Arlindo da Cruz Filho nasceu em 1958. É filho do músico Arlindão, quem teve no subúrbio carioca uma das principais rodas de samba do Rio: o famoso PAGODE DO ARLINDO. O filho deu sequência ao reduto do pai por anos, lá no bairro de Cascadura.
Arlindo substituiu o pai como cavaquinista do lendário Antônio Candeia logo no início de sua carreira. Foi nessa fase que se deu sua grande formação como bamba, quando foi atravessado pela obra de Pixinguinha, Ataulfo, Gerado Pereira e outros mestres.
Saindo de lá, começou a frequentar a roda de samba do Cacique de Ramos, na qual conheceu grandes músicos. Destacando, dois deles foram super importantes na vida do Arlindo: Sombrinha e Zeca Pagodinho, incríveis poetas que embalam as rodas desde a década de 70!
Arlindo conseguiu mostrar seu talento durante as brechas e os intervalos do Cacique de Ramos, tendo a chance de entrar para a segunda formação do grupo Fundo de Quintal. Foi nesse momento que conheceu seu principal aliado: o banjo!
Fominha do jeito que era, rodava todos os cantos do Rio atrás de rodas de samba junto com grandes parceiros como Zeca, Almir, Luiz Carlos da Vila, Cleber Augusto e outros mais. Fez grandes sambas dentro de ônibus pedindo trocado ou na porta do boteco até o dia clarear.
Após sua saída do Fundo de Quintal, Arlindo concretizou uma parceria de sucesso com o músico Sombrinha e com o Samba de Raiz. As músicas da parceria fizeram grande sucesso na década de 1990, tocadas em todas as rodas de samba do Rio de Janeiro.
Ainda que os sucessos da década de 90 toquem nas rodas até hoje, Arlindo passou um tempo fora do cenário das gravadoras. Seu retorno se deu junto com Leandro Sapucahy e Marcelo D2. Com o rapper, tem diversas gravações na década de 2000.
Esse retorno serviu para fixas ainda mais seu nome no imaginário da população brasileira, marcado ainda mais pela sua presença na televisão. Autor de vários jingles e cantor de alguns temas de novela, expôs sua maestria como compositor e comunicador. Não é mole, não, meu irmão!
A maestria também ocorreu, evidentemente, no mundo do carnaval! Arlindo é autor de obras que marcaram a história da folia. Seu apuro em compor sobre a vida do trabalhador e do sambista se refletiu em composições geniais ao longo de sua trajetória.
A competência em contar a realidade do povo rendeu sambas marcantes na Vila Isabel. Junto com outros bambas, fez o “Festa no Arraia” de 2013, além do “Samba de lá” de Angola em 2012, por exemplo. Ainda foi campeão na Grande Rio (2008/2010) e no Leão de Nova Iguaçu (2013/2014).
Sua grande marca, porém, foi fincada na Ala de Compositores do Império Serrano. Tendo ganho expressivos onze sambas na Serrinha, Arlindo deixou registrado para sempre seu talento no carnaval com obras emocionantes e históricas no Menino de 47.
“Jorge Amado, Axé Brasil”, “Verás que um filho teu não foge à luta”, “O Império do Divino”, “Dona Ivone Lara: o enredo do meu samba”... Quem nunca se emocionou com os versos de Arlindo na sua amada instituição imperial?
Além disso, ele já foi celebrado ao menos duas vezes pelas passarelas! Em 2015, ao lado de Martinho da Vila e Zeca Pagodinho, foi tema da Curicica no enredo “Os três tenores... do samba!”. Em 2019, recebeu uma emocionante homenagem da X-9 no Anhembi!
Nós não subestimamos um filho de Xangô, assim como amamos um nome fundamental da música brasileira. Arlindo é inspiração, exala poesia e resiste nos holofotes das memórias, com a torcida para que tão cedo possa nos soprar nos palcos... que o show tem que continuar! Viva ele!
📸Créditos das fotos, em ordem:
Bruno Poletti/Folhapress
Divulgação/Jornal Extra
Washington Possato
Raimundo Neto
Selmy Yassuda
Camila Crespo/TV Globo
Reprodução/Tudo de Samba
Reprodução/Sambario
Diego Mendes
Guilherme Rodrigues
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