Você provavelmente já ouviu falar na internet que na época da Ditadura não existia corrupção no Brasil. Mas será que isso é verdade?
Se liga nesse fio 🧶 e bora falar de corrupção na Ditadura Militar! #historiaemmeiahora
Como falei no episódio do meu podcast, a Ditadura é um tema que mexe com as emoções de muitos. As reações mais comuns são revolta, saudosismo e até tristeza. A história dos militares na política brasileira é antiga e precisa ser estudada com cuidado.
Um dos personagens mais comuns nas investigações sobre corrupção foi o Ministro da Fazenda, Delfim Netto. Além dos casos que falei no episódio, Netto ainda foi acusado pelo Ministério Público de desviar verba pública em um empréstimo da Caixa para o dono da empresa Coroa-Brastel.
Como nos outros casos, nem Delfim Netto e nem o ministro Ernane Galvêas que também estava envolvido no caso foram condenados. No caso de Netto ele não chegou a ser investigado. Quando se fala em corrupção na Ditadura esse é um ponto importante:
muitas vezes não se investigava.
A figura do Delfim Netto é interessante porque mesmo sofrendo diversas acusações de corrupção se saiu completamente ileso. Ele diz que é inocente e não cometeu nenhum crime. Hoje em dia o ex-ministro é constantemente convidado para entrevistas para pensar e discutir o Brasil.
É impossível falar sobre a corrupção na Ditadura sem falar das empreiteiras. No período militar, a indústria pesada movimentou a economia e foi uma das responsáveis pelo chamado “milagre econômico” que o país viveu e de certa forma deu ainda mais validação social aos militares.
Mas nesse “milagre” apenas um pequeno grupo que se beneficiou dos contratos com o governo. O historiador Pedro Henrique Pereira Campos disse:
“na ditadura, tivemos um cenário ideal para práticas ilegais e para essas grandes empreiteiras deitarem e rolarem com recursos públicos”.
A maior dificuldade que temos em pesquisar sobre esse assunto é encontrar as informações de valores e gastos com obras e empresas. Um governo ditatorial tem todas as condições políticas e jurídicas de esconder as informações e impedir que uma série de casos venham à público.
Além disso, muitos jornalistas e a própria população praticavam a “auto-censura”, evitando falar de temas sensíveis que poderiam atrair para si a atenção dos militares. Um outro mito sobre esse período é que a liberdade de expressão era plena e que só “bandidos” tinham problemas.
Um dos jornais que mais bateu de frente com os militares e por diversas vezes foram os únicos a apresentarem denúncias de corrupção foi o jornal “Movimento”. Como consequência, tanto o jornal quanto seu diretor precisaram enfrentar a Justiça Militar e alguns processos.
Se quiser estudar mais sobre os militares e as denúncias de corrupção, se liga nesses livros:
Estranhas Catedrais - As Empreiteiras Brasileiras e a Ditadura Civil-Militar, de Pedro Henrique Pedreira Campos
Militares e a Política no Brasil, Paulo Ribeiro da Cunha (org.)
Fontes:
"Estranhas Catedrais - As Empreiteiras Brasileiras e a Ditadura Civil-Militar: 1964-1988" - Pedro Henrique Pedreira Campos
"Chave do tesouro: a anatomia dos escândalos financeiros do Brasil" – José Carlos de Assis
cont.
"Ditadura Envergonhada" – Elio Gaspari
"Forças Armadas e Política no Brasil" – José Murilo de Carvalho
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