Isaac Schrarstzhaupt Profile picture
Doutorando em Epidemiologia - FSP/USP; Coordenador - Rede Análise; Tutor no ICEPi; TEDx speaker; Pessoa com autismo; O sobrenome pronuncia CHUÁRTI ZÁUPITI!

Aug 24, 2021, 25 tweets

Oi, pessoal! Atualizei os painéis (23/08/21) e dei uma olhadinha rápida na situação atual dos casos e óbitos aqui do Brasil, e o que conseguimos ver é a manutenção da desaceleração da queda/formação de platô nos novos casos notificados. Sigam o fio: 🧶 //1

Ao analisarmos por região, percebemos que a região Centro-Oeste já vem quase em um platô (quando o número se mantém estável, sem queda ou aumento), mas isso vindo de uma queda sempre preocupa. //2

Quais estados estão carregando essa tendência? DF e GO. Aliás, até estou achando estranho não ver mais tantas menções a estes estados mesmo com essa curva de casos. Vejam o DF, já claramente reverteu: //3

E o Estado de GO vem até com aumento (leve) na taxa de crescimento de novos casos: //4

A região Nordeste continua em uma queda que vem desacelerando bem lentamente. O ideal seria não desacelerar, mas se for, que demore o máximo possível.

Os estados que vem carregando esses números nesse momento são PB e RN.

RN é difícil de acompanhar pq represa bastante: //5

Na região Norte dá pra notar que nos últimos dias a taxa de crescimento de novo casos notificados deu uma "puxada", desacelerando bem a queda, e analisando estado por estado percebi que o principal responsável foi o PA, onde dá pra ver um movimento forte nos últimos dias: //6

Sempre deixando explícito que esse movimento pode ser simplesmente um represamento de casos (pra quem me acompanha a pouco tempo, segue aqui uma explicação desse fenômeno: redeaanalisecovid.wordpress.com/2021/01/04/atr… //7

RR também teve uma mudança nos últimos dias, que contribuiu para essa desacelerada mais brusca da região Norte: //8

Na região Sudeste, a gente vê uma estabilidade, que na verdade não representa muito os estados quando os analisamos separadamente, pois o RJ e o ES puxam pra cima....//9

...e SP e MG puxam pra baixo (mas estão desacelerando lentamente): //10

Na região Sul a gente vê o PR com uma tendência maior de aumento na notificação de casos, seguido por SC, com uma desaceleração que está quase em platô, e o RS ainda em queda, mas desacelerando bem lentamente: //11

Uma coisa que preocupa (e torço para que seja mais problema de dados do que problema real) é a disparidade entre as coberturas vacinais dos estados: //12

De acordo com os dados do Min. da Saúde (opendatasus.saude.gov.br/dataset/covid-…) dispostos no painel feito pela ODS-MG (ods-minas.shinyapps.io/covid-19/), temos alguns estados e municípios com baixa cobertura, o que pode vir a complicar justamente onde as vacinas vem ajudando: agravamento e óbitos. //13

Também temos uma quantidade significativa de pessoas sem sequer uma dose, como podemos ver também no ótimo painel da @DataLagom / @msoares (lagomdata.com.br/vacinas/).

(foco na gurizada, como a gente diz aqui no RS: nenhuma proteção a não ser a própria idade) //14

Nós vimos a incidência de hospitalizações em jovens aumentar nos EUA (covid.cdc.gov/covid-data-tra…), e aqui parece que estamos em um caminho similar em relação a aglomerar os jovens antes de vaciná-los. //15

Outras informações importantes: dá pra ver o início de uma aparente mudança de tendência nos dados da pesquisa da Univ. de Maryland/Facebook (CTIS) para os estados de SP, RS, MT e um aumento mais forte no PR: //16

Em hospitalizações, nos estados de RS e SP (onde acompanho mais de perto), dá pra ver pequenas desacelerações, que ficam mais aparentes ao analisar região por região. Convido todos a acessarem o painel bit.ly/Rede_Hospitais… onde essas nuances ficam mais aparentes: //17

Sabemos, com base nos estudos que temos até o momento e também na situação epidemiológica de outros países que tiveram a onda antes de nós, que há uma probabilidade alta de termos uma redução na proporção de internações/óbitos em relação às outras ondas, o que é ótimo! //18

Porém também sabemos que se mantivermos a transmissão altíssima, mesmo com redução, nosso número absoluto pode ainda ser bem alto, principalmente em comparação com o que vínhamos tendo até 2019.
Exemplifico: //19

- Em 2019 tivemos +/- 5 mil óbitos totais no Brasil por SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave), por TODAS AS CAUSAS SOMADAS. Isso dá em torno de 14 óbitos por dia.

Vamos supor que havia subnotificação de SRAG e que na verdade fosse O DOBRO: 28 óbitos por dia. Pois bem: //20

Se agora tivermos uma onda que nos deixe com 400 óbitos/dia, apenas de COVID-19, isso será quase 15 (QUINZE) vezes mais do que o DOBRO de 2019. Parecerá uma queda, mas na verdade é um aumento, e um BAITA aumento.
Cabe a nós impedir isso de acontecer. Como? Não transmitindo! //fim

Share this Scrolly Tale with your friends.

A Scrolly Tale is a new way to read Twitter threads with a more visually immersive experience.
Discover more beautiful Scrolly Tales like this.

Keep scrolling