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"Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade". Karl Marx

Mar 13, 2022, 32 tweets

Soldados guardam a entrada do Fort Detrick, em Frederick, Maryland. Sede do programa de armas biológicas dos Estados Unidos, a instalação militar armazena amostras dos patógenos e toxinas mais perigosos conhecidos pela humanidade, incluindo ebola, varíola, SARS e antraz.

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Fort Detrick conserva dados dos experimentos conduzidos pelos pesquisadores do Eixo durante a Segunda Guerra. O local coordenou alguns dos experimentos científicos mais antiéticos do século XX, incluindo o MK Ultra, e notabilizou-se pela produção do "Agente Laranja".

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Inaugurado em 1931, Fort Detrick foi convertido em centro de pesquisa de guerra biológica durante a Segunda Guerra, sob a direção de George Merck (proprietário da farmacêutica Merck). Milhares de bombas contendo esporos de antraz foram produzidas no local nos anos 40.

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Durante a Operação Paperclip, a unidade empregou um grande contingente de cientistas que desenvolveram experimentos nos campos de extermínio da Alemanha nazista, incluindo Walter Schreiber, Erich Traub e Kurt Blome.

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Fort Detrick também incorporou dados das pesquisas realizadas pela infame Unidade 731 — centro de pesquisa do Exército Imperial do Japão, responsável por conduzir experiências contra civis chineses e soldados aliados durante a Segunda Guerra Mundial.

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Os experimentos incluíam o uso de bactérias, gás venenoso, câmaras de pressão, vivissecções, etc. A Unidade 731 também foi responsável por comandar a guerra bacteriológica contra as províncias orientais e meridionais da China, matando dezenas de milhares de civis.

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Após a rendição do Japão, os EUA ofereceram um acordo, comprometendo-se a não processar os cientistas. Em troca, os japoneses repassariam os registros das experiências aos estadunidenses. Ishii Shiro, diretor da Unidade 731, tornou-se consultor de armas biológicas nos EUA.

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A incorporação das pesquisas e quadros do Eixo possibilitaram o avanço do programa de armas biológicas dos EUA, permitindo o desenvolvimento das bombas bacteriológicas usadas para atacar a Coreia do Norte e a China na década de 50, causando surtos de peste e cólera.

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Também conduziram experimentos de guerra bacteriológica com prisioneiros da Ilha de Geojedo, na Coreia do Sul. Foi também em Fort Detrick que ocorreu a produção do Agente Laranja — arma química que vitimou quase 5 milhões de vietnamitas e causa sequelas até hoje.

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Fort Detrick também conduziu experimentos de guerra biológica nos EUA, usando civis como cobaias. Nos anos 50, a unidade lançou a Operação Whitecoat, que infectou jovens da Igreja Adventista e voluntários do serviço médico com a bactéria da tularemia (febre do coelho).

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Em 1969, em um projeto realizado em colaboração com a CIA, Fort Detrick recebeu uma subvenção milionária para desenvolver, no prazo de 5 a 10 anos, um agente biológico sintético para o qual não existisse imunidade natural, visando o uso como arma biológica.

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A CIA também colaborou com os pesquisadores de Fort Detrick durante o Projeto MK Ultra. Idealizado por Sidney Gottlieb e supervisionado por Allan Dulles, o projeto visava aperfeiçoar técnicas de lavagem cerebral e controle mental...

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...além de pesquisar substâncias incapacitantes e e materiais biológicos, químicos e radioativos aptos a produzir mudanças comportamentais e fisiológicas nos indivíduos. O projeto teve como inspiração experiências realizadas pelos nazistas no campo de Dachau.

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O MK Ultra manteve ao menos 149 linhas de pesquisa, parte das quais financiadas pela Fund. Rockefeller. As cobaias eram geralmente portadores de problemas mentais, prisioneiros, prostitutas, dependentes químicos, crianças e pessoas consideras "descartáveis".

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As experiências envolviam a necessidade de solapar a resistência das cobaias, drogando-as com medicamentos psicoativos, sobretudo LSD. As torturas incluíam choques elétricos, afogamento, indução de paralisia, incapacitação, isolamento cognitivo, abusos sexuais, etc.

