José de Alencar Profile picture
Cardiologist, Invasive EP. Researcher. Assistant-editor @jelectrocardiol. Evidence based medicine advocate.

Sep 26, 2020, 8 tweets

Flutter atrial. Um fato e quatro mitos (o último é surpreendente)

É uma arritmia em que uma frente de onda se perpetua pelo átrio direito a uma velocidade de 300 rpm.
O nó AV não aceita isso, deixando passar 1 a cada 2 ondas.

Fato: arritmias de 150 bpm tem que pensar em flutter

Mito 1: se o ritmo for irregular, não pode ser flutter, tem que ser FA.

O flutter pode ser irregular. Para que isso ocorra, basta que o nó AV aceite irregularmente essas tais frentes de onda: às vezes 1 a cada 2, outras vezes 1 a cada 3…
É exatamente o que ocorre nesse ECG:

Mito 2: Se houver alguma linha isoelétrica (reta) entre os batimentos, é taquicardia atrial e não flutter.

Primeiro que flutter é uma taquicardia atrial. Segundo que são ESPERADAS linhas isoelétricas nas precordiais.
Observe o dente de serra em D2/D3/aVF, mas linhas retas em V1.

Mito 3: Se não tiver dente de serra, não é flutter.

O diagnóstico de flutter x taquicardia atrial é eletrofisiológico (invasivo). O flutter pode não ter o famoso dente de serra, como no exemplo abaixo (em D2,D3 e aVF não tem)
Precisa de olho bem treinado pra pegar esse flutter

Mito 4: Não existe fibriloflutter.

Esse é um mito difundido por quem não faz eletrofisiologia. A verdade é que por ECG não se vê, mas eletrofisiologicamente existe até mesmo o sino-flutter (ritmo sinusal, mas uma área do átrio em flutter, como na linha amarela da figura abaixo).

A figura do tweet anterior foi capturada durante uma ablação de flutter atípico de átrio esquerdo e isolamento de veias pulmonares em paciente com FA e flutter. Uma zona específica do átrio esquerdo tinha micro-flutter, bloqueado do restante do átrio pela minha ablação.

É uma mistura de eletrocardiogramas (duas linhas superiores verdes) com eletrogramas (registros elétricos intracardíacos). E também com um mapa tridimensional desenhado pelos cateteres navegando no coração. É assim que o eletrofisiologista diagnostica e trata as arritmias.

Em meu livro de ECG, há um tutorial para reconhecer (ou suspeitar de) flutters “difíceis”, de como saber se é um flutter típico ou atípico, se é do átrio esquerdo…

E adivinha? Só nele.

sanarsaude.com/livro/manual-d…

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