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1/ O questionário do Censo de 2020 (Etapa Experimental) foi divulgado hoje pelo IBGE. O que caiu e o que ficou? Faço aqui uma breve análise das séries históricas
2/ Nas características de domicílios, muita coisa caiu. AS DIFERENÇAS COM O CENSO DE 2010 ESTÃO MARCADAS EM VERMELHO. A principal perda foi na informação sobre o valor do aluguel. A definição oficial de "déficit habitacional" é empenhar mais de 1/3 da renda com moradia 
3/ A propriedade do terreno é também informação importante. Em favelas, por exemplo, é comum que as familias sejam proprietárias do domicílio, sem serem proprietárias do terreno. E um terreno pode possuir várias casas
4/ Mas também caíram diversos bens duráveis e a averiguação do fornecimento de energia elétrica. O programa "Luz para todos" de fato quase terminou o processo de universalização da energia elétrica. Mas será mesmo que sabemos onde estão todos os últimos sem luz...?
5/ Na identificação geral de indivíduos, tivemos um ganho bem legal. A adição de um bloco sobre comunidades quilombolas (e a manutenção do bloco sobre populações indígenas)
6/ Caiu toda pesquisa sobre Emigração internacional, que havia sido realizada apenas em 2010. A diretoria do IBGE afirma que seria possível usar dados da polícia federal sobre isso. Cabe aguardar pra ver se a polícia vai liberar... Parcerias não estão garantidas
7/ No bloco sobre educação, caiu o quesito sobre a rede de ensino (pública/privada) frequentada por aqueles que ainda estão estudando
8/ No bloco de fecundidade, houve muitas reduções. Caiu o detalhamento por sexo dos nascidos vivos. Nem se pergunta mais sobre natimortos
9/ No bloco de trabalho, uma das alterações importantes foi a eliminação do quesito sobre o número de trabalhos que uma pessoa pode exercer. Apenas o "trabalho principal" (ou único) é captado
10/ Não é possível mais saber sobre o número de horas trabalhadas na semana -- nem para o trabalho principal, nem para os demais trabalhos. Isso é grave. Não será possível identifica subocupação por insuficiência de horas, nem renda por hora trabalhada
11/ Além disso, não será possível tentar associar o eventual menor número de horas trabalhadas a modalidades distintas de contratação via CLT (os trabalhos de tempo parcial ou intermitente, criados pela reforma trabalhista de 2017)
12/ Nos quesitos sobre rendimentos, repetiu-se a estratégia aplicada no Censo de 2010. Na minha opinião seria importante desagregar mais as fontes de renda. Em especial, aposentadorias e transferências focalizadas...
13/ Por fim, gostaria de dizer que não sou contra cortes no Censo, se feitos com justificativas baseadas em evidência -- e se houver fontes alternativas demonstradas.
14/ Não acho que esse foi sempre o caso desta vez... Perdemos muito, sem a avaliação mais adequada. E sem a garantia de fontes alternativas
