Como a Argentina levou uma volta na origem do seu programa nuclear: a thread
A Argentina, como muitos outros países, se interessou pela tecnologia nuclear depois das explosões de Hiroshima e Nagasaki.
Mas os olhos de Perón brilharam mais ainda com a possibilidade de ter um programa nuclear único, depois que conheceu, em 1947, o austríaco Ronald Richter.
Mas os olhos de Perón brilharam mais ainda com a possibilidade de ter um programa nuclear único, depois que conheceu, em 1947, o austríaco Ronald Richter.
Richter se apresentava como alguém capaz de desenvolver na Argentina um projeto que só não foi implementado na Alemanha por causa da Segunda Guerra Mundial.
A ideia era ambiciosa e inovadora: produzir a fusão nuclear, por meio da aceleração de partículas.
A ideia era ambiciosa e inovadora: produzir a fusão nuclear, por meio da aceleração de partículas.
Perón ficou tão animado que criou, em 1950, a Comisión Nacional de Energía Atómica (CNEA), e lançou o projeto Huemul, na ilha de mesmo nome, próximo a Bariloche.
Richter foi designado como responsável, com carta branca.
Richter foi designado como responsável, com carta branca.
A animação era tanta que, em 1951, a Argentina anunciou publicamente o domínio da tecnologia de fusão nuclear.
Pra termos uma ideia da importância disso, as bombas de fusão nuclear produzidas posteriormente pelos EUA e URSS tinham a potência de milhares de bombas de Hiroshima.
Pra termos uma ideia da importância disso, as bombas de fusão nuclear produzidas posteriormente pelos EUA e URSS tinham a potência de milhares de bombas de Hiroshima.
O projeto Huemul virou tema de propaganda nacional, incluindo condecorações a Richter e sonhos de grandeza para os hermanos
A excitação era tamanha que Perón chegou a dizer que venderia energia nuclear em embalagens do tamanho de garrafas de leite. Talvez até as desse, de graça!
A excitação era tamanha que Perón chegou a dizer que venderia energia nuclear em embalagens do tamanho de garrafas de leite. Talvez até as desse, de graça!
Mas...
Richter demorava muito a implementar o projeto em escala industrial, capaz de gerar energia para a Argentina.
Incomodado, Perón formou uma comissão técnica, que constatou que os avanços propalados por Richter eram uma fraude. Não havia sido produzido nenhum processo de fusão.
Incomodado, Perón formou uma comissão técnica, que constatou que os avanços propalados por Richter eram uma fraude. Não havia sido produzido nenhum processo de fusão.
Em valores atualizados, a Argentina gastou cerca de US$420 milhões no projeto, que não conseguiu apresentar resultados concretos.
Depois da queda de Perón, em 1955, o governo de Pedro Eugenio Aramburu investigou os gastos e mandou prender Richter por fraude.
Depois da queda de Perón, em 1955, o governo de Pedro Eugenio Aramburu investigou os gastos e mandou prender Richter por fraude.
A Argentina acabou desenvolvendo um programa nuclear bastante consistente, mas não com um charlatão da envergadura de Ronald Richter.
