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Macri deu a primeira entrevista desde a derrota do ano passado na Argentina; a fala é ilustrativa sobre o momento da direita latino-americana "tradicional", diz muito sobre nosso futuro também. Macri me lembra o "nosso" Moro: derrotado, melancólico, mas ainda no jogo (1/10).
Basicamente, a fala de Macri mostra o quanto a direita tradicional latino-americana flerta com o abismo, ele não cansa de elogiar Ivan Duque, um gorila que travou e sacaneou o processo de paz na Colômbia, e embora não elogie Bolsonaro, também não lembra que ele existe (2/10).
O curioso da história é Macri batendo na política de combate à pandemia da Argentina, modelo mundial, para elogiar a política colombiana porque seria um "meio-termo". Meio-termo com muito mais mortes, por sinal (3/10).
Dando uma googleada rápida, Macri defende o modelo colombiano, país onde morre se registra 100 mortes por milhão, contra o modelo argentino, onde a taxa é de 38 mortes por milhão, portanto, 2,6 VEZES MAIS EFICIENTE (4/10).
Macri é a tal "direita democrática", que recebe rasgações de seda da mídia liberal antibolsonaro do Brasil, mas que recebeu apoio de FHC a Bolsonaro e Mourão nas eleições de 2019 (5/10).
O elogio Macrista a Duque é o mais importante da fala toda, porque nós estamos falando de vidas humanas. Não é crescimento econômico, eficiência em uma política pública qualquer, é sobre salvar vidas em uma situação emergencial (6/10).
Macri preferia que morressem 2,6 vezes mais pessoas na Argentina em nome do "equilíbrio" e em defesa das "liberdades". O inverso dessa visão de mundo, Macri chama de "populismo" (7/10).
Enquanto no Brasil ocorre uma verdadeira tragédia, coisa que até o improvável Rodrigo Duterte, tiranete com cacoetes homicidas das Filipinas, notou, Macri vai falar de quem? De quem? De quem? Venezuela! (8/10).
É exatamente o mesmo discurso de um Moro: ele se colocando como equilibrado, sensato, enquanto desata uma política neocolonial sujeita aos EUA. Macri posa de "liberal", "republicano" e "iluminista", quando sua oposição não é a Perón, mas a San Martín (9/10).
Macri é parte da elite argentina que prefere tocar o país como colônia, vestindo bons termos para ir à ópera em Madrid, onde beija a mão Del Rey de España. É puro caudilhismo, mas caudilhismo pré-independência e anti-independência e libertação latino-americana (10/10).
P.S.: a entrevista foi dada a Álvaro Vargas Llosa, cujo pai, Mário, é Nobel de Literatura, se radicou em Espanha onde até tem o título de marquês, realizando o sonho romântico da elite latino-americana atual: virar nobre com título e tudo na metrópole.
P.S.B.: a entrevista, que segue abaixo, inclusive foi veiculada pelo La Tercera, jornal chileno mui iluminista, democrático e liberal que apoiou a ditadura de Pinochet.
latercera.com/mundo/noticia/…
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