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Aug 21, 2019 8 tweets 3 min read Read on X
Esse é o símbolo da Frente de Ferro, organização paramilitar antinazista alemã que existiu durante a República de Weimar. Hoje, é usado por diversos coletivos antifascistas ao redor do planeta. Esse símbolo foi banido dos estádios de futebol dos EUA por ser considerado “político”
Nesta temporada, a Major League Soccer criou um novo código de conduta para os seus estádios, que impede demonstrações políticas. Porém, aí é que entra a discussão: para muitos, esse símbolo não é político, ele é apenas um símbolo contra perseguição e a favor dos direitos humanos
O que é um símbolo político? A linha é tênue e pode ser definida de forma arbitrária. Por exemplo, a MLS diz que uma bandeira LGBT como essa é permitida pelo seu novo código de conduta.
Mas e esse boné? Alguém seria proibido de entrar no estádio portando isso? A liga não sabe dizer. Em tese, é tão político quanto qualquer outro símbolo.
A região noroeste do país, quase no Canadá, é tradicionalmente progressista. A torcida do Portland Timbers, por exemplo, sempre utilizou o símbolo da Frente de Ferro em suas bandeiras, para se posicionar como uma torcida inclusiva e antifascista, e considera a medida um acinte.
(Essa é a torcida que, em 2017, levou faixas ao estádio dizendo: “escolha um lado. O nosso é contra o racismo”)
(os torcedores de Portland também produziram uma faixa com os dizeres “Now is the Time”, em referência à música de mesmo nome da banda The Specials, cuja letra diz: “se você tem um amigo racista, essa é a hora de acabar com essa amizade”)

Até porque a MLS é a liga que produziu camisa de treino para todos os seus clubes com essa estampa de camuflagem, em homenagem declarada às Forças Armadas dos Estados Unidos. Isso não seria também um ato político?

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Apr 25
Há exatos 50 anos, o Sporting vivia uma das suas melhores temporadas.

Em 24 de abril de 1974, o clube foi disputar uma semifinal continental na Alemanha Oriental.

Mas o plantel levou um susto após o jogo: não poderia voltar porque havia uma revolução em curso em Portugal. O plantel do Sporting na temporada de 1973/1974. Os jogadores posam para a foto em campo, com seis em pé atrás e cinco ajoelhados à frente
Um golpe militar em 1926 havia transformado o país numa ditadura de influência fascista, um regime que, em sua maior parte, foi chefiado por António de Oliveira Salazar.

Era o Estado Novo português, que ocupava quase todos os âmbitos da vida no país - incluindo o futebol. António de Oliveira Salazar, ditador de Portugal, é fotografado de lado prestes a discursar em microfones, em imagem em preto e branco
Esse regime, marcado por perseguição e tortura à oposição e um forte caráter nacionalista, havia começado a perder força.

Guerras por independência nas colônias africanas, como Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, crise econômica e grande emigração agravavam a situação portuguesa. Cartaz de propaganda salazarista traz uma ilustração de um homem chegando em casa e sendo recebido pelos filhos e esposa. Abaixo, o lema "Deus, Pátria, Família"
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Apr 24
O que realmente representa um clube: sua torcida ou a instituição?

E quando torcedores e dirigentes têm posturas radicalmente opostas?

O caso do Rayo Vallecano, com torcida tradicionalmente de esquerda e um dono de direita, ajuda a pensar essa questão. Imagem mostra jogadores do Rayo Vallecano, com camisas brancas com uma faixa vermelha, abraçados comemorando um gol perto da torcida.
Do bairro operário de Vallecas, em Madri, o Rayo Vallecano sempre foi muito ligado às suas raízes.

A torcida Bukaneros, surgida em 1992, é a maior expressão do Rayo como representante de um bairro operário: cantos, mensagens e protestos à esquerda são comuns na bancada. Imagem é uma faixa da torcida com Rayo Vallecano com os dizeres: "pequeno no esporte, grande nos valores. Viva o Rayo da classe operária".
Mas em 2011, Raúl Martin Presa comprou o clube. Ele vive desde então em pé de guerra com a torcida.

Presa, por exemplo, contratou o ucraniano Roman Zozulya, acusado de fazer postagens neonazistas na internet. A revolta da torcida foi tão grande que o atleta nem entrou em campo. Imagem mostra a bilheteria do estádio do Rayo Vallecano com uma faixa "Presa, vá-te já", e uma caricatura de Presa como o Mickey Mouse.
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Apr 23
Imagine ficar 15 anos sem jogar contra seu rival na liga nacional.

Quando o reencontro acontece, é na pior fase da história dos clubes, com ambos na segunda divisão.

