Sempre achei aquela estátua horrorosa.
Porém, me relembrou minha saudosa prof. de história Maria Lucia, a qual nunca furtou seus alunos da realidade dos Bandeirantes, desde a importância, até os atos horrorosamente questionáveis. “É sempre necessário contemporizar”, dizia.
Foi minha professora de 1985 até minha formatura em 1990. Notadamente de esquerda, nunca “converteu” ninguém em aula. Sempre mostrou uma visão parcimoniosa da história e dizia que seu papel era educar, pois como fez com a religião de seus filhos, a escolha política viria…
…no futuro e com a maturidade.
“É sempre necessário contemporizar”.
Sua frase, de uma historiadora, professora, de esquerda, nunca me saiu da cabeça, pois é exatamente o contrário dq as pessoas q queimam estátuas estão fazendo.
É observar o passado sob a lente do presente
Óbvio q não dá certo! Essa geração não consegue nem contemporizar programas de TV de 20 anos atrás, imagina a história, repleta de agruras e situações de horror. E pra quem odeia tanto os 🇺🇸, mais uma vez adotam a cartilha ipsis-litteris de lá, como as pautas identitárias, CRT,…
…BLM, queimar estátuas e etc. ou seja, daqui só sai repetição 🤡.
O problema de não contemporizar é cair numa retórica q atinge todos os lados do espectro político.
Zumbi era bem longe da imagem romântica q tentam demonstrar de “libertador de escravos”. Estupro, assassinato…
…sequestros, escravidão. E o culto a Lampião, esse com os crimes hediondos muito bem registrados e noticiados na época?!? E Paulo Freire, “patrono” da “educação” (sim! Eu li, infelizmente!) e q tem seu dedo no estado atual da nossa educação. Ok, pode queimar estas estátuas tb?
Quando digo contemporizar, não é “passar pano”, alterar a história ou homenagear a quem não deve. É entender o contexto em q estas figuras históricas viveram, o quão distante é da nossa realidade e como isso deve ser estudado, até para não se repetir os erros cometidos.
É o contrário do caso do estudantes de economia q se recusam a estudar Marx. Oras, como refutar algo q não se entende? (Sim, leiam para poder criticar). E estudantes de outra ideologia política q se recusam a estudar mercado financeiro e abominam matemática? (sim, existem)
Pra piorar, muitos dos q advogam por revisionismo histórico e queima de estátuas apoiam pessoas com passados extremamente discutíveis pra dizer no mínimo. Ou seja, no fim, tudo não passa de retórica política e tudo só vai realmente importar, a depender da estátua a ser derrubada!
(Detalhe: acima, estátuas estão no Brasil, África do Sul, EUA e Lituânia). Devemos fechar Auschwitz, pelo q representa? Derrubar todas as estátuas q não agradem? Dinamitar o monte Rushmore? Apagar Genghis Khan da história? E os romanos e suas práticas polêmicas? Vamos esquecer?
Neste presente em q “palavras machucam”, aparentemente, o passado tb machuca e precisa ser apagado, recondicionado, lido sob a óptica moderna, para evitar traumas? Não e não precisa ser estático, pois muitas vezes, à luz de novas informações surgem q adicionam contextos…
…importantes e ocorre tb de algo visto como realidade, ser refutado completamente para surpresa geral (gladiadores raramente morriam, eram como as estrelas esportivas; vikings não usavam capacetes com chifres; grito da independência 🇧🇷 nem foi grito e nem glamuroso e assim vai).
Isso não diminui a importância histórica das figuras envolvidas. O problema é tentar recriar a história sem evidências, somente de forma a encaixar certa perspectiva ideológica e recriar e criar novos “heróis e vilões”. É a versão intelectual de queimar estátuas.
Por fim, uso novamente o exemplo do Japão. O país é repleto de estátuas, mas de forma interessante, de “vencedores” e “perdedores” (sem usar este conceito), dada a importância destas pessoas à história do país. Ou seja, a história não é contada somente sob a óptica do vencedor!
👆🏻sentido horário, da esquerda para direita:
Takeda Shingen
Saigo Takamori
Matsudaira Katamori
Oda Nobunaga
Todos “perdedores”. Googlem
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