Pensar a História Profile picture
"Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade". Karl Marx

Feb 18, 2022, 23 tweets

Há 113 anos, em 17 de fevereiro de 1909, falecia Gerônimo, célebre líder dos guerreiros apaches.

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Gerônimo (dito "Goyaalé", ou "O Que Boceja" na língua apache) nasceu em 16 de junho de 1829 nos arredores de Turkey Creek, Novo México. O território ainda fazia parte do México, mas seria incorporado aos Estados Unidos em 1848, após a Guerra Mexicano-Americana.

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Gerônimo era descendente de Mahko, respeitado líder nativo, e pertencia à tribo dos Bedonkohe, de apaches chiricahua, famosos pela resistência aguerrida contra os invasores desde a era colonial.

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Em 1851, um grupo de milicianos atacou o acampamento de Gerônimo, motivado pelas recompensas que o governo mexicano oferecia por escalpos de apaches. No ataque, a mãe, a esposa e os três filhos de Gerônimo foram mortos.

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Furioso, Gerônimo jurou vingança. Buscou orientação do guerreiro apache Mangas Coloradas, que há décadas liderava a resistência dos nativos contra as incursões mexicanas. Foi aconselhado a se juntar ao grupo dos guerreiros do chefe Cochise.

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Gerônimo se destacaria pela coragem, destreza e inteligência nas batalhas contra os mexicanos. Foi durante uma dessas batalhas que ganhou a alcunha evocando São Jerônimo — uma referência à capacidade "milagrosa" do nativo de se desvencilhar dos disparos de armas de fogo.

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Ao guerreiro apache também se atribuía a capacidade sobrenatural de se locomover sem deixar rastros e de retardar ou adiantar o pôr do sol. Gerônimo tornou-se chefe do seu próprio exército e se firmou como o mais célebre dos líderes militares dos povos nativos.

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Além dos mexicanos, Gerônimo viu-se obrigado a combater as tropas estadunidenses. Quando os EUA declararam guerra ao México, os apaches prometeram passagem segura para as tropas, em troca da assinatura de um tratado que reconhecia o direito dos nativos sobre as terras.

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Com o fim da guerra e o avanço da Marcha para o Oeste, entretanto, os EUA romperam o acordo e passaram a reivindicar a posse dos territórios apaches, ricos em recursos naturais e propícios para a exploração agrícola comercial.

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Em 1872, o governo dos EUA criou a Reserva de San Carlos, no Arizona, e adotou uma política de remoção forçada dos apache. A resistência indígena levou ao recrudescimento da repressão e uma série de massacres contra os nativos, reavivando as chamadas "Guerras Apaches".

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Espoliados de seus recursos, os indígenas realocados passaram a viver em condições precárias na reserva. Eram submetidos à brutalidade dos guardas e não tinham liberdade para exercer suas crenças, manter seus costumes ou plantar seus alimentos.

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A fome era generalizada e epidemias de doenças como a malária também afligiam a comunidade. Reagindo ao tratamento desumano do governo, Gerônimo tornou-se líder dos chamados "índios renegados" — isso é, os apaches que se recusavam a ficar confinados na reserva.

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Gerônimo conduziu sucessivos ataques contra postos militares da reserva, facilitando a fuga dos cativos. Também empreendeu escaramuças e ataques contra as aldeias de colonos, fazendas, composições ferroviárias e acampamentos de garimpeiros do Arizona e Novo México.

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Privados do uso da terra, os apaches "renegados" também se viam obrigados a recorrer a roubos e assaltos, provocando apelos cada vez mais enérgicos dos colonos, que exigiam a neutralização urgente do grupo.

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A exemplo do que tinham feito com os mexicanos, entretanto, os apaches conseguiram impor uma impressionante resistência às investidas do Exército dos Estados Unidos, prolongando o conflito por muitos anos.

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Em 1883, o general George Crook liderou uma gigantesca expedição, com soldados bem armados, para combater os guerreiros apaches. Divididos em duas colunas, os militares estadunidenses conseguiram cercar e eliminar parte substancial das tropas nativas.

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Gerônimo logrou evitar a captura, conduzindo um grupo de combatentes a um recuo estratégico rumo às montanhas e cânions do Arizona. Em 1886, o general Nelson Miles lançou uma nova campanha massiva, aniquilando quase todos os guerreiros do exército de Gerônimo.

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Em 4 de setembro de 1886, com seu exército reduzido a um total de 38 nativos, grande parte dos quais mulheres e crianças, Gerônimo se rendeu. Os guerreiros sobreviventes foram presos e detidos em Fort Pickens, na Flórida.

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Foram posteriormente transferidos para o Alabama até a realocação definitiva em Fort Sill, Oklahoma. Gerônimo tornou-se prisioneiro de guerra pelo resto da vida e passou mais de duas décadas sob custódia do governo dos EUA, sem nunca mais retornar à sua terra natal.

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Foi forçado a abandonar seus costumes, convertido ao cristianismo e exibido como troféu de guerra em paradas militares em Washington. Morreu de pneumonia em Fort Sill, em 17 de fevereiro de 1909, lamentando a decisão tomada 23 anos antes. "Nunca devia ter me rendido."

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Nove anos após seu falecimento, o túmulo de Gerônimo foi profanado por alunos da Yale. O crânio foi roubado por membros da sociedade secreta Skull and Bones, à qual pertencia Prescott Bush, filho do magnata Samuel Bush e avô do futuro presidente dos EUA George W. Bush.

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Grupos isolados de guerreiros apaches seguiram lutando contra as tropas estadunidenses mesmo após a prisão e morte de Gerônimo, mas foram quase dizimados pelos regimentos de James Watson, James Daniels e William McBryar. As últimas investidas ocorreram em 1924.

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As guerras indígenas travadas pelo Exército dos Estados Unidos estão entre os piores genocídios da história. Em um intervalo de dois séculos, a população indígena norte-americana foi reduzida de 25 milhões para menos de 2 milhões de indivíduos.

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