Uma das guerras mais importantes do país, a Revolução Farroupilha também foi palco de uma das histórias mais controversas, desleais e intragáveis da sociedade brasileira. Negros que lutaram com o exército do RS receberam a morte como recompensa no Massacre de Porongos
Tudo começa na famosa Guerra de Farrapos, que colocou do lado o império contra os proprietários de terras escravagistas. Na época o Brasil era dividido em províncias e o RS era a província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Os farrapos queriam independência
Os insurgentes gaúchos, proprietários rurais reivindicavam um tratamento mais privilegiado como a diminuição dos impostos, porém a província tem um amplo histórico de divisões ideológicas com o Governo Regente - por várias vezes tentaram instaurar um governo próprio
Quando a revolução tomou caráter separatista, foi proclamada a República Rio-Grandense em 1835. Eram muitas frentes de batalhas, enquanto algumas tentavam destituir o presidente provincial em Porto Alegre, outras confrontavam o exército do império.
Com uma nova república as regras poderiam ser diferentes, inclusive as leis de escravidão. Mas se engana quem acredita que os Rio-grandenses eram abolicionistas visionários da liberdade para todos. A guerra que durava anos necessitava de recursos bélicos, principalmente soldados
A princípio os negros mantiveram seus trabalhos escravos, mas logo foram convidados para a luta pela nova república sob a promessa de receberem a liberdade . Morrer no campo de batalha era melhor do que no tronco com grilhões, muitos agarraram a chance com fervor.
Dois corpos militares foram criados, com mais de 400 homens que vinham inicialmente de onde hoje residem os municípios de Canguçu, Piratini, Pedro Osório, Arroio Grande e outros. A grande maioria dos negros não eram libertos pelos farrapos, estes no máximo vendiam para a guerra
Então quando atacavam uma fazenda inimiga, eles ofereciam a carta de alforria para que fizessem parte do exército. Os negros nunca tiveram os mesmos ideais da República Rio-Grandense, estavam ali pela sua sobrevivência e a esperança de liberdade.
Apesar disso, lutavam com ferocidade. Criaram bastante temor nos militares do Império. “Nunca vi, em nenhuma parte, homens mais valentes, em cujas fileiras aprendi a desprezar o perigo…” - Giusebbe Garibaldi em biografia escrita por Alexandre Dumas.
Participaram de batalhas importantes como a do Batalha do Seival, quando os revoltosos gaúchos enfrentaram as tropas imperiais para derrubar o presidente da província - o equivalente ao governador nos dias de hoje. Cada vitória era um combate pela liberdade dos seus irmãos negros
O conflito entre as duas repúblicas era danoso para ambos, na verdade o Império nem reconhecia aquela província como república. Então tentou finalizar o conflito (de 10 anos) de forma diplomática, até prometendo ressarcir os gastos com o conflito de alguns proprietário.
O tratado de paz começou a se consolidar entre o império e a república Rio-Grandense, mas um grande impasse surgiu: o que fazer com os lanceiros negros que lutaram por uma década ao lado dos farrapos? O Brasil não iria alforriar negros com treinamento militar.
Alguns farroupilhas entregaram os negros de volta a escravidão outros resistiram temendo uma rebelião pela traição que estavam cometendo. O responsável pela aproximação e tratado com os Farrapos era Luiz Alves de Lima e Silva, mais conhecido Duque de Caxias.
Em 1844, Duque de Caxias, com general farroupilha David Canabarro chegaram a uma solução para o conflito. Canabarro ordenou que os Lanceiros negros montassem acampamento, desarmados, no local conhecido como Arroio Porongos, atualmente chamado de Pinheiro Machado
Na época os acampamentos eram segregados, os farroupilhas estavam em outro local e nem parecia haver problemas já que um tratado de paz estava para se concretizar. Mas na madrugada do dia 14 de Novembro daquele ano os lanceiros negros foram atacados pelo exército imperial
“Poupe o sangue brasileiro o quanto puder, particularmente da gente branca da Província ou dos índios, pois bem se sabe que essa pobre gente ainda pode ser útil no futuro" Carta enviada por Duque de Caxias ao comandante Francisco Pedro de Abreu.
Os Lanceiros assassinados foram de 600 a 700, como vocês sabem Duque de Caxias se tornou o patrono do exército Brasileiro. Relembrar essa história é honrar os verdadeiros heróis da liberdade.
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Como funciona o roubo que a Inteligência Artificial faz com a literatura?
Depois das últimas discussões na rede fui investigar, acredito que seja impossível barrar o avanço das IAs, por isso precisamos aprender a proteger nossos direitos de criadores e privcidade contra esse sistema.
O mercado literário internacional já começou a travar uma guerra contra empresas do tipo Meta e Open AI e o brasileiro tem uma grande oportunidade, isso porque a maior parte da literatura nacional ainda não aparecer nos dados que foram utilizados pra treinar os algoritimos.
