que a informação não é muito relevante.
É óbvio que a média do primário entre 19 e 22 é a pior de todas. Gastamos mais de R$ 500 bilhões só em 2020 no combate à pandemia, por exemplo.
Quem lê um relatório assim geralmente tá interessado na dinâmica ao longo dos anos, não em intervalos que coincidem com governos.
Tem mais: eles fizeram o acumulado somando os resultados nominais de anos diferentes, depois pegaram isso e dividiram pela soma do PIB nominal em anos diferentes.
Faz sentido isso? O certo não seria dividir real/real?
Aliás, por que essa métrica tá aí, pra começo de conversa?
Uma política industrial bem sucedida precisa sobreviver ao teste de Mill-Bastable.
Basicamente, você precisa responder 2 perguntas:
1) O setor será internacionalmente competitivo após a política?
Este PRECISA ser o caso.👇👇
Política industrial que dá certo começa com data para acabar. Se há a possibilidade do setor depender indefinidamente de proteção/subsídio para sobreviver, a política já fracassou na concepção.
Primeiro, porque isso implicaria em destruir valor.
Do ponto de vista estático, uma firma que não sobrevive a preços de mercado provavelmente usa capital e trabalho pior que o restante da economia.
Do ponto de vista dinâmico, um setor incapaz de exportar também está privado das economias de escala associadas ao comércio.