É o décimo aniversário do pedido de resgate português, anunciado por José Sócrates. O que mudou na forma como o Estado gasta o dinheiro? visao.sapo.pt/exame/macro/20…
É o menos interessante, mas é obrigatório começar por aqui. A evolução do saldo orçamental desde 2010, de um défice de dois dígitos até ao primeiro excedente da democracia
O debate em Portugal é sempre focado nos impostos, mas é fácil ver de onde veio o ajustamento nos últimos anos. À esquerda, a despesa pública. À direita, as receitas. O controlo dos gastos foi *a história* da redução do défice
Para mim, a análise mais interessante é sempre às funções do Estado. Por exemplo, nós gastávamos mais com Defesa do que a média do euro. Essa despesa tem caído e está hoje abaixo da Zona Euro
Em relação a segurança (polícia, tribunais, prisões), também ficámos alinhados com a média do euro
Um dos ajustamentos mais relevantes ocorreu na saúde que, apesar de uma ligeira recuperação nos últimos anos, continua abaixo da média do euro e do nível pré-crise
Outro veio da Educação. Em 2010, estávamos muito acima da média do euro. Hoje, estamos abaixo, depois de uma quebra significativa. Fonte da poupança: investimento e massa salarial
O gráfico da Cultura, só para deprimir.
Por último a rubrica mais relevante: apoios sociais. Eles continuam abaixo da média do euro (notam um padrão?), mas há movimentos contraditórios numa categoria tão grande. Gastamos muito menos com subsídios de desemprego, mas a despesa em pensões com velhice continuou a aumentar
Se sairmos da lógica funcional, há outras conclusões interessantes a tirar da evolução da despesa. Talvez o mais debatido seja o investimento público
A comparação com 2010 seria sempre complicada. Foi o ano de maior investimento público desde 1997 (expo, ponte vasco da gama). Mas nestes últimos anos nem sequer se chegou ao nível de 2015
Menos discutido, mas igualmente relevante tem sido a evolução da despesa com juros da dívida pública. Continuamos a gastar mais do que a média, mas muito menos do que em 2012-2014
Por último, talvez a maior diferença face à média da zona euro continua a estar aqui: o nível de endividamento público
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A taxa normal de IRC é de 21%, mas 17% nos primeiros 50k de lucro tributável de micro e PMEs. Para empresas que do interior, a taxa reduzida é de 12,5%. Acrescem a derrama municipal (até 1,5%) e uma sobretaxa (derrama estadual) para lucros acima de 1,5 milhões (3% a 9%)
O IRC é o 3º maior imposto em 🇵🇹, representando 13,7% da receita fiscal, 9,5% da despesa corrente primária e 3,4% do PIB. A importância do IRC na receita fiscal e no PIB está próxima da média do 🇪🇺, tal em termos de capacidade de financiamento da despesa pública
Boa thread. É frustrante este debate sobre como encontrar um sistema fiscal que responda a níveis elevados de desigualdade: não fazemos porque não é boa política ou não fazemos porque não é possível? Difícil argumentar pela 1ª, começamos a ter mais ferramentas para resolver a 2ª
Lá pelo meio é referida a expressão "buy, borrow, die". Não sei se a generalidade das pessoas conhece os mecanismos disponíveis aos ultra-ricos para evitar impostos, mas este vídeo explica bem
O INE divulgou hoje uma importante publicação sobre o parque habitacional português. Há várias conclusões relevantes, mas saltam à vista as assimetrias regionais. Primeiro: evolução do nº de famílias vs nº de casas. É fácil ver onde há desalinhamento
Com a promessa de que não se irá recandidatar, já podemos avaliar o que representou o "Costismo" para as contas do Estado
Como encontrou e como deixa António Costa o Estado [em bué de gráficos] visao.pt/exame/analise/…
A coisa mais engraçada nestes exercícios é olhar para os grandes agregados. O debate público é quase exclusivamente dominado pelo que acontece do lado da receita (impostos, impostos), mas o slogan das "contas certas" nasceu de um controlo férreo da despesa
É verdade que a carga fiscal tem renovado máximos, fruto da decisão de não inverter o "enorme aumento de impostos". Mas o mais interessante é olhar para a recomposição fiscal. Mais peso de IVA e contribuições, menos do IRS. Alguns movimentos engraçados entre os pequenos
Como assim o Estado não tem limites *financeiros* para aquilo que pode gastar? Nos últimos meses talvez já tenham ouvido falar de MMT, a teoria económica minoritária-mas-cada-vez-mais-influente do momento. Acho que este não é um mau resumo do que defende visao.sapo.pt/exame/analise/…
Quando a @AOC falou de MMT há dois anos percebeu-se que ela estava a ganhar influência nalguns segmentos da esquerda americana businessinsider.com/alexandria-oca…
@AOC Mas foi a publicação de Deficit Myth no ano passado que acelerou o reconhecimento de debate sobre a teoria. A autora, Stephanie Kelton, era uma das economistas de topo dos democratas no Congresso e conselheira nas corridas presidenciais de Bernie Sanders publicaffairsbooks.com/titles/stephan…
Um novo estudo mostra aquilo que muitos já argumentavam: a ideia de que impostos mais baixos para os ricos ajuda a criar riqueza para os mais pobres não é verdadeira. “É seguro dizer que [a economia “trickle-down”] é um mito” visao.sapo.pt/exame/2021-04-…
*GRÁFICOS*
A evolução das taxas marginais de IRS em alguns dos países mais ricos do mundo