O Brasil vai decretar "moratória absoluta" das queimadas na Amazônia por 120 dias para apaziguar investidores internacionais. É um gesto bem-vindo. Mas enquanto Ricardo Salles continuar no gabinete, todo mundo sabe que pouco mudará. A reputação de Salles lá fora é irrecuperável.
De fato, depois de ter conversado com vários diplomatas e parlamentares europeus nos últimos meses, acredito que os gestos simbólicos e superficiais feitos por Mourão para aplacar as preocupações internacionais pioraram a reputação do Brasil entre os ambientalistas da Europa.
Os europeus se perguntam como o governo brasileiro pode levar a sério o combate contra o desmatamento se Ricardo Salles, gravado dizendo que a desregulamentação ambiental deve acelerar enquanto o público estiver distraído com a COVID-19, ainda for ministro.
O envio do Exército brasileiro para proteger a Amazônia ñ teve impacto no desmatamento. Pior: fez os europeus acreditarem q Bolsonaro estava tentando enganá-los com um truque barato de relações públicas. "Quão estúpidos eles pensam que somos?", um diplomata europeu me disse.
Como @SamCowie84 escreve, "especialistas [disseram] q a chegada das tropas [na Amazônia] era apenas um exercício de relações públicas que marginaliza ainda mais os fiscais ambientais e, portanto, pouco fará para afetar as redes criminosas responsáveis pela extração de madeira"
