Luiza Caires - jornalista de ciências Profile picture
Editora de Ciências do Jornal da USP #SciComm 🏳‍🌈 ela/a

Apr 15, 2021, 14 tweets

Estudo publicado hoje na Science descreve a rápida dispersão geográfica do vírus no Brasil na primeira fase da pandemia. E alerta para uma possível repetição de padrões no presente – mas com a P.1 adicionada ao cenário, deixando no mapa traços ainda mais trágicos

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A pandemia no Brasil desenhou uma rota com rápida disseminação de casos e óbitos por covid-19 no País como um todo, mas uma variação de padrões entre estados e municípios que refletiu a diversidade das políticas de contenção – ou ausência delas.

Saindo do Sudeste, com o início em SP, para os graves surtos no norte e nordeste, e depois de volta ao Sudeste, chegando ao Sul. Assim, a rota do vírus pode ser comparável, mas deixará um número mortes que pode ser “intolerável”, nas palavras dos autores.

“O fracasso em evitar essa nova rodada de propagação facilitará o surgimento de novos variantes, isolará o Brasil como uma ameaça à segurança da saúde global e levará a uma crise humanitária completamente evitável”, alerta o texto, que tem @marciacastrorj como primeira autora.

Destaque negativo no estudo, o estado do Rio de Janeiro exibiu alguns indicadores piores que o Amazonas, por exemplo, apesar do RJ contar com melhor infraestrutura, dispondo de mais que o dobro de leitos por habitantes que o AM.

O caos político comprometeu uma resposta mais rápida e eficaz, lembrando que neste período as lideranças ficaram imersas em denúncias de corrupção, com o governador destituído e o secretário da Saúde trocado por 3 vezes entre maio e setembro de 2020, um deles sendo preso.

Já o Ceará, que quase chegou ao colapso do sistema hospitalar, e teve a circulação silenciosa do vírus mais de um mês antes do primeiro caso relatado oficialmente, teve rápida interiorização dos casos, mas em menor velocidade que dos óbitos.

Isso sugere que, mesmo com a disseminação contínua do vírus, as ações locais foram bem-sucedidas na prevenção de mortes.

Para @lorenagbarberia , o estado é um destaque positivo pois, comparado a outros, reagiu de forma mais rígida.

Foi construído um pacote de medidas mais coerentes e articuladas e elas foram mantidas por 3 semanas. “Ele começa como um caso muito preocupante, mas por ter reagido desta forma em maio, conseguiu reverter a evolução da pandemia em seu território".

Quanto à resposta federal, o artigo relata como “uma combinação perigosa de inação e irregularidades, incluindo a promoção da cloroquina como tratamento, apesar da falta de evidências”.

Destaca ainda a falta de estratégia nacional coordenada se refletindo em taxas de incidência e ataque muito altas e com peso desproporcionalmente maior entre os mais vulneráveis.

Cada estado definiu serviços essenciais dum jeito. Para alguns, isso incluía cabeleireiro e barbearia. Lorena lembra que a orientação da OMS é que setores essenciais são apenas alimentos e saúde. “Nós conseguimos interpretar casas de construção e igrejas como serviços essenciais”

Se não tivermos medidas coordenadas/coerentes, estaremos numa situação ainda mais preocupante, com número de mortes catastrófico e colapso do sistema de saúde. “Atualmente, com um número altíssimo de casos e mortes, estamos com medidas semelhantes à março de 2020”, lamenta.

Leia mais na matéria de Luiza Caires e Valéria dias no Jornal da USP:

jornal.usp.br/ciencias/rapid…

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