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1. Sobre o terrorismo do Antifa e a destruição dos símbolos culturais, estátuas, esta é a base do Movimento Revolucionário: aconteceu em Cartago, Roma, Pérsia, França, Rússia, Cuba , Camboja e na China do Partido Comunista Chinês, no poder desde 1949, como aqui nesta mega-thread:
2. "No final de maio de 1966, Mao montou um novo órgão, o Pequeno Grupo da Revolução Cultural, para ajudar a comandar o Grande Expurgo. Madame Mao o chefiava para ele, enquanto seu ex-secretário Chen Bo-da era o diretor nominal, e o especialista em expurgos Kang Sheng, seu
3. "assessor". Esse órgão, ao lado de Lin Biao e Chou En-lai, constituiu o último círculo íntimo de Mao.
Nessa nova cabala, o culto de Mao atingiu níveis febris. Seu rosto dominava a primeira página do "Diário do Povo", que também publicava uma coluna de suas citações todos
4. "os dias. Logo surgiram distintivos com sua cabeça, dos quais foram fabricados cerca de 4,8 bilhões no total. Imprimiram-se mais exemplares de suas "Obras selecionadas" — e mais retratos dele (1,2 bilhão) — do que o número de habitantes da China. Foi nesse verão que o Pequeno
5. "Livro Vermelho foi distribuído para todo mundo. Era preciso carregá-lo e empunhá-lo em todas as ocasiões publicas, e suas receitas eram recitadas diariamente.
Em junho, Mao intensificou a aterrorização da sociedade. Escolheu como seu primeiro instrumento de terror jovens das
6. "escolas e universidades, os viveiros naturais de ativistas. Aos estudantes foi dito para condenar seus professores e aqueles encarregados da educação por envenenar suas cabeças com "ideias burguesas" — e por persegui-los com exames, que a partir de então foram abolidos. A
7. "mensagem foi posta em letras garrafais na primeira página do "Diário do Povo" e repetida com voz estridente no rádio, transmitida por alto-falantes pendurados em todos os lugares, criando uma atmosfera que fazia ferver e gelar o sangue ao mesmo tempo. Os professores e
8. "administradores da educação foram as primeiras vítimas porque eram as pessoas que transmitiam cultura e porque constituíam o grupo mais convenientemente situado para ser oferecido às turbas juvenis, pois estavam à mão.
Disseram aos jovens que seu papel era 'salvaguardar' Mao,
9. "embora não se revelasse como seus professores poderiam causar dano ao "Grande Timoneiro", ou que perigos poderiam assediá-lo. Não obstante, muitos responderam com entusiasmo. Participar da política era algo que ninguém tivera permissão para fazer no regime de Mao e o país
10. "fervilhava de ativistas frustrados aos quais haviam sido negados os canais normais disponíveis em muitas sociedades, até mesmo sentar-se para discutir questões. Mas, de repente, parecia haver uma chance de se engajar. Aos que se interessavam por política, a perspectiva era
11. "tremendamente excitante. Os jovens começaram a formar grupos.
Em 2 de junho, um grupo de uma escola secundária de Pequim montou um cartaz de parede que assinou com o nome vigoroso de "Guardas Vermelhos", para mostrar que queriam defender Mao. Seus escritos estavam cheios
12. "de observações do tipo: "Enfiem os 'sentimentos humanos'!", "Seremos brutais!", "Vamos derrubá-los [os inimigos de Mao] e pisoteá-los!". As sementes do ódio que Mao plantara estavam prontas para a colheita. Agora, ele poderia desencadear a bandidagem desses adolescentes
13. "infectados, os elementos mais maleáveis e violentos da sociedade.
