A terceira rodada da Pesquisa Genial/Quaest foi divulgada nesta quarta (01/09) e trás um cenário muito ruim para o presidente Bolsonaro.
Segue o fio… 🧵🧶
A avaliação negativa do governo federal chegou a 48% (+4 pontos em relação a agosto/21), enquanto a avaliação positiva passou para 24% (-2 pontos em relação a agosto/21). As oscilações estão dentro da margem de erro de 2 pontos percentuais.
Chama bastante atenção a segmentação social da avaliação do governo. Por um lado, o governo é mais bem avaliado por evangélicos, homens, residentes nas regiões Sul e Centro-Oeste, mais velhos e com renda mais alta.
Por outro, o governo tem mais reprovação dos católicos, residentes do Nordeste, mulheres, mais jovens e com renda mais baixa. São dois mundos sociologicamente muito diferentes.
Vale destacar a piora na avaliação do governo Bolsonaro no Nordeste (de 53 para 59%) e no Sudeste (42 para 47%) entre Agosto e Setembro. As estimativas apresentadas já incorporam a ponderação de MrP para cada sub-grupo, diminuindo a incerteza sobre a evolução desses percentuais.
Se o governo está vivendo seu pior momento, muito se deve à percepção negativa da população sobre os resultados e as perspectivas econômicas do país. Veja, por exemplo, os resultados da pergunta sobre o principal problema do país entre Julho e Setembro deste ano.
A cada mês que passa, menos gente aponta a saúde e a pandemia como principais problemas (em julho era 41%, em setembro 28%), e passa a indicar a economia e a inflação como mais graves (em julho eram 28%, em setembro 41%).
Na mesma direção, a pesquisa mostra que aumentou o sentimento de piora da realidade econômica dos últimos 12 meses e caiu o otimismo com o futuro da economia.
Passou de 62 para 68% os brasileiros que dizem que no último ano a economia do país piorou, e passou de 50 para 44% os brasileiros que estavam otimistas em relação ao crescimento econômico do país nos próximos 12 meses.
O grande inimigo neste momento é a inflação, não o desemprego. A pesquisa mostra que os brasileiros continuam animados com a possibilidade do país gerar novos empregos (57% continuam acreditando que vamos melhorar a geração de empregos), mas…
… já perderam a esperança que o país será capaz de controlar o aumento dos preços (65% acha que não conseguiremos controlar a inflação).
Outra hipótese que a pesquisa ajuda a rejeitar é a de que o fim da pandemia pode ajudar o governo. O governo não tem conseguido melhorar seu desempenho, embora o nível de preocupação das pessoas com a pandemia esteja despencando (era 79%, chegou a 66%).
No mesmo período, caiu de 50 para 16% os brasileiros adultos (acima de 18 anos) que ainda não tomaram a vacina. É exatamente o % divulgado pela imprensa em relação aos não vacinados. Temos uma amostragem bem calibrada para estimar a população brasileira.
A eleição continua distante e a maioria ainda não se decidiu. Na espontânea, 58% ainda não escolheu candidato. Lula tem 23%, enquanto Bolsonaro 15%. É a primeira vez que o voto espontâneo do presidente oscilou negativamente (tinha 18% em agosto/21). Outros nomes pouco aparecem.
A alta indecisão não é motivada pelo desconhecimento. Bolsonaro e Lula são conhecidos por quase 100% dos entrevistados, Ciro por 89%, Datena por 82%, Dória por 81% e Mandetta por 56%. Pouco conhecidos, só Eduardo Leite (40%), Rodrigo Pacheco (39%) e Simone Tebet (19%).
Aliás, só os 3 últimos possíveis nomes continuam sendo esperança para a terceira via, que perde força de demanda no eleitorado a cada rodada da pesquisa. A incapacidade de articulação e definição política em torno desse nome, tem desanimado os brasileiros…
Entre Julho e Setembro, caiu de 31 para 25% os brasileiros que dizem querer a vitória de um candidato que não seja nem Lula, nem Bolsonaro.
Entre os nomes disponíveis para ocupar essa demanda, chama atenção a alta rejeição de Dória (57%) e de Ciro (53%); e o alto desconhecimento de Pacheco (60%), Leite (60%) e Tebet (80%). Só um dos 3 poderia surpreender em uma eleição presidencial no próximo ano…
…são os únicos cujas rejeições são menores do que a de Lula (40%). O ex-presidente, aliás, é quem tem o maior potencial de voto entre os candidatos (40% + 18%). Bolsonaro é o mais rejeitado (62%), embora tenha potencial de voto para desanimar os entusiastas da 3 via (20 + 14%).
Quando os cenários estimulados são apresentados, a polarização Lula e Bolsonaro, com ampla vantagem para Lula aparece claramente. O ex-presidente varia de 44 a 47% das intenções de voto. Bolsonaro, por sua vez, varia de 25 a 26%.
Nessa 3 rodada, Ciro apresenta desempenho menor do que o observado anteriormente e fica entre 6 e 9%. Dória oscila negativamente, e aparece entre 3 e 6%. Quem mostra consistência é o Datena, com 7%. Os desconhecidos Rodrigo, Leite e Tebet, pontuam menos, o que era de se esperar.
Nos cenários de segundo turno, Lula ganha muito bem de todos os concorrentes. Bolsonaro, perde para Ciro e empata com Pacheco, que tem total desconhecimento.
A pesquisa também mostra que as motivações para votar em Lula e Bolsonaro são bem distintas. Enquanto os eleitores de Lula justificam seu voto por que consideram que Lula fez uma boa gestão…
…os eleitores do Bolsonaro justificam voto pela gestão do presidente, para evitar a volta do PT e pelos atributos do presidente. Há um % de eleitores de Bolsonaro que ainda pode migrar para um candidato de 3 via mais forte, caso ele represente a possibilidade de derrotar o PT.
A pesquisa Genial/Quaest foi realizada entre os dias 26 e 29/8 por meio de 2.000 entrevistas presenciais domiciliares em 124 municípios das 27 unidades da federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. #genialquaest #pesquisa @genialinveste @quaestpesquisa
Odeio corretor de celular… é claro que tá errado o trás aí… 🤦🏻 obrigado pelo toque @afonsoborges
Publicamos uma errata ontem. O percentual de conhecimento e voto do Lula é 40%, nao 44%.
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