Me dei de presente na quarentena essa relíquia: revista Time de 31/12/65 que estampou Keynes como homem do ano. Meu interesse puramente recreativo era na matéria principal, mas várias outras coisas na revista me chamaram a atenção. Segue o fio para algumas curiosidades históricas 
Começando pela matéria de capa. Os EUA estavam próximos ao pleno emprego depois de 6 anos de expansão econômica, com salários crescendo acima dos preços, firmas elevando seus lucros e governo aumentando a arrecadação o suficiente pra financiar os gastos com a guerra do Vietnam.
A matéria discorre sobre como as ideias keynesianas tinham sido rejeitadas a princípio mas já estavam profundamente incorporadas na ortodoxia econômica da época e nas políticas do governo Lyndon Johnson e anteriores (Kennedy e Roosevelt).
O difícil seria manter a expansão e não mais evitar recessão. A matéria sugere que um novo pensador deveria se basear em Keynes para entender como sustentar o crescimento econômico (os choques de petróleo e a estagflação dos anos 1970 poriam fim à hegemonia keynesiana)
Chego no entanto a outra nota que chamou a atenção, que revela enorme otimismo da revista com o Brasil do pós-golpe militar. “Rumo à estabilidade” é o título.
Com alguma ironia, a matéria explica como se deu a formação de um sistema bipartidário eliminando um grande número de partidos existentes, Chamam o MDB, supostamente de oposição, e Arena, de situação de partidos do “Yes” e “Yes, Sir!” respectivamente.
Ainda assim, fica claro logo depois que isso de democracia no mundo subdesenvolvido não importava tanto pra revista. “Isso pode ser exatamente o que o Brasil precisa, considerando a forma como o governo Castello Branco está gerindo o país”
O crédito vai para o arrocho liderado pelo ministro do Planejamento Roberto Campos. Como sabemos, nesse período começa a tendência de concentração de renda no topo que o @phgfsouza identificou em seu livro: o 1% mais rico passa de 17-19% da renda antes do golpe para 26% em 1971.
Aproveito para colocar também aqui algumas páginas publicitárias da revista, porque são sempre legais de ver.
Mais publicidade de 1965...
É isso gente, foi um fio para compartilhar a leitura com vocês mais do que qualquer outra coisa.
