Voltei ontem de Atalaia do Norte, de onde consegui postar pouco por conta do sinal precário (o upload de uma única foto leva longos minutos). Então posto agora um resumo do que vimos e descobrimos por lá, eu, o @oliverlaughland e o Danilo do Carmo.
#JusticaParaDomEBruno
Começamos por Tabatinga, cidade mt violenta, na fronteira do Brasil com Peru e Colombia. Na véspera, um homem havia sido executado a tiros num restaurante em Letícia (a cidade colombiana, onde se chega com um reles atravessar de rua). Morreu tb uma turista holandesa
Lá, encontramos a família do Maxciel Pereira dos Santos, indigenista da Funai que foi pupilo do Bruno Pereira - e que tb foi executado a tiros, em 2019. Sua mãe, Noemia, nos contou que Max era o caçula de seus 13 filhos. E que a investigação da PF está parada há 2 anos e 9 meses.
Assim como Bruno, Maxciel combatia o comércio ilegal de pirarucu. Sofria ameaças. Foi morto no dia 6 de setembro, quando prestava serviço para a @funaioficial (o contrato ia até outubro). A família nunca foi indenizada pelo Estado.
Contamos essa história aqui: theguardian.com/world/2022/jun…
De Tabatinga segue-se de barco a Benjamin Constant, cidade que centraliza os cartéis de droga, pesca e extração de madeira. Do outro lado do rio fica a cidade peruana de Islândia, onde vive o traficante Colombia, um dos suspeitos de ser o mandante do assassinato de Bruno e Dom.
De Benjamin parte-se de carro a Atalaia do Norte. É lá que fica a sede da Univaja.
Fomos à delegacia, onde estão presos provisoriamente Pelado e mais dois suspeitos pelo crime. A Polícia Civil ainda tenta prender mais cinco pessoas, a maior parte parentes de Pelado. Ontem pela primeira vez PC e PF admitiram publicamente que investigam um mandante - o que é bom.
Tráfico de peixe é tão lucrativo quanto drogas, disse o @DelegadoSaraiva. Bruno atrapalhava a atividade de peixes grandes. Até 2019, tinha respaldo da Funai. Destruída a fundação, passou a combater pela Univaja, sem o Estado. Ele e Dom foram mortos pela política de @jairbolsonaro
Falamos com pessoas na casa onde Dom e Bruno dormiram; falamos com Churrasco, que Bruno tentou encontrar antes de ser morto. E acompanhamos a vinda de indígenas das aldeias distantes para homemageá-los.
Na terça, indígenas de várias etnias discursaram e cantaram em honra de Dom e Bruno na sede da Univaja.
Um deles era Tamakouri Kanamari, que um dia depois levaria mais uma denúncia de invasão de seu território à Funai.
Publicamos uma série de matérias, junto com o @adowniebrazil, que estão no site do @guardian. Ainda publicaremos mais um texto e um vídeo. Mas como chegou muita gente nova por aqui, por sugestão do @tomphillipsin, achei importante contar um pouco do que vimos por lá.
Queria agradecer publicamente ao @caio_, que me indicou para o trabalho. Não conheci o Bruno, mas o @rubensvalente, que o conheceu muito bem, diz que ele tinha tudo para chegar a ser ministro, dada a sua competência.
Mas conheci o Dom.
A morte do Dom me deixou mt perturbado. E por deferência a ele, o único lugar onde eu gostaria de ter estado, neste momento, era no Vale do Javari. Para que ao menos a gente ajude a fazer esse crime ser solucionado. Para que a gente tente proteger aquela região como ele protegeu.
E pq, em última instância, lutar por #JusticaParaDomEBruno é lutar contra esse simulacro de Hitler que governa o Brasil. No que depender de mim, lutarei cada dia para enviar esses vermes de volta ao esgoto. E para que ninguém mais perca a chance de dizer “Amazônia, sua linda”.
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