A grande dúvida em relação ao Flamengo paira sobre a condição física de Everton Ribeiro e Vitinho.
Vamos considerar que Gabriel não joga mesmo, ignorando a hipótese de blefe. O time poderia ter Everton, Vitinho ou Berrío.
Os três jogadores trazem diferentes possibilidades.
É provável que ele use Arrasca centralizado como falso 9 e Bruno Henrique infiltrando. Essa estratégia já foi usada em parte do jogo contra o Grêmio e também contra o Vasco (mas com a presença de Gabriel) e funcionou muito bem para abrir espaços.
Mas essa não é a única alternativa. Ele pode ter também dois meias abertos armando o jogo pra ganhar superioridade numérica no meio-campo ou até mesmo um 4-4-2 pra manter os zagueiros do Inter sempre no mano-a-mano.
O mais importante é o seguinte: o Fla deverá variar bastante de estratégia. Já falamos sobre a importância dessa metaformose contra o Vasco (
O Inter é muito seguro e não pode ficar confortável nem um minuto sequer.
Portanto imagino um time que começa no 4-4-2 fazendo pressão alta na frente e com uma intensidade alucinante. Depois de alguns minutos, um 4-3-3 mais cadenciado. Depois Arrascaeta como Falso 9, atraindo os zagueiros para as infiltrações... E por aí vai.
É mt provável que o Inter tente um jogo super direto, roubando a bola e lançando imediatamente. Precisamos ficar MUITO ligados com Guerrero, mas o mais importante é certificar que esse passe não saia limpo
Assim que perder a bola, o Flamengo precisará subir para pressionar. Especialmente em cima de Lindoso, que deve ser o responsável por essas ligações.
Para isso, é importante ter os jogadores sempre bem agrupados próximos da bola, uma das marcas do time de Jesus.
Nos últimos jogos, Jorge Jesus diminuiu a intensidade da pressão na saída de bola do adversário. O Flamengo se adaptou e não marca tão alto como nos primeiros jogos.
Hoje pode ser uma ótima alternativa, ainda mais nos primeiros minutos (
), mas não poderão seguí-los se caírem pelo meio, pois abririam o corredor para os nossos laterais. Robinho, do Cruzeiro, explorou bem isso.
Outro ponto importante: a defesa do Inter não se movimenta em bloco. Quando os laterais perseguem, muitas vezes se abre um buraco entre o lateral e o zagueiro ou entre os zagueiros.
Arão infiltrando pela direita e BH pela esquerda. Pode ser o mapa da mina.
O Fla tem feito a "saída de 3" em alguns jogos, com um volante recuando entre os zagueiros, mas provavelmente não será necessário hoje. Só Guerrero deve fazer uma meia-pressão na frente, então os zags + Diego A. podem sair por ali, liberando Cuellar para a batalha do meio-campo.
Também temos que ficar MUITO atento com as costas dos laterais. Um dos volantes, provavelmente Cuellar, tem que estar sempre atento para dobrar a marcação por ali e principalmente fechar o espaço entre o lateral e o zagueiro - Edenílson e Patrick adoram infiltrar por ali.
Ou seja, é preciso evitar a situação que aconteceu contra o Vasco (
Essas são algumas das opções que poderemos ver hoje. Jorge Jesus já mostrou diversas vezes que gosta de variar e surpreender, então é inútil tentar deduzir exatamente qual será o plano de jogo.
O que podemos fazer é ter um olhar atento para esses detalhes.
SRN
• • •
Missing some Tweet in this thread? You can try to
force a refresh
Um pequeno país em um canto da Europa tem um peso surpreendente na forma como a gente pensa e sente o futebol. Saíram da Holanda algumas das ideias mais importantes para a nossa compreensão do esporte.
Se hoje falamos tanto em espaço no jogo, é muito graças aos holandeses.
Como já falei aqui, tive a honra e o privilégio de ser o tradutor do livro @Zonal_Marking, do grande Michael Cox, lançado em pré-venda na semana passada pela @EdGrandeArea.
O livro começa falando sobre a influência holandesa no futebol europeu do início dos anos 1990 através de seu principal clube — o Ajax — e de dois ex-jogadores e então treinadores — Cruyff e Van Gaal.
O mais interessante, no entanto, é o mergulho no modo de pensar holandês.
Por que o Flamengo goleia tanto? - PARTE 3: O QUE OS NÚMEROS DIZEM
Os números não são o jogo em si, mas ajudam a entender o que se passa dentro de campo. É preciso ter cuidado, colocar tudo em contexto, mas dá para entender muita coisa a partir deles. Vamos ao mergulho!
Dos 14 jogos disputados pelo Flamengo sob o comando de Renato Gaúcho, 7 foram pelo BR21 e 7 em competições de mata-mata (Libertadores e CdB). Como o time tem se comportado de maneira diferente, a ideia aqui é olhar para esses números de maneira separada.
Por que o Flamengo goleia tanto? - PARTE 2: PORTEIRA QUE PASSA BOI
Meu antigo professor de história tinha uma espécie de frase de efeito. Não importava o assunto que estávamos estudando, em algum momento ele sempre dava um jeito de dizer: "porteira que passa boi, passa boiada".
Nesta série, pretendo explorar por diferentes ângulos a rotina atual de goleadas do Flamengo. Na PARTE 1 (
), detalhei as mudanças de estilo trazidas por Renato Gaúcho até aqui. Hoje quero falar sobre os contextos criados dentro dos jogos.
O 4x0 em cima do Grêmio é um bom ponto de partida. No fim de um primeiro tempo bastante instável, o Flamengo perdeu Bruno Henrique por lesão e Isla recebeu o vermelho. Parecia um cenário terrível, se encaminhando para um segundo tempo sofrido.
Por que o Flamengo goleia tanto? - PARTE 1: CONTROLE E AGRESSIVIDADE
O assunto do momento é aquele: como o Flamengo consegue golear em jogos que nem parece estar dominando durante a maior parte do tempo?
Há muita coisa para falar, então decidi fazer uma série. Começa aqui!
De fato, é quase inacreditável.
Em 14 jogos desde a chegada de Renato Gaúcho, o Flamengo teve 12V 1E e 1D. Mais incrível que isso: fez 45 gols (3,2 por jogo) e sofreu 10 (0,71 por jogo)!
Das 12 vitórias, 8 foram por 3 gols de diferença ou mais.
É normal que um retrospecto como esse gere admiração, um certo choque e até mesmo confusão.
Primeiro, porque são números simplesmente altos demais. Quase impossíveis de se ver por aí — e de se manter no longo prazo.
Gabigol está imparável. Fez 7 gols nos últimos 5 jogos que disputou. Dois de pênalti (ele simplesmente não perde) e outros cinco gols com a bola rolando.
Todos seriam considerados fáceis. Mas será que são simples?
Além do segundo e do terceiro gol contra o Santos, há mais três nos dois jogos contra o Olimpia. Cinco gols depois da marca do pênalti, todos finalizados com apenas um toque! A marca de um artilheiro letal!
Em um mesmo lance, ele faz três, quatro, cinco movimentos. Sabe exatamente o momento em que o passe pode sair, sabe exatamente como os zagueiros tendem a se comportar.
Futebol não é sobre estar no lugar certo. É sobre chegar no lugar certo, na hora certa, do jeito certo.