Tá bem na hora de abandonar os julgamentos de valor e admitir que o bolsonarismo expressa a média de uma grande parcela da população brasileira. Muito mais que o anti-petismo, as chamadas pautas morais calam fundo para muitas pessoas, inclusive agindo na decisão de voto tardia. + Outra coisa é que os apontamentos sobre fascismo não funcionam se, na prática, a força acusada de fascismo, de ser o mal absoluto, é reconhecida e legitimada pelo chamado jogo democrático. As pessoas, instintivamente, percebem essa contradição e não levam a sério quem acusa. +

Em semana/dia de eleição, fica evidente o quão frágil é a narrativa moderna de Estado laico. Não estou falando de pastor pilantra de candidato e nem da enorme influência política que igrejas (todas) tem no Estado e na sociedade, falo da forma de pensar a política que é cristã + Começa pelo exame de consciência, técnica de si cristã por excelência. Passa por elencar erros (pecados) e acertos (virtudes) de candidatos e eleitores, com itinerários de redenção, desgraça ou conversão. No exame de consciência, há a confissão pública e as mazelas íntimas +

A democracia no século xxi vive um estranho paradoxo: quase todo mundo diz ser ela a melhor forma de governo, mas a grande maioria não acredita nela. Ao menos não como ela se apresenta. Essa descrença na democracia se tornou especialmente problemática depois da crise de 2008. + Alguns chamam isso de crise da representação ou crise da democracia. O ciclo de protestos de rua pós crise foi a expressão mais evidente disso. Embora motivados pela políticas de austeridade implementadas pelos governos de Estado para salvar os bancos, os protestos colocavam um +

Em resumo: se isso passar não vai dar merda, vai dar muita, MUITA MERDA. Será um rio de merda sobre nossas cabeças. Segue:

1) Isso escancara a fragilidade da CF88 na matéria ao manter as polícias estaduais como forças auxiliares das FFA (art. 142 e 144);

politica.estadao.com.br/noticias/geral… 2) Segue o bonde de tornar as polícias estaduais guarda pretoriana do gov. fed. Iniciado com a criação da Força Nacional de Segurança e operacionalizada na gestão do MJ S. Moro ao empregar a força para "redução da violência" no projeto "Em frente Brasil": veja-abril-com-br.cdn.ampproject.org/v/s/veja.abril…

Três liberais acima de qualquer suspeita e celebrados na Academia: J. Stuart Mill, Aléxis de Tocqueville e Jeremy Bentham. Todos apoiaram e participaram de práticas concentracionárias coloniais e internas muito antes do nazismo na Alemão. No Brasil teve Clevelândia do Norte. + Fizemos esse levantamento para redação dos "verbetes abolicionistas libertários" no site do nu-sol (nu-sol.org). No verbete "campo de concentração", lê-se: "O campo de concentração decorre da biopolítica liberal de gestão das populações colonizadas; +

A forma mais eficaz de desacreditar um pensamento é acusá-lo de utópico, dizer que quem o propõe está "descolado da realidade". Imaginem vocês se John Brown nos EUA e/ou Luís Gama no Brasil tivessem dado ouvidos a esse tipo de assertiva pretensamente pragmática e benevolente? Imaginem se esses dois lutadores abolicionistas dessem ouvidos aos ponderados, moderados e esclarecidos que diziam, cheio de boas intensões, que deveríamos compreender as razões dos escravocratas. Se ligassem para quem dizia que abolir a escravidão era uma utopia irrealizável.

Quanto se diz que um movimento, uma manifestação, um ato de rua não admite uso da violência, não é precaução contra acusações enviesadas ou estabelecimento de condutas intoleráveis entre militantes, manifestantes e/ou grupos de ação. Isso é apenas uma armadilha falaciosa. Segue+ Essa premissa 1) reitera que o uso da força é monopólio legítimo do Estado, assunto exclusivo dos seus profissionais da violência (polícias, agentes de segurança e forças armadas); 2) assume a lógica que divide manifestante entre "ciadão de bem" e "vândalo"; 3) nega a autodefesa+

Hoje é dia do TRABALHADOR! Reacende a memória da luta dos anarquistas já estabelecida no "novo mundo", as Américas. Não era só pelas 8 horas, não era ação de um sindicato ou central burocrática, era pela revolução social contra "os inimigos da humanidade", os burgueses. Fio + A Data foi criada pela Federação dos Trabalhadores dos Estados Unidos e Canadá (1880). Num meeting, em Chicago, decidiram que no dia 1 de maio de 1886 seria declarada uma greve geral em favor das 8 horas diárias de trabalho. As 8/8/8: 8 de trabalho, 8 de descanso, 8 de lazer.

Mandetta disse: "Ciência, disciplina, planejando e foco". Todos aplaudem. Mídia fala dos militares razoáveis. Repararam que não há 1 vírgula de oposição no debate? De resto, solidariedade é caridade; ajuda é empréstimo; empreendedorismo é regra. Racionalidade neoliberal renovada. Aliás, quem gosta bastante de "ciência, disciplina, planejamento e foco" é militar. A lógica da guerra em tempos de neoliberalismo tá bem acomodada. Os grandes rivais de Bolsonazi é o canalha do Dória e o nazi-fascista do Witzel. Estão dominando o campo.

O Átila, além de ter grande domínio do que fala, é ótimo comunicador. Fala de forma muito didática. Mas me irrita um pouco essa insistência de que mundo vai mudar muito, mas sem mudar a forma de vida do mundo. Ele fala de home office e perda de liberdade com muita naturalidade. A gente tem que pegar o diagnóstico do Átila e dizer: tá vendo? Chega de viver assim, de trabalhar tanto, consumir tanto, acreditar que o capitalismo é incontornável. O que está em jogo com essa pandemia é: qual forma de vida queremos viver?