A fim de garantir a total disponibilidade dos estudantes para levar adiante seus desejos, Mao mandou encerrar as aulas a partir de 13 de junho. "Agora as aulas estão interrompidas", disse ele, e os
14. "jovens "ganham alimento. Com a comida, eles têm energia e querem fazer tumulto. O que podemos esperar deles senão bagunça?" A violência irrompeu dentro de poucos dias. Em 18 de junho, muitos professores e funcionários da Universidade de Pequim foram arrastados diante da
15. "multidão e maltratados; seus rostos foram pintados de preto e puseram chapéus de burros em suas cabeças. Forçaram-nos a ajoelhar-se, alguns foram espancados e as mulheres foram sexualmente molestadas. Episódios semelhantes se repetiram em toda a China, provocando uma cascata
16. "de suicídios.
(...)
Foi nesses vestiários indescritíveis que Mao criou o terror do "Agosto VermeIho", com o objetivo de, por meio do pavor, obter um grau ainda maior de conformidade de toda a nação. Em 1° de agosto, escreveu ao primeiro grupo de Guardas Vermelhos, que havia
17. "prometido "ser brutal" e "pisotear" os inimigos de Mao em seus cartazes, para anunciar seu "apoio ardente". Fez circular essa carta, junto com os cartazes belicosos dos Guardas Vermelhos, no Comitê Central, dizendo a esses dirigentes que deveriam promover aqueles jovens.
18. Muitos desses dirigentes constavam na lista de alvos de Mao, mas por enquanto ele os estava unando para disseminar o terror — algo que logo os engolfaria. Seguindo as instruções de Mao, eles encorajaram seus filhos a formar grupos de Guardas Vermelhos e os filhos transmitiram
19. "a instrução aos seus amigos. Em consequência, esses grupos se multiplicaram, encabeçados invariavelmente pelos filhos dos altos dirigentes.
Ao saber por seus pais que Mao estava estimulando a violência, os Guardas Vermelhos começaram imediatamente a cometer atrocidades.
20. "Em 5 de agosto numa escola feminina de Pequim cheia de filhos de altas autoridades (frequentada pelas duas filhas de Mao), ocorreu a primeira morte conhecida por tortura. A diretora da escola, uma senhora de cinquenta anos e mãe de quatro filhos foi chutada e pisoteada pelas
21. "meninas, que jogaram água fervente nela. Mandarm que carregasse tijolos pesados para lá e para cá; enquanto andava, foi espancada com cinturões do Exército com fivelas de metal e paus de madeira crivados de pregos. Ela logo desmaiou e morreu. Mais tarde, líderes ativistas se
22. "apresentaram à nova autoridade. Não receberam ordens de parar — o que significava dizer que prosseguissem.
Uma incitação mais explicita à violência veio em seguida do próprio Mao. Em 18 de agosto, vestido com uniforme do Exército pela primeira vez desde 1949, ele foi ao
23. "portão de Tiananmen para passar em revista centenas de milhares de Guardas Vermelhos. Foi quando esses grupos receberam cobertura da imprensa nacional e foram apresentados à nação e ao mundo. Uma líder das atrocidades na escola feminina ganhou a honraria de pôr uma
24. "braçadeira dos Guardas Vermelhos em Mao. O diálogo que se seguiu tornou-se público: "O presidente Mao perguntou-lhe: 'Qual é o seu nome?' Ela respondeu: 'Song Bin-bin'. O presidente Mao perguntou 'É Bin como em 'educada e gentil'?'. Ela disse: 'Sim'. O presidente Mao disse:
25. "'Seja violenta!'.".
Song Bin-bin mudou seu nome para "Seja Violenta" e sua escola mudou de nome para "A Escola Violenta Vermelha". As atrocidades multiplicaram-se nas escolas e universidades. Elas começaram em Pequim e depois se difundiram pelo país, pois Guardas Vermelhos
26. "da capital foram enviados para toda a China, a fim de demonstrar como fazer coisas do tipo espancar pessoas e fazê-las lamber o próprio sangue no chão. Jovens provincianos foram estimulados a visitar Pequim e ficar sabendo que Mao lhes havia dado uma enorme licença para
27. "destruir. A fim de facilitar esse processo, Mao ordenou que as viagens fossem gratuitas, junto com alimentação e acomodações. Nos quatro meses seguintes, 11 milhões de jovens foram a Pequim e Mao fez mais sete aparições na praça Tiananmen, onde eles se reuniam em multidőes
28. "frenéticas, mas bem adestradas.
