Thread by @apyus

Avaliação positiva de Bolsonaro segundo:

— Atlas Político: 23%
— Datafolha: 33%

Diferença: 10 pontos.

Avaliação negativa:

— Atla Político: 58%
— Datafolha: 43%

Diferença: 15 pontos.

Um dos dois está errando feio.

Então voltemos ao debate. O Atlas Político já notou um viés nas pesquisas recentes do Datafolha. Entre os entrevistados, surgiam proporcionalmente bem mais eleitores de Bolsonaro do que de Haddad.
brasil.elpais.com/opiniao/2020-0…

O artigo mostra isso mesmo que você pensou: quanto menos o Datafolha ouve a opinião de eleitores de Haddad, melhor surgem as avaliações positivas de Bolsonaro.

O Datafolha se defendeu dizendo que "voto declarado" é uma variável bem, er, variável. Porque as pessoas não lembram em quem votaram, ou sentem vergonha, etc. E que por isso não pode servir de base para a pesquisa.
brasil.elpais.com/opiniao/2020-0…

Na réplica, o Atlas Político argumentou que, se apenas 5% das pessoas topam responder a entrevistas do tipo, o engajamento do eleitorado precisa ser considerado, sob pena de a realidade vir distorcida.
brasil.elpais.com/opiniao/2020-0…

Não cheguei a ler qualquer tréplica do Datafolha. Mas, na pesquisa de hoje, mais uma vez ocultaram (ou nem levantaram) o voto declarado dos entrevistados.
media.folha.uol.com.br/datafolha/2020…

Agora, as minhas observações:

— Se o método estava correto, não havia necessidade de o Datafolha deixar de colher a informação, mesmo julgando-a irrelevante.

— Se a variável era irrelevante, por que o Datafolha a levantava junto aos entrevistados?

— Qualquer pessoa que lança uma enquete sobre política em rede social sabe que há eleitores mais engajados que outros. Amoêdo, por exemplo, saía gigante de qualquer uma. Bolsonaro, nem se fala. Na esquerda, esse nome é Ciro.

— A própria distorção flagrada nas amostras do Datafolha é indício de que o eleitorado de Bolsonaro é mais engajado que o de Haddad, e está mais disposto a responder ao longo questionário do instituto.

— Na campanha de 2018, sem muito rigor científico (confesso), eu notava que pesquisas telefônicas apontavam cenários mais favoráveis a Bolsonaro. Como se a posse de um telefone fosse algo mais comum entre os eleitores dele (e era, dado que foi mais votado na classe média).

— Com certeza, a dinâmica por pesquisas telefônicas é bem distinta das de qualquer pesquisa em rede social. Mas me parece razoável concluir que esses eleitores também estarão mais dispostos a perder uns minutos no telefone respondendo a trocentas perguntas de qualquer instituto.

— Por fim, custo a crer que, com tudo o que tem acontecido este ano, a popularidade do presidente do Brasil esteja sofrendo apenas leves arranhões como desenha o Datafolha.