Para quem acha que a situação atual da economia brasileira é boa, segue um breve resumo de como está o mercado de trabalho no país:
1- taxa de desemprego é alta (12% no último dado disponível) cai muito lentamente (andou de lado na série com ajuste sazonal nos últimos 3 meses).
2- as taxas ampliadas de desemprego, que consideram trabalhadores subempregados e/ou desalentados, estão em patamar muito maior e algumas seguem aumentando.
3- no total, são 12,8 milhões de pessoas desempregadas no Brasil; 7,4 milhões de pessoas subempregadas e 8,3 milhões de pessoas na força de trabalho potencial.
4- Dentre os desempregados, a proporção de pessoas nessa situação há 2 ou mais anos é cada vez maior (lembrando que depois de muito tempo sem emprego as pessoas perdem suas habilidades, configurando perda de capital humano).
5- A população ocupada tem aumentado, é verdade. Desde o vale em mar/2017, a população ocupada saltou de 88,6 milhões para 93,3 milhões. Mas a qualidade do emprego é ruim: 83,8% dos empregos gerados foram no setor informal!
6- Nesse contexto, marcado por baixo poder de barganha dos trabalhadores, o crescimento do salário real tem desacelerado e foi negativo nos trimestres móveis encerrados em maio e junho.
7- A projeção média de grandes instituições financeiras e consultorias é que a taxa de desemprego deve permanecer em patamar de dois dígitos pelo menos até 2022.
8- Lembrando que a média histórica da taxa de desemprego (pela série da PNADC retropolada desde 1995) é 9,2% e que uma estimativa de NAWRU (taxa de desemprego que não acelera os salários) está em cerca de 9,0%.
Em resumo, a economia brasileira não está bem e não dá sinais de que ficará bem tão cedo. Isso deveria ser prioridade número 1 dos políticos e dos economistas. Nesse sentido, sugiro a leitura do livro "Acabem com esta crise já", do Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia.
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1- A difusão do IPCA-15 (que mede a proporção de bens e serviços que tiveram aumento de preços) alcançou 0,48 em julho, patamar bem abaixo da média histórica (0,62).
2- A difusão do grupo de serviços alcançou incríveis 0,46 no IPCA-15 de julho. Este seria o menor patamar da série histórica se desconsiderássemos o período da pandemia, que teve efeito brutal sobre o setor de serviços.
3- O movimento de ancoragem das expectativas de inflação segue firme na média do Top 5 de longo prazo (universo que considera os melhores previsores da inflação do Focus).
* ARTHUR LIRA INCLUI NA PAUTA URGÊNCIA DE PROJETO QUE PREVÊ O IPCA COMO ÍNDICE OFICIAL DE REAJUSTE DE ALUGUÉIS
Algumas dúvidas e comemtários sobre essa medida, caso venha a ser confirmada.
1- Faz todo o sentido substituir o IGP pelo IPCA. Por mto tempo os alugueis, um preço nontradable, tinham um comportamento de tradable, por conta da indexação ao IGP. Isso é herança do período de inflação crônica, quando ninguém confiava nos índices do IBGE e preferiam os da FGV.
2- o IGP é um indice de preço com pesos ad-hoc (60% de IPA, 30% de IPC e 10% de INCC) e é muito sensível às flutuações cambiais. A vinculação do valor do aluguel ao IGP amplia desnecessariamente o repasse cambial e os efeitos de choques de oferta na economia brasileira.
A comunicação do Comitê de Política Monetária (Copom) dessa semana merece ser debatida com cuidado.
Segue thread 👇
1- o BC mais uma vez decidiu por unanimidade, a despeito da enorme incerteza no horizonte relevante. Sei que já tratei das decisões unânimes do BC em outras ocasiões (vide artigo abaixo c/ Braulio no @valoreconomico), mas isso sempre me impressiona.
2- no front externo, o BC admitiu que os estímulos monetários terão longa duração, devido à presença de ociosidade nas principais economias. Curiosamente, se foi na direção de retirar seus estímulos por aqui, a despeito da ociosidade recorde no mercado de trabalho desde 1976.
Sobre o projeto de autonomia do BC, aprovado nesta semana pelo Senado, seguem alguns esclarecimentos e sugestões para a Câmara melhorar.
(1/n)
Antes de tudo: autonomia não é a mesma coisa que independência. Com autonomia, a sociedade escolhe as metas e o BC persegue as metas sem influência política. Com independência, o BC escolhe e persegue as metas.
(2/n)
O projeto aprovado no Senado dá autonomia ao BCB. Isso significa que a sociedade seguirá escolhendo as metas por meio de seu representante eleito (que indica as pessoas para o CMN) e o BCB utilizará os seus instrumentos para alcançá-las.
Convido a todos que se importam com a decadência do Rio de Janeiro para participar do lançamento do livro “Maravilhosa para Todos: políticas públicas para o Rio de Janeiro”, que tive o prazer de organizar. Amanhã, dia 14/10, às 20 horas, ao vivo no link: m.youtube.com/channel/UCTlpK…
O livro foi escrito por 42 especialistas em diversos temas que afetam a cidade:
A atuação do BNDES tem provocado um debates entre economistas, políticos, formadores de opinião e na população de forma geral.
Esses debates são saudáveis e devem ser estimulados, pois o BNDES é uma instituição pública.
Mas o que realmente aprendemos sobre o BNDES?
No artigo abaixo, feito por mim, em parceria com Samuel Pessoa (FGV/IBRE), Eduardo Pontual (UFRJ) e Fabio Roitman (BNDES), resenhamos toda a evidência empírica causal sobre o principal banco de desenvolvimento do Brasil. Foram 70 papers ao todos.