Não houve escola em toda a China em que não tenham ocorrido atrocidades. E os professores não foram as únicas vítimas. Em sua carta aos Guardas Vermelhos de 1º de agosto de 1966, Mao elogiou especialmente alguns militantes adolescentes que
29. "haviam dividido os alunos por histórico familiar e maltratado aqueles que vinham de famílias indesejáveis, que rotularam de "negros".
Mao anunciou especificamente que esses militantes tinham seu "apoio ardente", o que significava um endosso inequívoco ao que estavam
30. "fazendo. Na escola feminina em que a diretora foi torturada até a morte, amarraram cordas no pescoço das "negras", espancaram-nas e forçaram-nas a dizer: "Eu sou uma fiIha da puta. Eu mereço morrer".
Com os modelos definidos por Mao, essa prática disseminou-se para todas as
31. "escolas, acompanhada de uma "teoria da linhagem de sangue", resumida em um dístico tão ridículo quanto brutal: "O filho de um herói é sempre um grande homem; um pai reacionário só produz um canalha!". Isso foi cantado por muitos filhos das famílias dos dirigentes, que
32. "dominavam as primeiras Guardas Vermelhas, mal sabendo que seus "pais heróis" eram os verdadeiros alvos de Mao. Nesse estágio inicial, Mao simplesmente usou essas crianças, jogando-as contra outras crianças. Quando retornou de Pequim, o chefe de Sichuan disse ao seu filho,
33. "que estava organizando um grupo de Guardas Vermelhos: "A Revolução Cultural é a continuação dos comunistas contra os nacionalistas [...] Agora nossos filhos e filhas devem lutar contra os filhos e fiIhas deles [nacionalistas]". Esse homem dificilmente poderia dar essa ordem
34. "se ela não tivesse vindo de Mao.
Depois do terror nas escolas, Mao orientou seus Guardas Vermelhos contra a sociedade em geral. Nesse estágio, os alvos eram os guardiões da cultura e a própria cultura. Em 18 de agosto, ele ficou ao lado de Lin Biao na praça Tiananmen,
35. "enquanto o marechal convocava os Guardas Vermelhos de todo o país para "esmagar [...] a velha cultura". Os jovens primeiramente atacaram com martelos objetos como placas de lojas tradicionais e nomes de ruas, e as rebatizaram. Como em muitas revoluções, os puritanos
36. "voltaram-se contra os mais vistosos e delicados. Cabelos longos, saias e sapatos com algum indício de salto foram agarrados nas ruas e cortados pelas tesouras de adolescentes. A partir de então, haveria apenas sapatos baixos e jaquetas e calças uniformes e mal-ajambradas.
37. "Mas Mao queria algo muito mais perverso. Em 23 de agosto, disse às novas autoridades: "Pequim não é suficientemente caótica [...] Pequim é civilizada demais". Por ser a capital o modelo para todas as províncias, essa era uma maneira de promover o terror em todo o país.
38. "Naquela tarde, grupos de Guardas VermeIhos adolescentes, entre eles muitas garotas, invadiram o pátio da Associação dos Escritores de Pequim. Já estava então firmada a moda das roupas verdes de estilo militar, muitas vezes roupas comuns tingidas de verde-oliva, ou às vezes
39. "uniformes verdadeiros entregues pelos pais, com braçadera vermelha no braço esquerdo, Pequeno Livro Vermelho na mão — e um cinto de couro com fivela de metal. Assim trajados, os Guardas Vermelhos desferiram golpes com seus cintos pesados em mais de vinte dos mais conhecidos
40. "escritores da China. Grandes placas com dizeres insultuosos foram penduradas nos pescoços dos escritores, enquanto eram agredidos sob o sol escaldante.

