Um nativo americano do povo Sioux fotografado em frente ao Monte Rushmore. Dakota do Sul, Estados Unidos, junho de 1957. O monumento com os rostos de quatro presidentes estadunidenses foi esculpido sobre uma montanha sagrada para os indígenas — a Montanha dos Seis Avôs.
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Considerado um dos monumentos mais famosos dos EUA, o Monte Rushmore atrai mais de dois milhões de visitantes anualmente, que vão até o local para observar os rostos de George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln gravados sobre a rocha.
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Muito antes da inauguração do monumento, entretanto, a imponente montanha de granito já era um importante ponto de peregrinação, visitado pelas culturas ameríndias que habitavam a região de Black Hills, nas Grandes Planícies.
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O território onde se localiza o monumento era considerado terra sagrada por diversos povos indígenas desde a era pré-colombiana e o Monte Rushmore era o principal centro de devoção. A montanha era chamada pelos indígenas de "Tunkasila Sakpe Paha", ou Montanha dos Seis Avôs.
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A montanha servia de como sítio de oração e veneração aos ancestrais para diversos povos indígenas que habitavam as Grandes Planícies, incluindo os Lakota, os Cheyenne, os Omaha, os Kiowa, os Apaches e os Arapaho.
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A Montanha dos Seis Avôs era particularmente importante para a cosmologia do povo Sioux, que a consideravam como o "centro do universo" e referência basilar de seu sistema de crenças.
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Durante a Marcha para o Oeste, as terras indígenas de Black Hills passaram a ser invadidas por colonos estadunidenses, causando uma série de conflitos com a população nativa. Em 1868, o governo dos Estados Unidos e os líderes ameríndios assinaram o Tratado de Fort Laramie.
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O tratado reconhecia Black Hills como uma reserva indígena. Em contrapartida, o governo estadunidense passou a forçar a realocação de diversos grupos indígenas para a reserva de Black Hills, tomando posse de territórios vistos como mais valiosos.
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Menos de uma década depois, entretanto, os colonos descobriram ouro em Black Hills. O governo dos EUA imediatamente rompeu o tratado e passou a reivindicar o controle da região. Sucessivas campanhas militares foram organizadas para ocupar o território.
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A princípio, os nativos conseguiram resistir aos ataques e preservar a posse da terra. Em 1876, entretanto, o exército estadunidense organizou uma grande expedição, com um grande número de soldados bem armados, dando início à Grande Guerra Sioux, ou Guerra de Black Hills.
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As batalhas se arrastaram por dois anos, terminando com o massacre do povo Sioux e a tomada da região. Imediatamente após a derrota dos indígenas, o governo estadunidense começou a incentivar a exploração econômica da reserva de Black Hills.
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Seis Avôs, a montanha sagrada dos nativos, seria rebatizada como Monte Rushmore em homenagem a um dos primeiros empresários a estabelecer atividades comerciais na região. O milionário Charles Rushmore visitou Black Hills em 1884 para fundar uma mina de estanho.
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Rushmore retornaria à região várias vezes, em viagens de negócio ou atividades de caça, e passou a brincar que as visitas frequentes lhe davam o direito de rebatizar a montanha sagrada dos indígenas com o seu nome.
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Em 1925, Rushmore doou fundos para a construção do monumento dos presidentes. O governo dos EUA lhe retribuiu, oficializando a denominação "Monte Rushmore". O monumento foi idealizado por Doane Robinson, membro da Sociedade Histórica do Estado de Dakota do Sul.
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Robinson se inspirou em um monumento na Geórgia, cuja construção havia sido financiada pela Ku Klux Klan - Stone Mountain, uma rocha esculpida em homenagem aos líderes confederados que lutaram a favor da manutenção da escravidão durante a Guerra de Secessão.
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Após conhecer o monumento, Robinson lançou uma campanha em prol da construção de uma obra similar em Dakota do Sul, que homenageasse figuras históricas e ao mesmo tempo ajudasse a incrementar o turismo na região.
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A ideia foi imediatamente encampada pelos moradores do estado e pelo governo estadunidense.
Gutzon Borglum, o mesmo escultor que concebeu o monumento confederado de Stone Mountain, foi contratado para executar a obra de Dakota do Sul.
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Borglum era um supremacista vinculado à Ku Klux Klan. Integrava comitês da organização e comparecia às suas manifestações. Também era amigo de David Curtiss Stephenson, infame líder da KKK, que seria posteriormente condenado pelo estupro e assassinato de Madge Oberholtzer.
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Cartas assinadas por Borglum registram sua preocupação com a chegada de imigrantes aos Estados Unidos, rotulando-os como "uma horda de mestiços que ameaçam a pureza nórdica do Ocidente". Outros manuscritos de Borglum dão testemunho de seu desprezo pelos povos indígenas.
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A construção teve início em 1927, com Borglum à frente de uma equipe de 400 operários. Dinamite, picaretas e martelos pneumáticos foram utilizados para retalhar a antiga montanha sagrada dos indígenas e remover 450 mil toneladas de granito. A execução levou 14 anos.
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Borglum morreu antes de concluir o monumento, incumbindo seu filho, Lincoln, de finalizar a obra. Os fundos não foram suficientes para esculpir os bustos, conforme originalmente planejado. Após a execução das faces, o monumento foi declarado pronto e inaugurado em 1941.
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Assim, a sagrada Montanha dos Seis Avôs, centro do universo do povo Sioux, converteu-se numa ode ao patriotismo chauvinista estadunidense, erguida sobre terra indígena roubada dos nativos massacrados.
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Não por acaso, os quatro rostos representados contribuíram para o genocídio das culturas ameríndias. Os escravagistas George Washington e Thomas Jefferson conduziram as primeiras campanhas das Guerras Indígenas.
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Theodore Roosevelt desmantelou o Território Nativo Americano de Oklahoma e Abraham Lincoln enviou tropas para massacrar os indígenas que se sublevaram em Minnesota em 1862.
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