"Bênção das bandeiras da Revolução de 1817", de Antônio Parreiras. A obra faz referência à Revolução Pernambucana, movimento de cunho liberal e republicano que irrompeu em Pernambuco há 205 anos, em 6 de março de 1817.
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A Rev. Pernambucana foi o único dos movimentos emancipacionistas coloniais que conseguiu ultrapassar a fase conspiratória. Os revoltosos proclamaram um governo independente em Pernambuco que se prolongou por 75 dias, até ser debelado pelas tropas legalistas.
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No início do séc. XIX, Pernambuco detinha o posto de capitania mais rica do Brasil. A elite local, entretanto, ressentia-se da presença maciça de portugueses em cargos na administração pública e do alto volume de impostos repassados à corte portuguesa no Rio de Janeiro.
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À insatisfação da elite local com o governo colonial, somou-se a influência das ideias liberais e iluministas, que tiveram notória inserção entre os setores médios - sobretudo pela atuação de sociedades secretas, nomeadamente o Areópago de Itambé, 1ª loja maçônica do país.
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A capitania também servia de sede ao Seminário de Olinda, onde se concentrava grande parte do clero católico iluminista que aderiu ao movimento revolucionário — nomeadamente Frei Caneca, que futuramente seria convertido em um dos líderes da Confederação do Equador.
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A preparação do movimento teve início na casa de Domingos José Martins. A insurreição recebeu apoio de militares, comerciantes e religiosos, tais como José Barros Lima, João Ribeiro e Cruz Cabugá, entre outros. Também contou com a adesão das sociedades secretas locais.
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Ao tomar conhecimento da conspiração, o governador ordenou a prisão de conspiradores. A revolução teve início em 6 de março de 1817, quando Barros Lima, o "Leão Coroado", matou a golpes de espada o comandante Barbosa de Castro, que havia sido incumbido de prendê-lo.
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Os revoltosos libertaram os civis presos, tomaram o quartel e ergueram trincheiras nos arredores do regimento. Surpreendido com a sublevação, o governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro abandonou o palácio do governo e refugiou-se no Forte do Brum.
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Os revoltosos, entretanto, cercaram a fortaleza e obrigaram o governador a se render. Após dominaram as demais instalações do governo e a Casa do Erário, obtendo acesso ao tesouro régio da capitania, proclamaram a república e formaram uma junta governativa.
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Em 29/03, a junta convocou uma assembleia constituinte integrada pelos representantes das comarcas. Também decretou as primeiras medidas do governo revolucionário: separação entre os três poderes, liberdade de culto, liberdade de imprensa e abolição dos impostos régios.
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O novo governo, entretanto, optou por manter a escravidão, apesar da retórica de inspiração iluminista sobre igualdade e a liberdade. Tal fato é explicado pela grande quantidade de latifundiários e donos de engenho que haviam aderido ao movimento...
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... e que tinham o trabalho escavo como base de sustentação de seu poder político e econômico. Os revoltosos tentaram expandir a revolução pelo Nordeste. Após conseguir a adesão do comandante local da comarca de Alagoas...
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...Padre Roma, emissário do governo pernambucano, seguiu viagem até a Bahia, onde foi preso e fuzilado. A Paraíba aderiu ao movimento, tendo à frente o vigário de Pombal. No Rio Grande do Norte, o movimento obteve apoio de André de Albuquerque Maranhão.
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André conseguiu derrubar o governador José Inácio Borges, ocupar Natal e formar uma junta governativa, mas logo foi deposto. No Ceará, Bárbara de Alencar e seu filho, Tristão Gonçalves, aderiram ao movimento, mas foram presos pelo capitão-mor José Pereira Filgueiras.
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Acionado por emissários de Pernambuco, o governo dos Estados Unidos manifestou discreto apoio à insurreição, chegando a fornecer armas aos revolucionários. Ex-oficiais de Napoleão Bonaparte, preso na Ilha de Santa Helena, foram igualmente cooptados pelo movimento.
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Antes que o apoio externo pudesse se concretizar, entretanto, as tropas imperiais iniciaram uma repressão brutal ao movimento. Forças legalistas chefiadas por Luís do Rego Barreto cercaram a capitania e investiram contra os revolucionários a partir do território da Bahia.
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Por sua vez, o porto de Recife foi submetido a um severo bloqueio marítimo, imposto por uma enorme esquadra vinda do Rio de Janeiro. A batalha decisiva foi travada em Ipojuca, no interior de Pernambuco. Derrotados, os revolucionários recuaram até Recife.
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A capital pernambucana capitulou em 19 de maio, após 75 dias de combate e um saldo de mais de 300 mortos. Sufocada a insurreição, os líderes foram executados em Salvador. Domingos José Martins, José Luís de Mendonça e Padre Miguelinho foram fuzilados em junho de 1817.
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Luís do Rego Barreto assumiu o governo pernambucano e deu prosseguimento ao julgamento dos revoltosos, ordenando o enforcamento esquartejamento de 14 réus.
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O vigário Tenório foi enforcado, decapitado, teve suas mãos decepadas e o corpo arrastado pelas ruas de Recife. Por sua vez, padre João Ribeiro suicidou-se na prisão, mas teve o corpo desenterrado, esquartejado e exposto à execração pública.
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Na Paraíba, 6 líderes do movimento também foram executados. Como retaliação à insurreição, Pernambuco foi desmembrado, perdendo mais da metade de seu território. A comarca de Alagoas tornou-se capitania autônoma e a comarca de São Francisco foi integrada à Bahia.
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Embora malsucedida, a Revolução Pernambucana ajudou a enfraquecer o domínio colonial português, insuflando o movimento emancipacionista, servindo, dessa forma, de precursora à independência brasileira conquistada em 1822.
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Também lançou as bases da Confederação do Equador — movimento separatista e republicano que eclodiria no Nordeste do Brasil sete anos depois.
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