As vítimas foram então levadas para um antigo templo confuciano, que abrigava a principal biblioteca de Pequim. Ali,
41. "trajes e adereços da ópera haviam sido reunidos para fazer uma fogueira. Cerca de trinta dos principais escritores, cantores de óperas e outros artistas do país foram obrigados a se ajoelhar diante da fogueira e espancados de novo com chutes e socos, paus e cintos. Uma das
42. "vítimas foi o escritor de 69 anos Lao She, anteriormente louvado pelo regime como "o artista do povo". No dia seguinte, ele se afogou num lago.
O local, os adereços e as vítimas haviam sido escolhidos para simbolizar a "cultura velha". A seleção das vítimas, todas muito
43. "conhecidas, foi indiscutivelmente feita no mais alto escalão, pois até então eram estrelas oficiais. Não há dúvida de que todo o evento foi encenado pelas autoridades; os adolescentes frouxamente unidos dos Guardas Vermelhos não poderiam ter organizado tudo isso por conta
44. "própria.
Mao também havia aberto o caminho para a escalada das atrocidades ao emitir ordens explícitas ao Exército e à polícia nos dias 21 e 22, dizendo que não deveriam "absolutamente intervir" contra os jovens, usando uma linguagem específica incomum, como "até atirar
45. "cartuchos de festim [...] está absolutamente proibido".
A fim de difundir mais o terror dentro do partido, Mao fez os jovens sicários atacarem vítimas selecionadas pelo Estado, que dava seus nomes e endereços aos Guardas Vermelhos. O chefe de Sichuan, por exemplo, ordenou
46. "que o departamento de sua província que cuidava de figuras culturais procminentes entregasse uma lista à organização de Guardas Vermelhos de seu filho — algo que ele só poderia ter feito por ordem de Mao.
Em 24 de agosto, o chefe da polícia nacional Xie Fu-zhi ordenou que
47. "seus subordinados passassem esse tipo de informação. Respondendo com clareza a perguntas como "E se os Guardas Vermelhos matarem essas pessoas?", Xie disse: "Se as pessoas forem espancadas até a morte [...] não temos nada a ver com isso". "Não fiquem presos a regras
48. "estabelecidas no passado." "Se detiverem aqueles que espancan pessoas até a morte [...] estarão cometendo um grande erro." Xie tranquilizou seus relutantes subordinados: "O premiê Chou apoia isso".
Foi com a bênção das autoridades que os Guardas Vermelhos invadiram casas
49. "onde queimaram livros, cortaram pinturas, pisotearam discos e instrumentos musicais — destruindo tudo em geral que tivesse a ver com "cultura" Eles "confiscaram" objetos valiosos e espancaram seus donos. Ataques sangrentos a residências varreram a China, fato que o "Diário
50. "de Povo" saudou como "simplesmente esplêndido". Muitos dos que sofreram os ataques foram torturados até a morte em seus lares. Alguns foram levados para câmaras de tortura improvisadas em antigos cinemas, teatros e estádios. Guardas Vermelhos vagando pelas ruas, fogueiras
51. "de destruição e gritos das vítimas: esses eram os sons e as cenas das noites do verão de 1966.
Houve uma pequena lista de notáveis que deveriam ser poupados, feita por Chou En-lai. Tal lista propiciou depois aplausos imerecidos a Chou, por ter supostamente "salvado"
52. "pessoas. Na verdade, foi Mao quem fez Chou escrever a lista, em 30 de agosto, e o objetivo era tão somente utilitário. A única razão da participação de Chou nesse episódio foi que ele estava dirigindo todo o espetáculo, não porque tenha interferido para salvar pessoas. A
53. "lista compreendia algumas dezenas de nomes. Em contraste, estatísticas oficiais posteriores mostram que em agosto e setembro, somente em Pequim, 33695 casas foram atacadas (o que incluía invariavelmente violência física) e 1772 pessoas foram torturadas ou espancadas até a
54. "morte.