Os algoritimos de IA como Chatgpt, Copylot e Gemini precisam ser alimentados por dados, tabelas cheias de textos para quando forem solicitados eles usarem frases prontas, misturando e criando segundo os desejod sos usuários. Uma investigação recente trouxe à tona 3 conjuntos de dados, chamados Books1, Books2 e Books3
O Books1 não é nada problemático, ele tem cerca de 70 mil livros extraídos de um projeto que distribui ebooks livres de direitos autorais. O projeto Gutemberg
Obras em domínio público podem ser utilizadas livremente por IAs? (ta aí uma boa discussão)
Agora o Books2 revela um grande problema na falta de regulamentação. Ninguém sabe o que existe nele, ambos foram utilizados pela Open Ai para o chatgpt, o books2 pode conter milhares de obras piratas as empresas já enfrentam processos internacionais para revelar a origem do seu conteúdo. Como envolve dinheiro, logo editoras gigantes e empresários do entretenimento estão entrando na briga.gutenberg.org
Bora entender qual a relação da extrema-direita com o vídeo que viralizou da Aymée e o pânico que criam em torno do Marajó para enriquecer (mais ainda) uma franquia evangélica.
Na foto é a cantora que "viralizou"com um pastor chamado Lucas Hayashi, líder da Zion Church, entre os trabalhos dessa igreja está exatamente o de coletar doações e fundos para "missões" de evangelização. A música da cantora reascendeu uma mobilização que favorece bastante essa igreja há anos, qual será o interesse econômico dessas missões no marajó?
A Zion Church é liderada por, Junia e Teófilo Hayashi dois pastores que transformaram suas igrejas em franquias milionárias que crescem muito nos últimos anos
Em 2022 estavam ganhando medalhas das mãos da Damares. Ambos participam do Fórum Evangélico Nacional de ação politica desde 2014. Na foto está o Téo, pastor famozinho do youtube que fundou esse movimento que ainda é base do bolsonarismo com a garotada.pleno.news/fe/junia-hayas…
Aliás é em outro evento dessa franquia evangélica, The Send um evento que mistura nacionalismo com cristianismo importado dos EUA, que o Jair teria se "convertido para Cristo".
Consegue imaginar que uma das palavras mais lindas dentro de algumas culturas africanas pode ter se originado do termo "Criado"? Essa thread é sobre o poder de construir novos significados
Em 1637, um missionário francês descreveu no Relation du voyage du Cap-Verd, uma figura destacada no Império Mali, era um tipo de conselheiro, mas uma casta de sábios, músicos e guardiões das tradições orais daquele povo. Ele não entendia exatamente, chamou de guiriot.
Portugueses usavam o termo criado, que significa “aquele que come, aprende e mora na casa do patrão”. Acontece que existiam palavras parecidas com a pronúncia entre alguns povos nativos e por final se consagrou que esses contadores de histórias ficaram conhecidos como Griots.
Quando os primeiros navegantes se depararam com pessoas negras nos séculos XVI eles as descreveram como "seres imundos e inferiores", muitas vezes relacionavam o mau cheiro à pele negra.
O mito racial que se consolidou nos séculos seguintes defendia uma total distinção das características físicas e mentais entre negros e brancos, mesmo no Brasil os intelectuais do início da República (até alguns abolicionistas) defendiam essa crença
"A Raça Megra no Brasil, por maiores que tenham sido seus incontestáveis serviços à nossa civilização... há de constituir sempre um dos fatores da nossa inferioridade como Povo" - Nina Rodrigues
As vezes me perguntam como eu consigo ter amigos de vários espectros políticos e a resposta está na realidade: minha família é assim, tem todo tipo de gente, de reacionário fã de milico à petista roxo.
Acho que essa dicotomia esquerda vs direita tem contornos mais definidos na internet e também nas capitais, porque no interior é tudo meio nublado e até mesmo candidatos da esquerda exibem um conservadorismo com pautas de "família tradicional" e armamentista 😐
É uma bagunça, que a gente tenta organizar distribuindo informação, conversando sobre assuntos que nem sempre conseguimos aqui nas redes sociais. Tenho um tio que é gado bolsonarista e esses dias tava concordando que a corrupção na polícia é um dos maiores problemas
Saí do painel da UFRJ inspirado por conhecer outras visões sobre #Afrofuturismo. Aliás é interessante perceber que a discussão partindo do pessoal da tecnologia pode ter contornos bem diferentes da arte, pois eles tentam materializar um imaginário afrofuturista em nossa realidade
Enquanto eu, como ficcionista, não me interesso em construir mundos possíveis, mas de fazer a jornada da exploração imaginativa, que pode até explicar uma essência científica, porém pretende extrapolar ela.
Hugo Gernsback, por exemplo, define o SCIFI como "Um romance cativante, entremeado de fatos científicos e uma visão profética"
Hugo dá nome a um dos principais prêmios do gênero, recebido pela mãe do Afrofuturismo, Octavia Butler com a obra Speech Sounds e Bloodchild