Isaac Schrarstzhaupt Profile picture
Doutorando em Epidemiologia - FSP/USP; Coordenador - Rede Análise; Tutor no ICEPi; TEDx speaker; Pessoa com autismo; O sobrenome pronuncia CHUÁRTI ZÁUPITI!

Jul 13, 2021, 30 tweets

Oi, pessoal! Como estamos vendo aumentos de casos em vários países, concomitantes com a dominância da variante Delta, vale a pena darmos uma olhada nos dados para tentar antecipar quaisquer reversões de tendência de queda. Sigam o fio:🧶 //1

Antes de começar, acho legal lembrar a todos que os gráficos que apresentarei aqui estão acessíveis a todos em nossos painéis, graças ao apoio do @MSF_brasil e do @iserrapilheira! Os painéis podem ser acessados aqui:
- bit.ly/Rede_CasosObit…
- bit.ly/Rede_Mobilidad… //2

A variante Delta, com sua maior capacidade de transmissão, está causando aumentos de casos em vários países e há uma diferença entre esses países: quem está com maior cobertura vacinal está tendo aumento de casos, mas não (tanto) de óbitos. //3

Países como a Dinamarca, Estados Unidos, Grécia e Holanda estão sob a pressão de uma nova onda, mas ainda não estão vendo aumentos de óbitos expressivos. O que eles tem em comum? Uma maior cobertura vacinal (que ainda não está no ideal!), vejam: //4

Já países como a África do Sul, Cuba, Indonésia e Rússia, com uma menor cobertura vacinal, estão vendo aumentos de casos E também de óbitos. //5

Inclusive o próprio Vietnã, que eu mesmo uso como exemplo de poucas mortes para um país de 100 milhões de habitantes, está vendo seus números de óbitos subirem junto com o de casos. Também possui uma baixa cobertura vacinal. //6

Um exemplo de um país pequeno mas com uma grande densidade demográfica é a ilha de Malta. Possui aproximadamente 500 mil habitantes em uma área bem pequena. Vejam a cobertura vacinal, o aumento de casos e o "não aumento" de óbitos: //7

Vendo isso, já conseguimos ter a noção de que, sem as vacinas, estaríamos enfrentando uma nova onda com muitos óbitos em vários países do mundo! Pois bem, e o Brasil? Como estamos? A primeira coisa que temos de entender é o que aconteceu com os números nos últimos dias. //8

No dia 03/07, fiz um "print" do nosso painel pois percebi uma queda abrupta nos casos, um degrau muito forte. Aconteceu também nos óbitos, mas não nessa magnitude. Vejam que foi em todo o país ao mesmo tempo: //9

Aqui Sudeste e Sul, e também o gráfico do site do Ministério da Saúde mostrando a queda abrupta: //10

Passados esses dias, a queda que vínhamos tendo voltou a ocorrer em sua velocidade normal. Como estamos com a entrada da variante Delta em vários estados, o que devemos buscar? Possíveis reversões de tendência! //11

Há diferenças em relação ao passado e é importante deixarmos tudo explícito:
- Temos vacina!💪🙏
- Nossa mobilidade está em níveis pré-pandemia
- Reversões agora podem ser causadas por fatos novos (Delta?)
- Proporção entre casos/óbitos muda de acordo com cobertura vacinal //12

Essa queda abrupta que mostrei nos tweets 9 e 10 do fio deixam a reversão mais difícil de ver, mas podemos analisar como vinha a velocidade de queda há 30 dias atrás, e como vem a velocidade de queda hoje, e tentar ver se a queda está freando (primeiro sinal de reversão) //13

Vamos ver a região Centro Oeste, por exemplo. Supondo que aquela queda abrupta é um artefato, algum problema de represamento de dados, podemos ver um leve indício de uma possível (ênfase no possível) reversão: //14

É algo bastante inicial, um alerta leve, mas que já deve nos deixar a postos. Nossa cobertura vacinal indica que poderemos ter, sim, aumento de hospitalizações e óbitos caso aconteça o que está acontecendo nos países de baixa cobertura vacinal. Vejam as outras regiões: //15

Quais estados me preocuparam mais: BA e ES (reversão visível na taxa de crescimento e aumento/fim de queda nos sintomas da pesquisa da Universidade de Maryland + Facebook): //16

MT também preocupa pelos mesmos motivos: //17

No RS, há uma mudança nos dados de sintomas da pesquisa da Universidade de Maryland/Facebook que praticamente não aparece (ainda) nos gráficos, a não ser uma redução leve da velocidade de queda: //18

SP ainda não apresenta redução na velocidade de queda, mas já apresenta um fim de queda (na média móvel de 7 dias apenas...na de 14 dias ainda não) de sintomas: //19

O RJ é um exemplo (não no bom sentido) de como é "conviver com o vírus", dá pra ver bem isso ao analisarmos os dados de sintomas e a curva de casos. É sempre alto e constante: //20

Em que situação estamos? Com os primeiros casos (detectados, lembrem-se disso) da variante Delta aparecendo em vários estados, podemos estar vendo aqui no Brasil o início do que já está acontecendo na Europa, África e afins (ver tweets 4, 5, 6 e 7 do fio). //21

Outro país que pode estar vendo a mesma situação do Brasil é o Japão. Está no começo de um novo aumento de casos, a cobertura vacinal é baixa, e tem um evento (Olimpíadas) que movimentará uma grande quantidade de pessoas de todo o mundo. Perigo! //22

Por fim: se temos dúvida, não podemos nunca seguir pelo caminho de maior possibilidade de risco.

"Crer" que não vai dar nada é muito arriscado. Pode ser que não dê nada? Pode. Pode ser que dê uma nova onda? Pode.

Logo, não vale a pena apostar no caminho de maior risco. //fim

Aqui algumas matérias de alguns países mencionados por mim no fio: miamiherald.com/news/nation-wo…

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