(...)
Um dos objetivos de Mao com os ataques às residências era usar os Guardas Vermelhos como bandidos substitutos. Eles confiscaram toneladas de ouro, prata, platina, joias e milhões de dólares em dinheiro, e tudo foi para os cofres do Estado, bem como muitas
55. "antiguidades, pinturas preciosas e livros antigos. O saque e a destruição irracional tiraram praticamente todas as posses valiosas das mãos particulares. Um pouco do fruto da pilhagem foi exportado para obter moeda estrangeira.
Os líderes do alto escalão tiveram permissão
56. "para pegar sua parte do butim. Madame Mao escolheu um relógio pingente francês de ouro dezoito quilates, cravejado de pérolas e diamantes, pelo qual pagou a fantástica quantia de sete yuans. Isso estava de acordo com a prática "incorrupta" da liderança maoísta de insistir em
57. "pagar por coisas sem valor, como folhas de chás nas reuniões, mas não pagar nada por seus montes de mansões e criados, e ter uso privado "de facto" de aviões, trens e outras mordomias caras. Kang Sheng, que adorava antiguidades, privatizou alguns ataques a residências
58. "mandando seus saqueadores pessoais disfarçados de Guardas Vermelhos. O próprio Mao surrupiou milhares de livros antigos. Esterilizados por raios ultravioletas, eles enchiam as estantes de sua enorme sala de estar, compondo o pano de fundo das fotografias em que aparecia
59. "recebendo líderes mundiais e impressionando visitantes estrangeiros. Nas palavras de Kissinger, a sala se parecia com o "refúgio de um intelectual". Mal sabiam os visitantes americanos que ela tinha mais em comum com uma das mansões de Goering, adornadas com obras de arte
60. "confiscadas das vítimas do nazismo.
(...)
Algumas famílias atacadas foram exiladas em aldeias, aumentando a escala de um processo que Mao já iniciara, a fim de transformar as cidades em "puros" centros industriais. Em Pequim, quase 100 mil pessoas foram expulsas em menos de
61. "um mês, a partir do final de agosto. Uma testemunha ocular viu a enorme sala de espera da estação ferroviária de Pequim lotada de crianças que seriam exiladas com seus pais. Os Guardas Vermelhos mandavam as crianças se ajoelharem e depois andavam em volta dando golpes em
62. "suas cabeças com a fivela do cinto. Alguns chegavam a derramar água fervente sobre elas, como lembrança de despedida, enquanto outros passageiros procuravam um lugar para se esconder.
No verão de 1966, os Guardas Vermelhos devastaram as cidades e vilas e algumas zonas do
63. "campo. Um "lar" com livros e qualquer coisa associada à cultura tornou-se um lugar perigoso. Temerosos de que os Guardas Vermelhos pudessem invadir suas casas e torturá-los se encontrassem "cultura", cidadãos assustados queimaram seus livros ou os venderam como papel, e
64. "destruíram seus objetos de arte. Mao conseguiu assim varrer a cultura da casa dos chineses. Do lado de fora, também realizava seu antigo objetivo de apagar o passado da China das mentes de seus súditos. Demoliu-se um grande número de monumentos históricos, as manifestações
65. "mais visíveis da civilização do país, que até então haviam sobrevivido ao ódio de Mao. Em Pequim, dos 6843 monumentos ainda de pé em 1958, 4922 foram destruídos.
