Hoje é dia do TRABALHADOR! Reacende a memória da luta dos anarquistas já estabelecida no "novo mundo", as Américas. Não era só pelas 8 horas, não era ação de um sindicato ou central burocrática, era pela revolução social contra "os inimigos da humanidade", os burgueses. Fio + 
A Data foi criada pela Federação dos Trabalhadores dos Estados Unidos e Canadá (1880). Num meeting, em Chicago, decidiram que no dia 1 de maio de 1886 seria declarada uma greve geral em favor das 8 horas diárias de trabalho. As 8/8/8: 8 de trabalho, 8 de descanso, 8 de lazer.
Obviamente isso não brotou da cabeça de dirigentes, era resultado de uma série de lutas nos EUA que vinham desde as greves de carpinteiros e calafeadores em Boston (1832) até as grandes greves de ferroviários que varreram os EUA em 1877. Três anarcas se destacam nas mobilizações:
Albert Parsons, dos estados do Sul profundo dos EUA, companheiro de vida da militante anarca e costureira de profissão, Lucy Parsons, os dois adoravam cantar juntos "modas" sulistas;
Johann Most, imigrante europeu furioso, editor do Freiheit (Liberdade), decisivo pra Emma Goldman
Johann Most, imigrante europeu furioso, editor do Freiheit (Liberdade), decisivo pra Emma Goldman
August Spies, imigrante alemão que vivia nos EUA desde os 10 anos de idade. Sujeito ativo no movimento dos trabalhadores e tipógrafo de profissão. Os três foram levados a júri num julgamento que disse, explicitamente, está julgando a anarquia pra salvar as instituições.
E nenhuma prova consistente foi apresentada. Não dá pra contra aqui, mas basicamente os "Mártires de Chicago" foram executados por algo que poderíamos chamar hoje de "domínio do fato", pois eram muito influentes entre os operários. A sentença dizia assim:
“A lei está acima do julgamento, a anarquia está submetida ao julgamento. Estes homens foram selecionados, escolhidos pelo Grande Júri e acusados porque eram dirigentes. Não são mais culpados do que os milhares de homens que os seguem. +
Senhores jurados, declarem culpados estes homens, deem uma lição a eles, pendurem-nos e terão salvo nossas instituições, nossa sociedade”. Isso que sentença diz sobre Neebe, Spies, Fischer, Engel, Swchab, Fielden, Lingg e Parsons. Que escutaram impávidos e sem remorsos.
A treta que ia levou a prisão e posterior execução começou no dia 4 maio. Na manhã desse dia a maldita polícia, liderada pelo inspetor Jonh Blonfield, atacou uma coluna de mais de 3 mil trabalhadores reunidos na praça Haymarket, em Chicago. Uma bomba explodiu no meio dos agentes.
A explosão casou uma morte e 76 feridos. A polícia respondeu abrindo fogo contra a multidão e causando mais dezenas de mortes e mais de 200 feridos. Por esse episódio na Rua Randolph, nossos compas foram levados à forca em 11 de novembro de 1887, a Sexta-feira Negra.
A execução, narrada pelo cubano José Martí, no argentino La Nación: “Leem a sentença a eles, amarram suas mãos nas costas com algemas prateadas, cingem seus braços junto ao corpo com uma faixa de couro e colocam-lhes uma mortalha branca como a túnica dos catecúmenos cristãos... +
Abaixo, a plateia sentada em uma fileira de cadeiras diante do cadafalso como em um teatro... Serenidade no rosto de Spies, firmeza no de Fischer, orgulho no de Parsons, Engel faz um gracejo em relação ao capuz. (…) +
Encapuçam-lhes, em seguida um sinal, um ruído, o alçapão cede, os quatro
corpos penduram-se e balançam em uma dança espantosa”.
corpos penduram-se e balançam em uma dança espantosa”.
Durante o julgamento, assim se pronunciou Schwab: “Nós defendemos a anarquia e o comunismo, e por quê? Porque se nós nos calássemos, até as pedras falariam”. Essa postura e a afirmação da anarquia até o momento da execução foi atitude comum de todos os Mártires de Chicago. +
Se segue Swchab : "O que é a anarquia Um estado social no qual todos os seres humanos trabalham bem pela simples razão de que é o bem e rechaçam o mal porque é o mal. Em uma sociedade assim não são necessários nem as leis nem os mandatos. (…) A anarquia é a ordem sem governo”.
Enfim, não só por 8 horas, era pela revolução social. Ela segue tão necessária quando antes. E a luta era sem ilusões de direitos assegurados, tampouco liderada por ricos burocratas que enchem a boca para cometer a indignidade de falar em nome do povo em suas "marchas virtuais".
Essa semana li que 350 mil pessoas foram mandadas embora de bares e restaurantes, donos alegam crise pandêmica. Enquanto isso, só o app Ifood teve 212 mil novos cadastros de entregadores. Esses trabalhares cumprem jornadas análogas aos nossos compas de mais 100 anos. Urge a luta!
Ah! Uma imagem pra fechar:
