Nos últimos anos 11 em cada 10 jornais especializados, consultorias e "especialistas" em China colocam a dívida pública local como uma bomba destinada a demolir no médio prazo a economia chinesa. Já fui consultado por vários jornais com uma opinião
distinta: a dívida local é parte do "modelo" chinês, uma herança do modo de produção asiático e que a fidúcia da moeda aliada a um sistema financeiro público (que cria moeda fiduciária) e ao fato de as terras serem públicas são condições para a existência de ciclos onde o governo
central simplesmente absorve essas dívidas locais, as liquidam em uma operação contábil simples e abre condições para a continuidade do ciclo econômico em sua plenitude, afinal em primeira e última instância é o "Estado devendo para o Estado" em moeda criada pelo Estado. Minhas
opiniões nunca foram publicadas, dando lugar a visões sensacionalistas e sinofóbicas sobre a questão. Pois bem, o que previu aconteceu. Semana passada o governo aprovou um pacote de US$ 1,4 trilhão, sendo que 60% desse valor será para absorção de
dívidas dos entes locais e outros 40% para operações de buybacks para recompra de terras nas mãos de construtoras gerando possibilidade de ocupação de milhões de apartamentos vazios. Ficam dois recados. 1) não existe um problema fiscal na China e
2) quem analisar a China enquanto uma economia capitalista convencional, estará fadado ao erro. O ponto de partida para qualquer análise sobre a natureza e as contradições de determinada dinâmica de acumulação é a questão da propriedade. Na China não é a propriedade privada.
a geradora de ciclos de acumulação, nem tampouco dos efeitos de encadeamento a serem sentidas por toda a economia, sendo o setor não-público dependente do setor público.
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Oi Khalil, não nos vemos há quase 40 anos. Desde um dia em que em um acidente fatal de carro você nos deixou. Foi um trauma particular muito grande. O acidente ocorreu um dia antes do meu aniversário e sua partida um dia depois. Nossa família passou por diversas
complicações. Nossa mãe teve de voltar a trabalhar para pagar o aluguel e colocar comida em casa. Ela voltar a trabalhar no mesmo local que você a conheceu. Foi muito duro a ela e nós sentimos na pela todas as privações possíveis e a dor de ter nossa mãe naquele trabalho.
Te confesso que durante muito tempo senti raiva de você. Não te perdoava por não ter nos entregue ao menos um lugar para morar e por ter deixado fazer nossa mãe voltar a trabalhar naquele lugar. Por muito tempo faltou paz e comida em casa. Mas nunca faltou carinho da nossa mãe.
Por motivos de trabalho, livro sendo escrito e saúde mental tenho evitado emitir opiniões em redes sociais. Mas não poderia deixar de me sentir ofendido com a forma como o Sacani, a quem já defendi aqui referiu-se recentemente sobre a China. O primeiro ponto é a sinofobia
Trata-se de uma forma de racismo tão desprezível quanto qualquer outra e cada vez mais comum. Está se tornando estrutural na medida em que a mídia, a academia, a sociedade e o Estado vão absorvendo tranquilamente isso. Vejo nas redes tuiteiro que se julga intelectual, sem
mestrado e sem artigos publicados falar da China como se fosse um expert. Típico de liberal arrogante da zona sul do Rio: racista. O que Sacani e outros não entendem é que a China, e seu Partido Comunista, foi protagonista da maior revolução anticolonial da história. Daí eu
Cada vez menos vcs irão me encontrar por aqui. Os motivos são vários, mas um é o principal: tocar adiante o projeto iniciado com Alberto Gabriele de um volume 2 de "China: o socialismo do século XXI". Além da revisão do escrito de 2021, maiores aportes teóricos
deverão ser postos em circulação, incluindo a possível superação, em andamento na China, do valor como núcleo de uma sociedade baseada na mercadoria pelo "projeto indutor de utilidade", que a mim é o núcleo de uma sociedade socialista. O levantamento de evidências empíricas está
a todo vapor. O foco será mais na relação entre "projetamento novo" e governança sob o socialismo. Alberto Gabriele é insubstituível, mas o australiano Roland Boer aceitou enfrentar esse desafio. Sobre as redes em si, sem críticas. Quem quer se comunicar e espalhar opinião deve
As chamadas "Duas Sessões" está em andamento na China. Trata-se de um processo que culmina com um ano inteiro de intensas atividas nos níveis de aldeia, distrito, municipalidade, provincia etc e que mobiliza centenas de milhões de
chineses. São mais de 3000 propostas que chegam "de baixo para cima" e são discutidas por comissões durante o ano e sistematizadas para os dez dias de sessão do parlamento chinês. Esse ano novidades veio da "questão social" com ampliação de direitos dos trabalhadores migrantes e
aumento de 7,2% nas receitas com defesa, geração de 12 milhões de empregos para 2024 e um crescimento econômico de 5%; maior que os necessários 4,7% para alcançar os objetivos postos para 2035; o que já tem conseguido muito bem:
Assisti agora um vídeo de 25 minutos onde dois economistas do mercado financeiro comentam sobre a economia chinesa. Trecho de um podcast. Um deles, inclusive, famoso espalhador de ódio nesta rede. Meu problema não é a visão de mundo diferente. O problema
não é meu se a poupança é a explicação que eles tem para tudo num país onde o papel do sistema financeiro de longo prazo é impressionante. O problema é como podem ser tão ignorantes a ponto de não entregar nenhuma impressão de que estão falando de algo que conhecem. No limite
dizem que é difícil (pasmem) informações sobre a China. Existem centenas de sites de consultorias (Gavekal, Caixin Global etc) com estudos de profundidade sobre a China, o que torna inaceitável se falar desse país - ainda mais o pessoal que acredita que o mercado financeiro é
É cada vez mais comum a utilização da noção de "imperialismo chinês" para definir suas relações com a periferia, e principalmente com a África. Nisso também a extrema-direita do Partido Republicano e os marxistas acadêmicos/ocidentais tb
coincidem. Mas o que seria o imperialismo e o imperialismo hoje? Algo estático e preso ao que Lênin percebeu no movimento real em seu tempo ou uma forma histórica que absorve o conteúdo anterior, se alimenta de novas regularidades? Acredito na segunda hipótese e chamo à reflexão.
Existe uma imensa contradição hoje no mundo. O poder do capital financeiro dos EUA e a multiplicidade de Estados Nacionais. A realização deste capital financeiro depende da liberalização das contas de capitais e de comércio de mais de cem Estados Nacionais. Para isso, não somente