Esse é o símbolo da Frente de Ferro, organização paramilitar antinazista alemã que existiu durante a República de Weimar. Hoje, é usado por diversos coletivos antifascistas ao redor do planeta. Esse símbolo foi banido dos estádios de futebol dos EUA por ser considerado “político”
Nesta temporada, a Major League Soccer criou um novo código de conduta para os seus estádios, que impede demonstrações políticas. Porém, aí é que entra a discussão: para muitos, esse símbolo não é político, ele é apenas um símbolo contra perseguição e a favor dos direitos humanos
O que é um símbolo político? A linha é tênue e pode ser definida de forma arbitrária. Por exemplo, a MLS diz que uma bandeira LGBT como essa é permitida pelo seu novo código de conduta.
Mas e esse boné? Alguém seria proibido de entrar no estádio portando isso? A liga não sabe dizer. Em tese, é tão político quanto qualquer outro símbolo.
A região noroeste do país, quase no Canadá, é tradicionalmente progressista. A torcida do Portland Timbers, por exemplo, sempre utilizou o símbolo da Frente de Ferro em suas bandeiras, para se posicionar como uma torcida inclusiva e antifascista, e considera a medida um acinte.
(Essa é a torcida que, em 2017, levou faixas ao estádio dizendo: “escolha um lado. O nosso é contra o racismo”)
(os torcedores de Portland também produziram uma faixa com os dizeres “Now is the Time”, em referência à música de mesmo nome da banda The Specials, cuja letra diz: “se você tem um amigo racista, essa é a hora de acabar com essa amizade”)
Até porque a MLS é a liga que produziu camisa de treino para todos os seus clubes com essa estampa de camuflagem, em homenagem declarada às Forças Armadas dos Estados Unidos. Isso não seria também um ato político?
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Há exatos 50 anos, o Sporting vivia uma das suas melhores temporadas.
Em 24 de abril de 1974, o clube foi disputar uma semifinal continental na Alemanha Oriental.
Mas o plantel levou um susto após o jogo: não poderia voltar porque havia uma revolução em curso em Portugal.
Um golpe militar em 1926 havia transformado o país numa ditadura de influência fascista, um regime que, em sua maior parte, foi chefiado por António de Oliveira Salazar.
Era o Estado Novo português, que ocupava quase todos os âmbitos da vida no país - incluindo o futebol.
Esse regime, marcado por perseguição e tortura à oposição e um forte caráter nacionalista, havia começado a perder força.
Guerras por independência nas colônias africanas, como Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, crise econômica e grande emigração agravavam a situação portuguesa.
O que realmente representa um clube: sua torcida ou a instituição?
E quando torcedores e dirigentes têm posturas radicalmente opostas?
O caso do Rayo Vallecano, com torcida tradicionalmente de esquerda e um dono de direita, ajuda a pensar essa questão.
Do bairro operário de Vallecas, em Madri, o Rayo Vallecano sempre foi muito ligado às suas raízes.
A torcida Bukaneros, surgida em 1992, é a maior expressão do Rayo como representante de um bairro operário: cantos, mensagens e protestos à esquerda são comuns na bancada.
Mas em 2011, Raúl Martin Presa comprou o clube. Ele vive desde então em pé de guerra com a torcida.
Presa, por exemplo, contratou o ucraniano Roman Zozulya, acusado de fazer postagens neonazistas na internet. A revolta da torcida foi tão grande que o atleta nem entrou em campo.
Imagine ficar 15 anos sem jogar contra seu rival na liga nacional.
Quando o reencontro acontece, é na pior fase da história dos clubes, com ambos na segunda divisão.
Aconteceu na Noruega, nesse fim de semana, quando a "batalha de Oslo" entre Lyn e Vålerenga voltou a ocorrer.
Capital norueguesa, Oslo é cortada pelo rio chamado Akerselva, que divide a cidade em duas, leste e oeste.
Essa divisão marca a história moderna da cidade, com o lado oeste sendo considerado mais rico, e o lado leste mais pobre.
De um lado, a burguesia; do outro, os operários.
Reza a lenda que, como o vento sopra do oeste para o leste em Oslo, isso levava a fumaça para os distritos mais pobres, com o ar mais limpo ficando para os ricos.
Verdade ou não, o fato é que a divisão faz parte da história social da cidade, se refletindo inclusive na política.
Camisas com mapas: eterna fonte de brigas geopolíticas e jogos cancelados.
Dessa vez, a treta foi na África: uma partida entre USM Argel, da Argélia, e Renaissance Berkane, do Marrocos, não aconteceu devido a um mapa na camisa da equipe marroquina.
O mapa em questão é o do Marrocos incluindo o Saara Ocidental, território que é ocupado pelo exército marroquino de maneira considerada ilegal pela ONU.
A Frente Polisário, apoiada pela Argélia, luta pela independência do Saara Ocidental e a expulsão das forças marroquinas.
Considerada "a última colônia da África", o Saara Ocidental esteve sob poder da Espanha até o final da ditadura franquista. Então, Marrocos assumiu a colonização.
Isso rendeu provocações quando Marrocos eliminou a Espanha na Copa de 2022, e nós explicamos a questão aqui:
Banidas dos estádios na Espanha, torcidas de extrema-direita do Barcelona e do Real Madrid marcaram presença nos jogos fora de casa dos clubes na última rodada europeia.
Como esperado, manifestaram-se com racismo contra árabes e negros, gestos nazistas e cantos nacionalistas.
O 1º incidente aconteceu na semana passada em Paris, na ida das quartas de final da Champions League entre PSG e Barça.
Ultras dos grupos Boixos Nois e Nazis Catalans se uniram pra ir ao jogo, e foram filmados fazendo a saudação romana e imitando macacos.
A polícia parisiense informou que 2 torcedores foram detidos por "apologia a crime de guerra" e "insulto público racista".
Na quarta, ultras extremistas do Real Madrid foram filmados em Manchester gritando que "o City é dos mouros", no jogo de volta.
Os EUA vão sediar a Copa América deste ano, o novo Mundial de Clubes da FIFA em 2025, a Copa do Mundo de 2026, as Olimpíadas de 2028 e possivelmente as Olimpíadas de Inverno de 2034.
O país reconhece ser uma década de ouro para tentar promover (ou salvar) sua influência global.
Após a Guerra Fria, não havia dúvida de que o mundo era unipolar, com os EUA como a única superpotência do planeta.
A revista Time estampava orgulhosa na capa a ajudinha que estadunidenses haviam dado à eleição de Boris Yeltsin na Rússia, herdeira da antiga rival, a URSS.
No esporte, URSS e EUA travaram batalhas olímpicas pelo quadro de medalhas, e os soviéticos venceram as últimas duas, em 1988 e 1992 (já como "Time Unificado", pois o país não mais existia).
De lá pra cá, os EUA dominaram todas as Olimpíadas, exceto 2008, vencida pela China.