Thread by @hugotiago_

Fui rever a primeira parte do jogo com o Estrela e a conclusão a que cheguei foi a que inicialmente havia ficado, isto é, que em grande medida os problemas do Porto decorreram de uma falta de organização defensiva colectiva não aceitável a este nível.
Vejamos estes exemplos:

Vejam o Porto a sair a jogar. Estrela com 6 homens na frente a pressionar a saida de bola do Porto. Claramente trabalhado, a convidar o Porto a bater longo onde o Estrela estava muito preparado para ser agressivo nos duelos e segundas bolas.

Vejam o espaço enorme entre os homens do Porto mais recuados e os demais. Estes ultimos nem aparecem na imagem.
Daqui vai resultar o segundo lance claro de golo do Estrela (ainda que o primeiro o jogador do Estrela pareça em fora de jogo). Estavamos com 6 minutos.

O Claudio Ramos em vez de jogar no Marcano para que este pudesse, ao atrair o homem do Estrela, meter no Moura e este progredir com espaço pela lateral, mete na frente sem critério.

O Estrela ganhou a segunda bola e este portador vai colocar no Alan Ruiz. Vejam como o Alan Ruiz está completamente solto e sem marcação.

Seguimento do lance: o Alan Ruiz recebe sozinho e enquadra. Vejam bem a linha defensiva do Porto. Neste momento está com 3 linhas. Uma onde está o Joao Mario, Ze Pedro e Eustaquio. Outra onde está o Moura e outra ainda mais atras onde está o Marcano.

Vejam onde a bola entrou: nas costas dos centrais onde aparece o jogador do Estrela vindo de trás, que se isola e não faz golo por acaso.

Neste tipo de lances em que o portador está enquadrado e sem ninguem em cima a tapar-lhe a progressão, os centrais têm que começar a baixar para defender a profundidade. Chama-se bola descoberta. Isto porque se não o fizerem, correm o risco de o portador da bola meter-lhes a bola em alguem que esteja a entrar nas costas. Vejam no print screen como os apoios dos pés do Eustaquio e do Ze Pedro estão ao contrário do que impunha o movimento correcto. É tipico de quem não sabe o que fazer nestes lances.

Aos 23 minutos outro lance que expõe a terrível organização defensiva do Porto.
Fábio Vieira perde a bola. O portador do Estrela com a bola vai enquadrar solto e sem oposição. A linha defensiva do Porto não existe. Enorme espaço entre Eustaquio e Marcano. O jogador do Estrela que aparece junto a Varela (em cima à direita) já percebeu onde está o espaço para entrar na profundidade. Vai fazer o movimento na diagonal entre os centrais.

A bola é metida precisamente nas costas de Eustaquio onde está a entrar o jogador do Estrela. Valeu nesse lance o corte in extremis de Marcano mas era um lance bastante prometedor onde o jogador do Estrela até dispunha de condições para fazer melhor.

Golo do Estrela. O médio coloca a bola na frente sem critério e a mesma, por mero acaso, vai na direção do jogador do Estrela que está à frente de
Marcano, que a desvia de cabeça para a frente, vindo a isolar Kikas que está já em movimento de ir buscar a profundidade e as costas dos centrais.
A linha defensiva do Porto volta a não existir.
Veja-se a linha onde está Ze Pedro, Eustaquio e Marcano.
Eustáquio e Marcano que já deviam estar com os apoios virados para irem defender a profundidade, não estão.

Uma equipa para estar mais perto do sucesso tem que ter princípios muito bem trabalhadados em termos de organização defensiva pois se não sofrer nem permitir que o adversário crie, estará sempre mais perto de um resultado positivo.
Com 3 meses à frente do FCP e semanas limpas de treino, já não esperava ver estes erros defensivos colectivos do FCP de Anselmi.

Isto, mais do que a qualidade individual dos jogadores, é trabalho colectivo de treino.
Procurei perceber como se comportava a equipa do Cruz Azul nestes momentos defensivos e o que vi é que os comportamentos da equipa e dos jogadores não eram muito diferentes, tendo até muitas semelhanças no mesmo tipo de erros:

Já vi equipas que não são de excelência a defender a ter sucesso. O caso mais paradigmático era o Real Madrid mas aí havia qualidade individual muito acima da média.
Este tipo de comportamentos defensivos colocarão sempre a equipa em muitas dificuldades contra adversários que saibam e disponham de ferramentas para ferir o Porto.
Já no jogo contra o Benfica, sobretudo no terceiro golo, havia ficado patente que o comportamento da linha defensiva não dá a resposta adequada ao momento do adversário com bola (quando Di Maria puxa a bola para dentro para procurar meter o cruzamento, a linha defensiva deveria automaticamente ter subido a linha e Nehuen fez o contrário).