Tal como a lista de pessoas que deveriam ser poupadas, a lista de monumentos que deveriam ser preservados foi
66. "curta. Mao quis conservar alguns monumentos, como o portão de Tiananmen, onde podia subir para ser saudado pelas "massas". A Cidade Proibida e vários outros sítios históricos foram postos sob proteção e fechados, privando assim a população de acesso, mesmo à fração de sua
67. "herança cultural que sobreviveu. Não pouparam nem mesmo o principal arquiteto da China, Liang Si-cheng, que descrevera o desejo de Mao de ver "chaminés por toda parte" em Pequim como "uma imagem horrível demais para ser pensada". Ele foi submetido a humilhação e agressão
68. "pública e fizeram ataques brutais à sua casa. Sua coleção de livros foi destruída, e sua família, expulsa para um quarto pequeno, com janelas quebradas e piso e paredes cobertos de gelo. Com doença crônica, Liang morreu em 1972.
Ao contrário do que é amplamente aceito, a
69. "vasta maioria dos atos de destruição não foi espontânea, mas patrocinada pelo Estado. Antes de Mao censurar os Guardas Vermelhos por serem "civilizados demais", em 23 de agosto, não houvera vandalismo contra os monumentos históricos. Foi justo naquele dia, depois que Mao
70. "falou, que a primeira estátua foi quebrada — um Buda do Palácio de Verão, em Pequim. A partir de então, quando sítios importantes eram devastados, especialistas oficiais estavam presentes para pegar os objetos mais valiosos para o Estado, enquanto o resto era levado embora e
71. "derretido, ou reduzido a pasta.
(...)
Foi o Pequeno Grupo de Mao que ordenou a violação da casa do homem cujo nome era sinônimo de cultura chinesa, Confúcio. A casa, em Shandong, era um rico museu, pois imperadores e artistas a haviam visitado para prestar suas homenagens,
72. "encomendando monumentos e doando peças de arte. Os habitantes do lugar receberam ordens para destruí-la, mas reagiram com lentidão. Então Guardas Vermelhos foram despachados de Pequim. Em seu juramento antes de partir, eles disseram que o sábio era "o rival inimigo de morte
73. "do Pensamento de Mao Tse-tung". Com efeito, Mao odiava Confúcio, porque segundo o confucianismo o governante deve cuidar de seus súditos e, como o próprio Mao dissera, "Confúcio é humanismo [...] ou seja, um ismo centrado nas pessoas".
Na aniquilação da cultura, madame Mao
74. "desempenhou um papel central, na qualidade de chefe da polícia de seu marido para esse campo. E ela garantiu que não houvesse mais ressurreição da cultura pelo resto da vida de Mao. Graças em parte a ela, durante uma década, até a morte de Mao em 1976, os livros antigos
75. "ficaram banidos e todos os livros novos de interesse geral publicados traziam citações de Mao, em negrito, pagina sim, página não. Houve algumas pinturas e algumas canções, mas todas tinham objetivos propagandísticos e louvavam Mao. Praticamente os únicos exemplares de artes
76. "da representação permitidos foram oito "espetáculos modelos revolucionarios" e alguns filmes em cuja produção madame Mao interferiu. A China tornou-se um deserto cultural.
(...)
A primeira alta autoridade a ser torturada até a morte foi o ministro do carvão, em 21 de janeiro
77. "de 1967. Mao odiava-o porque se queixara do Grande Salto Para a Frente — e do próprio Mao. Ele foi exibido diante da multidão organizada e teve o braço torcido ferozmente para trás, na forma de tormento conhecida como "jato". Um dia, ele foi jogado num banco, sangrando, sem
78. "camisa numa temperatura abaixo de zero, enquanto sicários o cortavam com canivetes. Por fim, uma enorme estufa de ferro foi amarrada em seu pescoço, empurrando sua cabeça para o chão de cimento, onde seu crânio foi golpeado com as fivelas de metal dos cintos. Tudo isso foi
79. "fotografado e as fotos foram mostradas depois a Chou — e, sem dúvida, a Mao.
