Mel Markoski Profile picture
Bióloga, mestre e doutora em Biologia Celular e Molecular, pós-doutora em Imunologia e Câncer. Profa de Biossegurança da UFCSPA. Membro da Rede Análise COVID-19

Nov 24, 2021, 17 tweets

Estava devendo um fio dessa revisão sistemática sobre eficácia das medidas não-farmacológicas contra a COVID-19. Agora vai! :)
bmj.com/content/375/bm…

Bom, o objetivo do estudo foi o de revisar as evidências sobre a eficácia das medidas de saúde pública na redução da incidência de COVID-19, a transmissão SARS-CoV-2 e a mortalidade por COVID-19. A lista das ações analisadas é bem extensa! Vou destacar os achados principais.

Foram incluídos 72 estudos, dos quais 35 avaliaram medidas individuais de saúde pública e 37 avaliaram múltiplas medidas de saúde pública como um "pacote de intervenções". Oito dos 35 estudos foram incluídos na meta-análise.

De maneira geral, a revisão indicou a redução na incidência de COVID-19 quando associada à lavagem das mãos (12%), uso de máscara (84%), distanciamento físico (87%).

Sobre a questão do uso de máscaras, um experimento natural (sobre a evolução da doença) em 200 países mostrou 45,7% menos mortalidade relacionada ao COVID-19 naqueles onde o uso de máscaras era obrigatório.

Devido à heterogeneidade dos estudos, a meta-análise não foi possível para os resultados de quarentena e isolamento, lockdowns e fechamentos de fronteiras, escolas e locais de trabalho. Porém, os efeitos dessas intervenções foram resumidos de forma descritiva, que mostro a seguir

Primeiro: "todos os estudos que avaliaram a permanência em casa ou medidas de isolamento relataram reduções na transmissão do SARS-CoV-2". Isso, naturalmente, tem impacto em redução de hospitalizações e mortalidade. Mas a gente sabe que nem sempre é/foi possível...

Um destaque do artigo: "um experimento natural, envolvendo 202 países sugeriu que aqueles que implementaram o lockdown tiveram menos casos de COVID-19 do que países que não o fizeram" (o que aconteceu no Brasil em março desse ano é demonstrativo disso). 👇pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33124541/

Sobre desinfecção nos domicílios: um estudo relatou a associação entre desinfecção de superfícies e redução do risco de transmissão secundária de SARS-CoV-2 dentro dos domicílios.
pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32467353/

O estudo avaliou a desinfecção retrospectivamente perguntando aos participantes sobre o seu "uso diário de desinfetante à base de cloro ou etanol nos domicílios"; observou que o uso de desinfetante foi 77% eficaz na redução da transmissão SARS-CoV-2.

Bom, todo mundo que me segue sabe que eu defendo a higienização periódica de superfícies como uma medida de Biossegurança e redução do risco de contaminação com doenças de contato, independentemente da COVID-19...

E vejam que interessante esse dado: o rastreamento para febre não mostrou sensibilidade (variando de 18% a 24%) na detecção de pessoas com infecção por SARS-CoV-2. Isso se traduziu em 86% da população com SARS-CoV-2 permanecendo sem ser detectada durante o rastreamento da febre.

Assim, a revisão sistemática e meta-análise sugere que várias medidas de proteção pessoal e social, incluindo lavagem das mãos, uso de máscaras e distanciamento físico estão associadas a reduções na incidência da COVID-19. E nós já sabemos disso! 😊

Os esforços de saúde pública para implementar medidas de controle epidemiológico devem considerar a saúde comunitária e as necessidades socioculturais, e futuras pesquisas são necessárias para entender melhor a eficácia dessas medidas no contexto da vacinação contra a doença.

Por fim, os autores terminam com essa frase, que concordo totalmente: "é provável que o controle adicional da pandemia COVID-19 dependa não apenas da alta cobertura vacinal e de sua eficácia, mas também da adesão contínua às medidas eficazes e sustentáveis de saúde pública".

Figurinha "resumo" do artigo

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