Entendo que o lulismo e o bolsolavismo são duas correntes políticas que fizeram/fazem muito mal ao país. Mas é obrigação do jornalismo delinear as diferenças de cada projeto. Pois, como vimos em 2018, corriqueiramente somos encurralados de forma a escolher entre um e outro.
O lulismo parte de valores nobres que jamais deveriam ser abandonados pelo poder público. No caso, de que o Estado precisa primeiro ajudar quem precisa do Estado. E é óbvio que estamos aqui falando dos mais pobres, das minorias, das pessoas com saúde mais frágil, etc.
Mas a nobreza deste discurso fez com que o lulismo chegasse ao poder com uma arrogância ainda desconhecida. Com nojo da política, que basicamente consiste em abrir mão de parte das próprias demandas para que outra parte avance, o lulismo preferiu abrir mão da ética.
Resultado: veio o Mensalão. E, na certeza de que a impunidade prevaleceria, quintuplicou-se a aposta com o Petrolão.
Largar a bandeira da ética no chão era dar sopa ao azar. Qual azar? O de um oportunista qualquer agarrá-la para ascender politicamente.
Eu falo isso desde 2005. Mas guardo este registro de junho de 2013, quando alertei que aquele protestos autoritários (e eram) desenhavam o cenário ideal para a ascensão de um novo populista que se fingiria de intolerante com a corrupção.
A resposta do lulismo foi mais uma vez quintuplicar a aposta, achar que a lei não o alcançaria, achar que a população votaria em um candidato que se encontrava preso, ou em alguém que se consultava semanalmente com esse candidato.
m.folha.uol.com.br/poder/2015/07/…
m.folha.uol.com.br/poder/2015/07/…
Isso é o lulismo. É algo que nasce de valores nobres para se tornar algo péssimo.
Mas o bolsolavismo é MUITO pior do que isso. Para resumir em uma frase, é a negação do iluminismo. Sim, é uma tentativa de tragar a sociedade de volta a valores medievais.
Mas o bolsolavismo é MUITO pior do que isso. Para resumir em uma frase, é a negação do iluminismo. Sim, é uma tentativa de tragar a sociedade de volta a valores medievais.
Não à toa, carregam bandeiras monarquistas. Não à toa, se entrincheiram com quem nega até mesmo que a Terra seria redonda. Não à toda, perseguem cientistas. Não à toa, defendem a existência um único povo. Não à toa, defendem a catequização de quem não aceitar a cultura deles...
Não à toa, veem a democracia como um engodo. Não à toda, se alicerçam no voto religioso. Não à toa, literalmente dizem que as minorias devem se curvar às maiorias. Não à toa, possuem mais força onde a migração europeia se fez mais presente, e menos onde a africana mais se firmou.
Não à toa, perseguem uma mesma lógica que tantas vezes se confunde com o fascismo italiano, e até com o nazismo alemão.
Qualquer bom pai ensina ao filho que, se abordado por um bandido, não se deve reagir e colocar a própria existência em risco, mas entregar a carteira, pois a vida não tem preço.
Tratar o ladrão e o assassino como iguais é colocar em risco a vida de quem vier a ser abordado por um homicida. Ambos são péssimos. Mas um é muito pior do que o outro.
E, na falta de noção do que estava em jogo, o Brasil regrediu do projeto de poder corrupto para o projeto de poder assassino.
E a contagem de mortes já passou das dezenas de milhares.
E a contagem de mortes já passou das dezenas de milhares.