Até então, era raro fotografar torturas no regime maoísta, mas isso foi feito amplamente na Revolução Cultural, em especial no que dizia respeito aos inimigos de Mao. Como sua prática usual era não
80. "guardar registros para a posteridade, muito menos provas de tortura, a explicação mais provável para esse desvio da norma é que ele sentia prazer em ver as fotos de seus adversários atormentados. Câmeras cinematográficas também registraram terriveis comícios de denúncias e
81. "Mao viu essas imagens em suas vilas. Filmes selecionados desse tipo eram mostrados na tevê, acompanhados pela trilha sonora dos "espetáculos-modelos" de madame Mao, e as pessoas eram organizadas para assistir (poucas tinham televisão naquela época).
Mao estava bastante
82. "familiarizado com os tipos de tortura aplicados em seus antigos colegas e subordinados. O vice-premiê Ji Deng-kui relembrou mais tarde que Mao imitava para seu círculo íntimo a postura dolorosa de "jato", que era rotineira nas assembleias de denúncia, e riu desbragadamente
83. "quando Ji descreveu o que havia sofrido.
Por fim, depois de dois ou três anos de sofrimentos desse tipo, milhões de funcionários foram exilados para campos de trabalho forçado que tinham o nome anódino de "Escolas de Quadros 7 de Maio". Esses campos também receberam os
84. "guardiões da cultura — artistas, escritores, intelectuais, atores e jornalistas —, que se haviam tornado supérfluos na nova ordem de Mao.
(...)
Em março, com os novos executores de ordens no poder, alunos e estudantes receberam ordens de retornar para suas escolas — embora,
85. "uma vez de volta, só pudessem ficar na espera, pois os antigos livros de texto, métodos de ensino e professores haviam sido todos condenados e ninguém sabia o que fazer. A instrução normal não existiu para a maioria dos jovens até a morte de Mao, uma década depois.
(...)
86. "O que mudou, além dos chefes, foi a vida fora do trabalho. O lazer desapareceu e deu lugar a reuniões infindáveis para ler e reler as obras de Mao e o "Diário do Povo", que entorpeciam a mente e eram, ao mesmo tempo, enervantes. As pessoas eram levadas para numerosos e
87. "violentos comícios de denúncia contra os "defensores do capitalismo" e outros inimigos designados. A brutalidade pública tornou-se parte inevitável da vida cotidiana. Cada instituição tinha sua prisão "de facto", em que as vítimas eram torturadas, algumas até a morte. Além
88. "disso, não havia como se distrair, pois praticamente não existiam livros, revistas, filmes, peças de teatro e ópera; nada de música ligeira no rádio. Para entretenimento, contava-se apenas com as Equipes de Propaganda do Pensamento de Mao, que cantavam suas citações mal
89. "musicadas e dançavam militantemente acenando o Pequeno Livro Vermelho. Nem mesmo os oito "espetáculos-modelos" de madame Mao foram apresentados ao público, pois sua encenação tinha de ser feita sob controle central draconiano.
(...)
A Equipe Central tinha poder para prender,
90. "interrogar — e torturar. Eles também recomendavam o tipo de punição que deveria ser aplicada. A assinatura de Chou aparecia em muitos mandatos de prisão e recomendações de punição, inclusive sentenças de morte.
Enquanto os suspeitos eram interrogados sob tortura, e sua velha
91. "base de poder passava por sofrimentos sem precedentes, Mao se divertia. O baile continuava em Zhongnanhai, com a convocação de garotas, algumas para compartiIhar sua grande cama. Ao som de "O dragão em busca de prazer flerta com a fênix", considerada "pornográfica" por seu
92. "regime e proibida havia tempo, Mao continuava a dançar. Um por um, à medida que o tempo passava, seus colegas desapareciam da pista de dança, ou expurgados, ou porque haviam simplesmente perdido qualquer apetite pela diversão. No final, apenas Mao ainda dançava.
(...)
Quem
93. "não se intimidou com tanta facilidade foi um brigadeiro chamado Cai Tie-gen, que até cogitou organizar uma força guerrilheira, fazendo dele o único do quadro antigo a pensar em tentar "fazer um Mao" com Mao. Ele foi fuzilado, sendo o oficial de mais alto escalão executado no
94. "expurgo. Ao dizer adeus a um amigo que quase foi fuzilado também, ele estimulou-o a continuar a luta, e depois foi calmamente para o local da execução.
