Quem bate cartão, vota em patrão —ao menos era isso que pensava o Partido Comunista Brasileiro (PCB) nos anos 60. O episódio é explicado no livro "História das Lutas dos Trabalhadores no Brasil", de Vito Giannotti.
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Na obra, o autor relembra o apoio do PCB à candidatura do empresário José Ermírio de Moraes ao Senado Federal em 1962. José Ermírio de Moraes era um dos homens mais ricos do mundo à época, proprietário do Grupo Votorantim, da Companhia Nitro Química Brasileira e da CBA.
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O PCB justificou o apoio à candidatura de José Ermírio de Moraes apelando para a tese de que era possível construir uma aliança de classes entre o capital e o operariado e fomentar o surgimento de uma burguesia nacionalista e desenvolvimentista.
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Assim, o partido mobilizou suas bases sindicais para convencer os trabalhadores do Grupo Votorantim a votarem e se mobilizarem pela eleição do seu próprio patrão. A estratégia deu certo e José Ermírio foi eleito senador por Pernambuco.
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Após o golpe militar de 1964, o empresário, respaldado por sua gigantesca fortuna, sobreviveu à degola dos mandatos, mantendo-se no senado até 1971, ao passo que os trabalhadores foram submetidos a arrocho salaria e perda de direitos trabalhistas.
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O PCB não acionou a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) ou sua estrutura sindical para mobilizar a classe trabalhadora a lutar contra a deposição de João Goulart. No 6º Congresso, o partido também condenou radicalmente a luta armada contra a ditadura.
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A estratégia política equivocada adotada pelo PCB também aprofundou os problemas da estrutura sindical herdada da Era Vargas, marcada pela submissão dos sindicatos aos patrões e ao Estado, criando um sindicalismo inofensivo e descolado das bases.
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É da autocrítica do movimento operário nos anos setenta e do reconhecimento desses erros que surgiria o Novo Sindicalismo, demandando a criação de uma nova estrutura sindical, com organizações operárias independentes e desvinculadas do Estado.
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O principal líder do Novo Sindicalismo seria Luiz Inácio Lula da Silva, fundador do Partido dos Trabalhadores (PT) e organizador das mobilizações dos metalúrgicos que paralisariam as fábricas do ABC Paulista no fim da década de setenta.
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O PCB, dando continuidade à sua linha política equivocada, seguiria na oposição a Lula, ao PT e ao Novo Sindicalismo ao longo dos anos oitenta.
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