Estamos naquela fase em que é muito difícil construir pontes. Muitos brasileiros estão percebendo da pior forma que votaram em um candidato sem projeto e sem as mínimas condições de ser presidente. Essas pessoas não querem se ver expostas, taxadas de burras ou culpadas. 1/n
Do outro lado, nossa ansiedade faz com que reiteremos todo tempo que era óbvio o despreparo e o perigo que Bolsonaro representava. Não sabemos começar o assunto sem essa introdução. O fato é que estamos em risco como país e essa constatação não é apenas moral e humanitária. 2/n
Ela também é técnica, da economia a educação, da saúde ao meio ambiente, das relações exteriores aos direitos humanos, estamos sujeitos a gestores sem capacitação, guiados por interesses problemáticos, por premissas equivocadas e com intencionalidades nem sempre nobres. 3/n
Dizer que havia outros 12 candidatos conforta os que não escolheram Bolsonaro, mas pouco adianta agora. O artigo de Mourão essa semana torna mais angustiante a situação. Não temos uma métrica clara do razoável no Brasil, estamos nos acostumando com o absurdo, o inaceitável. 4/n
Nessa toada, as diferenciações ficam turvas. Pandemia, crise, violência, fome, dor, morte, medo. Gostamos de sair, viver as coisas nas ruas, os que podem e estão mais conscientes ficam contrariados de ter de ficar em casa enquanto o presidente conclama para que se saia. 5/n
Tudo tão imprevisível, volátil, frágil. E nós navegando nesse mar com poucas convergências, poucos acordos fundamentais, pouca proteção. A democracia pode ser de concreto ou de papel, é tempo de cimentar bases comuns entre os divergentes, o inconcebível está aí e ele é caos. 6/6
