Thread by @danieljosebr

Nessa semana foi editada MP que permitia que o Ministro da Educação escolhesse reitores nas Universidades Federais.

Diante da polêmica, vale a pergunta: qual seria a forma ideal de se eleger reitores?

Para isso, vamos entender esse processo nas melhores Universidades do 🌎

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Quando olhamos as práticas internacionais, o processo de escolha do reitor é bem diferente do que encontramos no Brasil.

O tamanho, a representatividade e a atuação do conselho universitário são as principais diferenças.

Vamos por partes.

No MIT, por ex., há 71 pessoas que formam o colegiado; em Stanford, são 32, em Harvard, 7. Na USP, temos 123 pessoas.

Além disso, em média 90% dos membros é de origem externa, ou seja, indivíduos da inic. privada, grandes doadores, alumni, notáveis.

Na USP, eles são apenas 2%.

Esse colegiado, enxuto, cria um comitê p/ selecionar o reitor q fará a gestão nos anos seguintes.

O processo é semelhante ao de um head hunter: busca-se um nome adequado c/ experiência, habilidades e características que o tornem apto à função.

E como geralmente funciona no 🇧🇷?

Sindicatos, associações e grupos políticos têm grande influência no resultado da disputa, uma vez q a escolha se dá via eleição por chapa

Além disso, esses grupos organizados dominam os conselhos universitários e decidem o q pode e não pode ser feito

O que gera sérios problemas

Como aprovar medidas impopulares (redução de benefícios) sendo q qm o elegeu foi justamente o sindicato de professores?

Não à toa, a maioria das Univ. Públicas brasileiras gastam + de 90% do orçamento em folha e aposentadoria.

E essa medida do governo federal melhora as coisas?

A escolha direta do reitor pelo Ministro da Educação, mesmo em caráter temporário, não foi observada em nenhuma Universidade de ponta e não gera incentivos para escolha de nomes mais bem preparados para a função.

Não à toa, a medida já foi devolvida pelo Senado ao Planalto.

Quando olhamos as evidências percebemos que é a seleção por parte de conselhos universitários enxutos e com ampla participação de membros externos à comunidade universitária que provoca melhores resultados.

Assim, para aprimorar a sua governança, as Universidades do 🇧🇷 deveriam:

- Estabelecer processo de seleção do reitor e da liderança priorizando critérios técnicos;
- Colegiado enxuto, minha sugestão seria de no máximo 30 pessoas;
- Ampla participação externa dentro do Conselho.

Além da iniciativa da MP 979 rejeitada pelo Congresso ser ruim, ela vai na contramão das melhores práticas internacionais.

Não é coincidência, portanto, o fato de não termos nenhuma Universidade brasileira entre as 100 melhores colocadas em todo o mundo, segundo o ranking CS.