Houve outros episódios de resistência realmente heroica de pessoas comuns. Um deles foi protagonizado por uma notável
95. "mulher de dezenove anos, uma estudante de alemão chamada Wang Rong-fen, que comparecera ao comício na praça Tiananmen de 18 de agosto de 1966 e cuja reação mostrou um espantoso frescor e independência de espírito, bom como coragem. Ela pensou que aquilo era "exatamente como
96. "Hitler" e escreveu a Mao fazendo várias perguntas afiadas: "O que você está fazendo? Para onde você está levando a China?". "A Revolução Cultural não é um movimento de massa. É um homem com uma arma manipulando as massas. Declaro que me desligo da Liga da Juventude
97. "Comunista."
Ela escreveu uma carta em alemão e, com ela no bolso, pegou quatro garrafas de inseticida e as bebeu do lado de fora da embaixada soviética, na esperança de que os russos descobrissem seu cadáver e divulgassem seu protesto ao mundo. Mas acordou no hospital da
98. "polícia. For condenada à prisão perpétua. Durante meses, suas mãos ficaram algemadas às costas e ela tinha de rolar pelo chão para pegar com a boca a comida que era jogada na cela. Quando decidiram finalmerte remover as algemas, tiveram de serrá-las, pois a fechadura estava
99. "emperrada pela ferrugem. Essa jovem extraordinária sobreviveu à prisão — e a Mao — com seu espírito incólume."

Jung Chang

E foi isso que foi a Revolução Cultural do psicopata Mao Tse-Tung (1893-1976) do famigerado Partido Comunista Chinês, que estabeleceu uma tirania
100. desde 1949 naquele país e absorveu a China para si. Todo este terror hipócrita, sanguinário e satânico foi para perseguir comunistas de partido, revolucionários que agora não eram mais cúmplices, mas ameaças.

A Revolução Cultural Chinesa perseguiu, torturou, prendeu e
101. massacrou professores, intelectuais, artistas e qualquer pessoa suspeita de cultuar artes proibidas. Foram proibidos e muitos deles destruídos os livros, os monumentos, os teatros, os cinemas, as esculturas, as pinturas, as músicas e demais manifestações artísticas, muitas
102. delas milenares, da cultura chinesa.

Quem reagiu foi preso, torturado ou executado, como o brigadeiro Cai Tie-gen (?-1970). Em agosto de 1969 ele foi preso junto com outras 15 pessoas por ser considerado "direitista" e "contra-revolucionário" ao escrever em seu diário
103. críticas contra o tirano e sua Revolução Cultural.

E em 11 de março de 1970, Cai Tie-gen foi amarrado, amordaçado e executado em praça pública. Depois as autoridades do PCC foram até a sua casa e cobraram ao seu filho, ainda criança, 50 centavos pela bala que assassinou o
104. seu pai. Um trabalhador local que escreveu uma carta anônima apoiando Cai Tin-gen foi depois localizado e executado por "luto a um traidor".

Em 1979, nove anos após seu assassinato (e três após a morte de Mao), a Academia Militar de Nanjing reverteu a condenação de acusação
105. de "direitista" a Cai Tei-gen e aos outros do seu grupo considerados "contra-revolucionários".

Isso é a China — PCC — até hoje. Que inúmeros empresários, militares e políticos cansam de querer negociar, fazer acordos e trazer suas tecnologias para cá. Por mais que seja
106. vantajoso o dinheiro é moral negociar com este regime comunista demoníaco, hostil e democida? E é o que ocorre em qualquer extremo-esquerdista, fascista, nazista, comunista e destes terroristas de antifa: destruir o que consideram inimigos e, dos escombros, reinarem no caos.
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