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Algumas técnicas de tortura desenvolvidos pelo MK Ultra foram incorporadas aos manuais da Escola das Américas e compartilhados com as ditaduras militares latino-americanas. Outras continuam em uso até hoje nas prisões de Guantánamo e Abu Ghraib.

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Entre as vítimas fatais do projeto, está o bacteriologista Frank Olson, que alegadamente teria pulado de uma janela após receber doses de LSD. A família de Olson contesta o relato e acredita que o cientista foi assassinado após ameaçar delatar o programa para a imprensa.

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Outras vítimas do Projeto MK Ultra tornaram-se famosas por envolvimentos em crimes após passarem por procedimentos de lavagem cerebral. É o caso de Theodore Kaczynski (Unabomber), James J. Bulger, Sirhan Sirhan, Lawrence Teeter e Jimmy Shaver, entre outros.

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Em 2008, Bruce Ivins, pesquisador de Fort Detrick, foi identificado como o responsável por realizar os ataques com cartas contaminadas com antraz que infectaram 22 pessoas e mataram 5. Os ataques serviram de justificativa para que os EUA restringissem os direitos civis.

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Em meados de 2019, Fort Detrick foi fechado após a detecção de violações das normas de segurança e vazamento de material biológico. Pouco tempo depois, o estado de Maryland, onde se localiza a instituição, foi afetado por uma pneumonia de origem desconhecida.

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Em paralelo, os EUA testemunharam um aumento sem precedentes de epidemias de influenza em todo o país, além de um surto de de doenças respiratórias sem explicação, atribuídas pela imprensa ao uso de cigarros eletrônicos.

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A coincidência entre o vazamento nos laboratórios de Fort Detrick e o surto de doenças respiratórias nos EUA em 2019 fortalecem as suspeitas de que a instituição estaria ligada à pandemia de Covid-19.

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Representes de governos, instituições independentes e pesquisadores internacionais solicitaram uma investigação formal ao laboratório, que foi recusada pelo governo dos Estados Unidos.

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Um relatório publicado pelo NIH em 06/2021, com base em 24 mil amostras de sangue, confirmou que ao menos 9 estadunidenses já possuíam anticorpos para o novo coronavírus em dezembro de 2019, um mês antes do surgimento da epidemia em Wuhan, na China.

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Reportagens publicadas pelo "Palm Beach Post" e pelo "USA Today" também indicavam a existência de 171 pessoas infectadas na Flórida em dezembro de 2019. Desses, 103 nunca haviam viajado para outros países.

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Além de Fort Detrick, os Estados Unidos possuem outros 200 laboratórios biológicos de uso militar e civil espalhados pelo mundo, muitos dos quais suspeitos de serem utilizados para o desenvolvimento de armas biológicas.

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Leituras complementares:

"A Assustadora História do Laboratório de Fort Detrick", artigo de Ceng Jing, traduzido por Leonardo Griz Carvalheira e publicado pelo LavraPalavra:

lavrapalavra.com/2020/06/11/a-a…

"Quanto tempo ainda vai durar o crime de Fort Detrick?". Artigo de Li Yang no jornal O Globo:

oglobo.globo.com/opiniao/quanto…

"Opinião: mistério de Fort Detrick poderá ter as respostas para a origem do coronavírus". Artigo de Por Niu Wenxin no China News Weekly, republicado pelo portal Portuguese People:

portuguese.people.com.cn/n3/2021/0729/c…

"As relações clandestinas do Laboratório Fort Detrick com a guerra biológica e química". Artigo da Rádio Internacional da China, republicado pelo Brasil 247:

brasil247.com/mundo/as-relac…

"Ebola: Centro de investigação biológica de Fort Detrick, responsável pelo surto?". Artigo de
Káren Méndez no Opera Mundi:

dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/eua/51097/ebol…

"​Relações clandestinas entre a Unidade 731 e o Laboratório Fort Detrick". Artigo no CRI:

portuguese.cri.cn/news/world/408…

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