Nuno Aguiar Profile picture
Jornalista da Visão e da Exame

Apr 6, 2021, 13 tweets

É o décimo aniversário do pedido de resgate português, anunciado por José Sócrates. O que mudou na forma como o Estado gasta o dinheiro?
visao.sapo.pt/exame/macro/20…

É o menos interessante, mas é obrigatório começar por aqui. A evolução do saldo orçamental desde 2010, de um défice de dois dígitos até ao primeiro excedente da democracia

O debate em Portugal é sempre focado nos impostos, mas é fácil ver de onde veio o ajustamento nos últimos anos. À esquerda, a despesa pública. À direita, as receitas. O controlo dos gastos foi *a história* da redução do défice

Para mim, a análise mais interessante é sempre às funções do Estado. Por exemplo, nós gastávamos mais com Defesa do que a média do euro. Essa despesa tem caído e está hoje abaixo da Zona Euro

Em relação a segurança (polícia, tribunais, prisões), também ficámos alinhados com a média do euro

Um dos ajustamentos mais relevantes ocorreu na saúde que, apesar de uma ligeira recuperação nos últimos anos, continua abaixo da média do euro e do nível pré-crise

Outro veio da Educação. Em 2010, estávamos muito acima da média do euro. Hoje, estamos abaixo, depois de uma quebra significativa. Fonte da poupança: investimento e massa salarial

O gráfico da Cultura, só para deprimir.

Por último a rubrica mais relevante: apoios sociais. Eles continuam abaixo da média do euro (notam um padrão?), mas há movimentos contraditórios numa categoria tão grande. Gastamos muito menos com subsídios de desemprego, mas a despesa em pensões com velhice continuou a aumentar

Se sairmos da lógica funcional, há outras conclusões interessantes a tirar da evolução da despesa. Talvez o mais debatido seja o investimento público

A comparação com 2010 seria sempre complicada. Foi o ano de maior investimento público desde 1997 (expo, ponte vasco da gama). Mas nestes últimos anos nem sequer se chegou ao nível de 2015

Menos discutido, mas igualmente relevante tem sido a evolução da despesa com juros da dívida pública. Continuamos a gastar mais do que a média, mas muito menos do que em 2012-2014

Por último, talvez a maior diferença face à média da zona euro continua a estar aqui: o nível de endividamento público

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