Aconteceu na Noruega, nesse fim de semana, quando a "batalha de Oslo" entre Lyn e Vålerenga voltou a ocorrer. Estádio Ullevaal, em Oslo, visto da arquibancada de frente para um dos gols, com vários sinalizadores acesos atrás pela torcida do Vålerenga
Capital norueguesa, Oslo é cortada pelo rio chamado Akerselva, que divide a cidade em duas, leste e oeste.

Essa divisão marca a história moderna da cidade, com o lado oeste sendo considerado mais rico, e o lado leste mais pobre.

De um lado, a burguesia; do outro, os operários. Mapa da cidade de Oslo, com o rio marcado em preto para indicar a divisão da cidade na metade
Reza a lenda que, como o vento sopra do oeste para o leste em Oslo, isso levava a fumaça para os distritos mais pobres, com o ar mais limpo ficando para os ricos.

Verdade ou não, o fato é que a divisão faz parte da história social da cidade, se refletindo inclusive na política.
O lado oeste de Oslo, arborizado e com belas mansões
Viatura da polícia numa área residencial no leste de Oslo, com um prédio decadente e um playground pouco atrativo ao lado
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Apr 22
Camisas com mapas: eterna fonte de brigas geopolíticas e jogos cancelados.

Dessa vez, a treta foi na África: uma partida entre USM Argel, da Argélia, e Renaissance Berkane, do Marrocos, não aconteceu devido a um mapa na camisa da equipe marroquina. Imagem é a camisa do Renaissance Berkane, laranja, com o mapa vermelho do Marrocos em detalhe.
O mapa em questão é o do Marrocos incluindo o Saara Ocidental, território que é ocupado pelo exército marroquino de maneira considerada ilegal pela ONU.

A Frente Polisário, apoiada pela Argélia, luta pela independência do Saara Ocidental e a expulsão das forças marroquinas. Imagem é um mapa do Saara Ocidental com a separação das áreas controladas pelo Marrocos e a Frente Polisário.
Considerada "a última colônia da África", o Saara Ocidental esteve sob poder da Espanha até o final da ditadura franquista. Então, Marrocos assumiu a colonização.

Isso rendeu provocações quando Marrocos eliminou a Espanha na Copa de 2022, e nós explicamos a questão aqui:
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Apr 21
Banidas dos estádios na Espanha, torcidas de extrema-direita do Barcelona e do Real Madrid marcaram presença nos jogos fora de casa dos clubes na última rodada europeia.

Como esperado, manifestaram-se com racismo contra árabes e negros, gestos nazistas e cantos nacionalistas.
Grupo de ultras de extrema-direita do Barcelona no estádio Parque dos Príncipes em Paris, na semana passada
Grupo de ultras de extrema-direita do Real Madrid reunidos numa praça em Manchester, para jogo realizado na última quarta
O 1º incidente aconteceu na semana passada em Paris, na ida das quartas de final da Champions League entre PSG e Barça.

Ultras dos grupos Boixos Nois e Nazis Catalans se uniram pra ir ao jogo, e foram filmados fazendo a saudação romana e imitando macacos.
A polícia parisiense informou que 2 torcedores foram detidos por "apologia a crime de guerra" e "insulto público racista".

Na quarta, ultras extremistas do Real Madrid foram filmados em Manchester gritando que "o City é dos mouros", no jogo de volta.

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Apr 18
Os EUA vão sediar a Copa América deste ano, o novo Mundial de Clubes da FIFA em 2025, a Copa do Mundo de 2026, as Olimpíadas de 2028 e possivelmente as Olimpíadas de Inverno de 2034.

O país reconhece ser uma década de ouro para tentar promover (ou salvar) sua influência global. Gianni Infantino, presidente da FIFA, visita o então presidente dos EUA, Donald Trump, no salão oval da Casa Branca. Os dois exibem para a câmera uma camisa com o nome de Trump e o número 26, em alusão à Copa de 2026
Após a Guerra Fria, não havia dúvida de que o mundo era unipolar, com os EUA como a única superpotência do planeta.

A revista Time estampava orgulhosa na capa a ajudinha que estadunidenses haviam dado à eleição de Boris Yeltsin na Rússia, herdeira da antiga rival, a URSS. Capa da revista Time, dos EUA, com o título "yanks ao resgate", com uma pintura de Boris Yeltsin com a bandeira dos EUA nas mãos
No esporte, URSS e EUA travaram batalhas olímpicas pelo quadro de medalhas, e os soviéticos venceram as últimas duas, em 1988 e 1992 (já como "Time Unificado", pois o país não mais existia).

De lá pra cá, os EUA dominaram todas as Olimpíadas, exceto 2008, vencida pela China. Montagem com os anéis olímpicos e a bandeira da URSS, à esquerda, e dos EUA, à direita
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