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Apr 1, 2021, 24 tweets

Como já começa a ser hábito, os dados que dão origem a certas decisões não são divulgados previamente e podem criar alguma confusão.
Hoje foi apresentado um mapa onde constam 19 concelhos que têm mais de 120 casos por 100k habitantes a 14 dias.
Vou abrir uma thread:

O critério anunciado, aquando da apresentação da matriz de risco, definia que os concelhos que teriam que ver o seu desconfinamento parar, ou até regredir, tinham que apresentar um crescimento sustentado nas últimas três semanas acima dos 120 NCC100K14D*

Ninguém informou que essa avaliação não começava aquando do anúncio do mesmo critério. Isso apenas ficámos a saber hoje, com o anúncio de que até os concelhos que não cumprem os critérios irão desconfinar como todos os outros.

Voltando ao mapa apresentado hoje, onde constam os tais 19 concelhos, infelizmente não consta o intervalo temporal a que se referem as incidências apresentadas genericamente: acima de 120 e acima de 240 NCC100K14D*

Usando a informação pública disponível (Relatório da DGS 29MAR2021) que publicou os NCC100K14D* por concelho para o período de 10/03/2021 a 23/03/2021 observam-se discrepâncias que não são simples de explicar. Vamos concelho a concelho:

Alandroal: Este concelho aparece no mapa hoje apresentado como tendo entre 120 a 240 casos.
A evolução do concelho tem sido decrescente, e no último relatório tinha 20 casos por concelho. O que é que se passou no Alandroal entretanto seria importante de saber.

Albufeira tem vindo a crescer, como se pode observar no gráfico, mas com base nos últimos dados publicamente disponíveis ainda não estava no grupo dos "entre 120 e 240 casos". Também não sabemos se está a subir muito ou pouco.

Beja é faz também parte do grupo que, segundo o mapa apresentado hoje, está "Entre 120 e 240 casos", mas com os dados disponíveis tinha uma incidência a 14 dias nos 80 casos, e uma tendência decrescente. Crescimento em confinamento não deveria ser uma red flag?

Borba vinha com uma tendência crescente há 3 semanas. Estando hoje no grupo "Entre 120 e 240 casos" apenas quer dizer que não se conseguiu travar a tendência crescente, do último mês, naquele concelho, e não sabemos se o ritmo de crescimento abrandou, ou não.

Seguindo, por ordem alfabética, encontramos Carregal do Sal, que no relatório de 16MAR2021 tinha 0 casos, passou para 97 na semana seguinte, e agora aparece com mais de 240 casos, não se sabendo bem ao certo quantos são. Mesmo assim vai passar à 2ª fase de desconfinamento?

Cinfães, segundo os dados (não) apresentados hoje desceu a taxa de incidência? Não sabemos. O intervalo "Entre 120 e 240" aqui não nos serve para absolutamente nada, pois os últimos dados públicos colocavam o concelho com uma taxa de incidência de 197 casos.

Na Figueira da Foz (hello @KatKatrinaNeves!) temos exactamente o mesmo problema: desceu? subiu? Ninguém sabe porque os dados não são públicos.

No caso de Figueiró dos Vinhos sabemos que desceu. Só não sabemos se desceu acentuadamente, se desceu ligeiramente, ou se desceu mais ou menos. É à vontade do freguês, mas não devia ser.

Lagoa, no Algarve, pode estar a ter uma descida ligeira, uma subida ligeira, ou uma subida que deveria fazer soar os alarmes em algum lado. Vou repetir-me (já que ninguém está a ler isto): não se deveriam apresentar mapas de risco sem as respectivas incidências.

Na Marinha Grande, a tendência - seja qual for a incidência real e o período a que se refere - desceu.

Moura é um caso "interessante" porque tem vindo a subir de uma forma sustentada nas últimas semanas e, com o intervalo apresentado hoje, ficamos sem saber se o problema está resolvido (a descer) ou se continua a crescer a taxa de incidência. Dados, precisam-se!

A situação em Odemira é a mesma de Moura: tem vindo a crescer sustendamente durante 3 semanas, e agora tem uma incidência ">240 casos" que podem indicar um decréscimo ou a manutenção da subida verificada. E a que período se referem os dados do GOV?

Os dados das semanas anteriores levam a crer que Penela tem estado numa tendência decrescente nas últimas semanas (mas também pode ser que tenham mantido ou visto a sua taxa de incidência subir). Já vos disse que são precisos dados, não intervalos?

Agora vamos lá a Portimão, concelho onde se chegou equacionar juntar - uma vez mais - uma batelada de gente: o concelho apresenta uma tendência crescente que deveria ser motivo, porque há um critério, para não passar à 2ª fase de desconfinamento.

Ribeira de Pena passou dos 0 casos para 83 e aparece agora no grupo dos concelhos com mais de 240 casos. Será que os surtos que aconteceram a 28 de Janeiro ainda não foram controlados?

Rio Maior pode ter contrariado a tendência de subida que apresentava nas últimas duas semanas, pode ter mantido os seus números, ou pode ter continuado a tendência crescente. De qualquer modo será aconselhável passar à 2ª fase com este tipo de números?

Tal como Rio Maior, Soure pode ter contrariado ligeiramente a tendência de subida que vinha a registar há três semanas, ou pode ter continuado a subida sustentada pela quarta semana consecutiva. Preocupante.

Alguma coisa se passa em Vila do Bispo excepto se formos ao site da Câmara Municipal onde a última entrada sobre o tema #COVID19PT é de dia 12FEV2021.

Por último Vimioso que nas últimas duas semanas tinha os seus novos casos estabilizados, mas agora vê um crescimento muito acentuado de casos, sejam apenas 120 ou 240.

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