Thiago Süssekind Profile picture
Mestrando em Políticas Públicas na Universidade de Oxford (2024-2025). Advogado pela UERJ. Líder estadual do Acredito-RJ (2020-2022). Torcedor do Fluminense.

Sep 28, 2020, 9 tweets

Como o @salimmattarBR está se dedicando a mostrar o suposto legado maldito de uma “social-democracia” que abrange de Collor e Temer a Dilma e Lula, que tal falar sobre o que a ditadura militar – idolatrada pelo seu ex-chefe – nos deixou? Vamos lá:

1. Em primeiro lugar, a Comissão Nacional da Verdade, em seu relatório final, reconheceu 434 mortes e desaparecimentos políticos. Não é só isso. Um documento da CIA de 1974, por exemplo, mostra que se reconhecia 103 mortes só em 1973. Geisel orientou que a política continuasse.

2. A orientação foi dada após o fim dos Anos de Chumbo. É um demonstrativo de que o número real de execuções é maior, assim como a questão das mortes não contabilizadas de indígenas, ignoradas frequentemente. A democracia, com a garantia de direitos fundamentais, preserva a vida.

3. Já a tortura era instrumentalizada pelo regime. Ao menos 6 mil pessoas passaram pela experiência mais degradante que um ser humano pode passar. Pau-de-arara, estupro, empalamento... O crime de Persio Arida foi pendurar um cartaz; de Miriam Leitão, distribuir panfletos.

4. A inflação média no Brasil foi de 64,5% ao ano entre 1964 e 1985. Além disso, a adoção da indexação econômica, o ajuste automático de preços com base na inflação passada, contribuiu para o período de hiperinflação que a democracia teve de enfrentar nos seus primeiros anos.

5. A população, sem liberdade de expressão e política, teve que aceitar calada o arrocho salarial. Entre 1964 e 1985, o salário mínimo caiu 50% em valores reais. O poder de compra foi reduzido drasticamente. Foram precisos 30 anos para recuperar o poder salarial dos mais pobres.

6. A desigualdade disparou no período ditatorial e Pedro Henrique Souza diz que os acontecimentos de 1964 não podem ser menosprezados como fator de inflexão para o fenômeno. O 1% mais rico concentrava entre 15 e 20% de toda a renda nacional em 1964. Em 1985, o número era de 30%.

7. Embora tenha havido crescimento do PIB, a posição relativa do Brasil no ranking de PIB per capita mundial mudou muito pouco. En 1963, o Brasil era o 61° dentre 92 países. Em 1985, por sua vez, o país ocupava a 103ª posição dentre 149. Na média para 92, algo como a 66ª posição.

8. Entre 1964 e 1985, 168 deputados tiveram mandatos cassados. Só o Ato Institucional nº 1, editado dez dias após o golpe, ceifou os mandatos de 40 parlamentares. O Congresso foi fechado 3 vezes. Havia censura, de modo que não havia liberdade de imprensa nem de expressão.

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