Crise diplomática entre Reino Unido e República Tcheca depois do jogo entre Sparta Praga e Rangers pela Liga Europa:
Um público de 10 mil crianças que viu o jogo ao vivo no estádio vaiou Glen Kamara, jogador vítima de racismo num jogo contra o Slavia Praga, rival do Sparta.
O Estádio Letná, casa do Sparta Praga, estava fechado ao público por um caso de racismo da torcida local contra Aurélien Tchouaméni, jogador do Monaco, na temporada passada.
Para ontem, contra o Rangers, a UEFA concedeu permissão ao Sparta que abrisse as portas para crianças.
Porém, o jogo era justamente contra o Rangers.
Na temporada passada, outro time de Praga, o Slavia, enfrentou os escoceses e o zagueiro Ondrej Kudela foi racista contra Kamara.
Foi punido e ficou fora da Euro, já que joga também na seleção tcheca.
Então, mesmo sendo rivais, torcedores de Slavia e Sparta compartilhavam a revolta contra Kamara por ter denunciado o racismo de Kudela.
Evidência disso: uma faixa levada por uma criança ao jogo de ontem com os dizeres “time Kudela”.
E, como sempre, o time escocês se ajoelhou em protesto contra o racismo antes da partida de ontem contra o Sparta, que não fez o mesmo.
Desde o início, era um jogo com essa tensão racista no ar.
Houve uma revolta generalizada na imprensa britânica diante das vaias contra Kamara na partida.
O Slavia e o Sparta, por sua vez, se pronunciaram dizendo que era absurdo acusar crianças de cometerem atos racistas. Dizem até que se trata de xenofobia britânica contra eslavos.
Quem ouviu nosso episódio sobre racismo e manifestações fascistas nos estádios do leste europeu não deve se surpreender.
Há uma despolitização dessas manifestações, a ponto de haver torcedores que fazem a saudação fascista e dizem se tratar apenas de coreografia de torcida.
Kamara parece ser odiado por torcedores tchecos de vários clubes.
Em março, quando foi vítima de Kudela, ultras do Slavia foram às ruas com uma faixa dizendo: "Kamara - apenas um [ofensa racista contra pessoas negras que não vamos reproduzir]". A palavra começa com N.
Mas, agora, até o governo da República Tcheca se manifestou.
Furioso com a reação da mídia britânica, Jakub Kulhánek, ministro das Relações Exteriores do país, convocou o embaixador do Reino Unido para uma conversa.
Disse que é “nojento” criticar o comportamento das crianças.
Infelizmente, são casos que se repetem rodada após rodada em competições da UEFA, e a entidade nada ou pouco faz para de fato proibir manifestações racistas.
Enquanto aguardamos o desenrolar da história, o link pro nosso episódio no Spotify: open.spotify.com/episode/4YcWCR…
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