[Por que os átomos não explodem?]
#FisicaThreadBR
Esse homem grudou os prótons no núcleo atômico A FORÇA e ganhou um premio Nobel por isso!
Você já deve ter ouvido falar que o núcleo atômico é composto de prótons e nêutrons. Pera, um monte de carga elétrica positiva no mesmo lugar? Elas não se repelem??
Vamos pegar um dos átomos mais simples: Hélio.
Dois próton e dois nêutrons.
Desconsiderando efeitos quânticos e considerando só a interações eletroestáticas, temos que a força de repulsão entre um próton e outro é de 80N!
Isso é equivalente a colocar OITO FUCKING SACOS DE FARINHA em cima de um único próton!
Mas como átomos são estáveis, essa não pode ser toda história certo? SIM!
Hideki Yukawa, o homem no começo a thread, propôs que prótons e nêutrons interagem de outra forma que não a eletromagnética.
Segundo Yukawa a interação era de curto alcance e por isso não haviam efeitos macroscópicos. E esse curto alcance era que diferente da interação eletromagnética que troca fótons, essa interação trocava partículas com massa.
Sua teoria previa que a massa dessa partícula mediadora era um meio termo entre a massa do elétron e do próton e por isso ela foi batizada de méson, do grego, intermediário.
Se você viu a letra grega pi na figura anterior e deu uma desconfiada, você tá certo!
Diversos cientistas tentaram detectar essa partícula de forma experimental, o que levou a descoberta do méson pi, pelo brasileiro César Lattes!
Isso deu o premio Nobel de Física de 1949 ao Hideki Yukawa pelo modelo de interações nucleares e o de 1950 a Cecil Powell pelo desenvolvimento da técnica de detecção de partículas com chapas fotográficas (O Lattes trabalhava no laboratório do Powell na Un. de Bristol)
E os caminhos científico desses grandes cientistas se cruza! Yukawa foi o primeiro cientista japonês a se receber o prêmio, se tornando um nome de destaque na comunidade japonesa.
Depois da segunda guerra mundial, no Brasil, os imigrantes japoneses eram divididos entre aqueles que achavam que o Japão tinha vencido a guerra (kachigumi) e os que sabiam que o Japão tinha perdido (makegumi)
Chegou ao ponto que alguns membros do kachigumi formaram uma organização terrorista chamada Shindo Renmei que chegou a assassinar imigrantes makegumi.
Para tentar esclarecer a situação, os makegumi decidiram juntar dinheiro para trazer Hideki Yukawa ao Brasil para contar a verdade. Como ele era respeitado pela comunidade, seria alguém ouvido. Isso aconteceu em 1952.
Yukawa não pode vir na época, o dinheiro juntado para sua viagem foi doado a Universidade de Kyoto, que passava por muitas dificuldade no pós-guerra. Isto iniciou as relações entre cientistas brasileiros e japoneses!
Em 1958, aconteceu o ciquentenário da imigração japonesa no Brasil e os professores Yukawa e Taketani vieram a nosso país e fizeram questão de visitar a comunidade São Bernardo do Campo que havia doado dinheiro.
O prof. Taketani se tornou diretor do Instituto de Física Teórica (que funcionava no prédio que é atualmente o @Inst_principia, onde trabalho). E em 1959, o prof. Yukawa manda uma carta para o César Lattes propondo a criação da Colaboração Brasil-Japão (CBJ) de Raios Cósmicos!
A CBJ surgiu efetivamente em 1962, produzindo diversos estudos na Física de raios cósmicos e tendo desenvolvido MUITO esta área de pesquisa no Brasil. Ela existiu até a década de 1990, sendo uma grande parte da história da ciência em nosso país!
OBS: Hoje sabemos que apesar de funcionar a teoria do Yukawa não é completa. A interação que segura as partículas no núcleo é a interação forte, que só foi entendida com a descoberta dos quarks e é mediada por gluons.
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