Um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nessa segunda-feira, 21 de fevereiro, mostrou que a expectativa de vida dos brasileiros despencou durante o governo Bolsonaro, passando de 76,6 anos em 2019 para 72,2 anos em 2021.
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A queda foi motivada sobretudo pela mortalidade derivada da pandemia de covid-19, que já ceifou 645 mil vidas. A expectativa de vida assinala o nº. aproximado de anos que os indivíduos tendem a viver. É um dos indicadores chaves da qualidade de vida em um país.
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Essa é a 1ª vez que a expectativa de vida dos brasileiros cai desde o início da série histórica. Durante a pandemia, as regiões Sul e Sudeste do país também registraram, pela primeira vez, mais mortes do que nascimentos.
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Em abril de 2021, no ápice da pandemia, Bolsonaro era aplaudido por empresários e banqueiros, enquanto o Brasil computava 4 mil mortes por dia. O país, que possui 2,7% da população global, respondia por 28% de todas as mortes diárias por covid-19 no mundo.
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Não é difícil compreender o apoio de bilionários e multimilionários a Bolsonaro. Ao mesmo tempo em que o relatório da Rede PENSSAN mostrava que quase 20 milhões de brasileiros estavam passando fome e que as famílias substituíam a mistura do prato por ossos e pelancas...
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...a Forbes publicava seu ranking atualizado, mostrando que apenas no primeiro trimestre de 2021, o Brasil ganhou 11 novos bilionários. O fenômeno não se restringiu ao Brasil. Em todo o mundo, o patrimônio dos bilionários também aumentou mais de 60% durante a pandemia.
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Entre os liberais, não faltam os "ingênuos de ocasião" — "arrependidos" que alegam que "não tinham como saber" que Bolsonaro era Bolsonaro e tentam esconder sob a máscara do clamor civilizatório sua própria responsabilidade no processo de destruição do Brasil.
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Mas Bolsonaro nunca negou que era Bolsonaro. Elogios à ditadura, à tortura e à execução sumária sempre foram elementos presentes na sua retórica. O ex-capitão chegou a dizer abertamente que o Brasil só mudaria se partisse para uma guerra civil "matando uns 30 mil".
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A trajetória parlamentar de Bolsonaro nunca impediu uma leitura correta sobre a sua mentalidade eugenista e sua obsessão pelo controle demográfico. O ex-deputado chegou a apresentar três projetos visando instituir a esterilização de pobres no Brasil.
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Em um discurso, chegou a criticou o "crescimento populacional exagerado", reclamando do fato de o país ser muito populoso: "Não tem lugar para deitar na praia. É gente demais! Temos que colocar um ponto final nisso se quisermos produzir felicidade em nosso país."
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A imprensa liberal tenta estabelecer uma suposta incompatibilidade entre apoiar Bolsonaro pela agenda econômica e relevar seu protofascismo. Mas a elite o apoiou justamente porque sua agenda era a que conciliava liberalismo econômico e autoritarismo de extrema-direita.
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A aliança entre liberais e o protofascismo militarista ressurge sempre que o capitalismo passa por uma crise ou enxerga ameaças aos interesses da plutocracia. É o que ocorreu na Europa com a ascensão do nazifascismo e nas ditaduras militares da Guerra Fria.
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As crises do capitalismo são acompanhadas do aumento exponencial do exército industrial de reserva — isso é, a parcela da força de trabalho que excede as necessidades da produção, mantida desempregada p/ reduzir os salários e desestimular a organização da classe operária.
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Quando o exército industrial de reserva excede o nº. ideal, há a proliferação de problemas sociais e de gastos para a contenção de eventuais rupturas. A solução encontrada pelo capitalismo é sempre a destruição das forças produtivas.
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Desde os anos 70, os relatórios elaborados pela CIA propunham a adoção de políticas de controle populacional em países do 3º Mundo. Posteriormente, o governo dos EUA adotou medidas internas de redução da rede de proteção social, levando à redução da expectativa de vida.
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Embora o progresso material e científico possibilitem que o ser humano viva cada vez mais, a plutocracia capitalista, aparentemente, decidiu que a longevidade não deve ser um atributo ao alcance das massas.
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Desde a crise de 2008, a agenda anti-vida, que congregava exclusão social, concentração de renda e desmonte do Estado de Bem-Estar Social, tem avançado para um modelo de governança abertamente autoritário, embasado no apoio popular angariado pela retórica antissistema.
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Representante desse fenômeno, Bolsonaro tem se mostrado exímio no manejo da chamada "necropolitica" — isso é, o uso do poder político, econômico e social para gerenciar arbitrariamente as oportunidades de vida e morte dentro do sistema capitalista.
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É um processo neomalthusiano, calcado na subversão da função protetora e civilizatória do Estado, que abandona os princípios iluministas em favor da gestão de políticas de vida e morte, definindo quais e em que condições algumas pessoas podem viver e quais devem morrer.
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Desde que assumiu o governo em janeiro de 2019, Bolsonaro tem avançado de forma sistemática a agenda política da morte. A facilitação do acesso às armas, a incitação para que grileiros e fazendeiros usem força letal contra movimentos sociais ou povos indígenas...
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... a tentativa de aprovar o excludente de ilicitude, a flexibilização das leis de trânsito, a aprovação recorde de agrotóxicos são todos elementos pertencentes a uma política deliberada de extermínio de amplos setores da população brasileira.
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A recusa em comprar vacinas, o incentivo à aglomeração, o desrespeito das medidas de controle epidemiológico, o fomento ao conspiracionismo, ao obscurantismo e anticientificismo são todas medidas calculadas como parte de um esforço de implementação de uma agenda genocida.
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A morte é naturalizada nos discursos governamentais, que insistem no apelo do conceito da "sobrevivência dos mais aptos". Responsabilidade sanitária vira "frescura", os que se protegem viram "maricas" e a vida dos cidadãos é tratada como algo descartável.
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Paulo Guedes potencializa a política de morte por meio da gestão ultraliberal, causando o aumento desenfreado do custo de vida, das contas de consumo e do preço dos alimentos, ao mesmo tempo em que reduz o poder de compra, submetendo milhões ao flagelo e à fome.
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Bolsonaro não é a doença - é um sintoma. É o resultado do avanço do capitalismo rumo a um projeto de sociedade distópica alinhando autoritarismo fascista e ultraliberalismo selvagem. O Brasil é um laboratório desse modelo e Bolsonaro um instrumento para consolidá-lo.
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