Pensar a História Profile picture
"Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade". Karl Marx

Mar 1, 2022, 19 tweets

Quem vê o noticiário da imprensa brasileira, carregado de apelo à emoção e loas à "democracia soberana" da Ucrânia, dificilmente associaria a nação do leste europeu ao mesmo país que se tornou referência máxima da extrema-direita bolsonarista.

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Em meio à tentativa de inflamar a extrema-direita para sair às ruas em apoio ao governo de Jair Bolsonaro e intimidar o Supremo Tribunal Federal, os ativistas utilizaram a Ucrânia como modelo de radicalização ideal a ser seguido pela extrema-direita no Brasil.

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Até mesmo bandeiras do Pravyi Sektor (Setor Direito) começaram a aparecer nas manifestações bolsonaristas. O Pravyi Sektor é uma organização paramilitar neonazista que ajudou a perpetrar o golpe de Estado de 2014 na Ucrânia.

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A extremista Sara Winter foi uma das primeiras a exortar a ucranização do Brasil. Ela chegou a tentar criar uma milícia armada em Brasília, denominada "300 do Brasil", mas acabou sendo presa após liderar um ataque ao STF.

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Sara Winter recebeu treinamento na Ucrânia em 2012. Sua alcunha deriva de Sarah Winter, militante nazista da Inglaterra que serviu como espiã para Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. À época, Sara ostentava uma cruz de ferro (símbolo nazista) no peito.

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Sara foi representante no Brasil do grupo ucraniano Femen, financeiramente apoiado pelo bilionário estadunidense Jed Sunden, um dos financiadores do Euromaidan. O treinamento lhe rendeu a simpatia de Olavo de Carvalho, que elogiou o "grau europeu de coragem" de Sara.

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O deputado Daniel Silveira, conhecido por intimidar professores e jornalistas e por quebrar a placa de Marielle Franco, também exortou a ucranização do Brasil. Ele foi preso pouco tempo depois, logo após publicar um vídeo elogiando o AI-5 e ameaçando os ministros do STF.

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O youtuber Allan dos Santos, que também teve sua prisão decretada por disseminar notícias falsas e incitar atos antidemocráticos, demonstrou apoio à causa citando a revolução colorida de Hong Kong, igualmente apoiada por grupos paramilitares ucranianos.

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Igualmente implicado na investigação sobre as fake news, condenado por ataques dirigidos contra Leonardo Boff e vinculado à retórica inflamatória da extrema direita, o blogueiro Bernardo Küster, somou-se ao coro.

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Oswaldo Eustáquio, outro blogueiro bolsonarista preso por envolvimento com fake news e atos antidemocráticos, não apenas externou seu endosso à ucranização como ajudou a recrutar voluntários para a iniciativa.

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O ex-juiz Sergio Moro também não poupou elogios à nação europeia, chegando a sugerir que o Brasil adotasse o mesmo princípio de subordinação do sistema judiciário às forças externas, seguindo os passos da Ucrânia após o golpe de 2014.

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A revolução colorida denominada Euromaidan derrubou o governo pró-Rússia de Viktor Yanukovich e possibilitou a ascensão de um regime neofascista subordinado a Washington, sustentado pela ação de grupos paramilitares neonazistas financiados pela CIA.

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Organizações neonazistas como o Batalhão de Azov e Pravyi Sektor ganharam status de regimentos oficiais do governo ucraniano e são utilizados desde então para reprimir os opositores e as minorias étnicas (sobretudo russas) na região de Donbass. 13 mil pessoas já morreram.

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O regime neofascista proibiu os partidos de esquerda, assassinou líderes de movimentos sociais, reabilitou nazistas como heróis nacionais e mantém um política de incentivo à militarização e a naturalização do ideário neonazista na sociedade ucraniana.

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Com a consolidação do regime neofascista, a Ucrânia se converteu em um polo internacional de treinamento e radicalização da extrema-direita. Suas milícias neonazistas concentram voluntários de dezenas de países, incluindo o Brasil.

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Diversas das centenas de células neonazistas que se multiplicaram no Brasil nos últimos anos possuem vínculos com organizações neonazistas ucranianas.

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A princípio, a mídia brasileira denunciou a influência do ideário neonazista nas organizações paramilitares ucranianas, tendo como foco a crítica ao discurso bolsonarista da "ucranização".

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Reconheceu inclusive o fato de que o crescimento de tais grupos preocupava o governo russo, onde organizações como Batalhão de Azov e Pravyi Sektor são banidos como terroristas.

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Desde o início do conflito Rússia-Ucrânia, entretanto, a imprensa brasileira, subserviente à Casa Branca, tenta reescrever a história, transformando o regime neofascista em uma "democracia soberana" e rebaixando suas próprias críticas ao status de fake news.

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