Hugo Albuquerque Profile picture
Advogado e editor da Autonomia Literária (https://t.co/vE1k8QheCW @AutonomiaLiter2), @JacobinBrasil e no Tik Tok (https://t.co/HFED8XeZiR)
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Apr 13 7 tweets 2 min read
Testemunhamos um choque no comércio global. A China se voltará para o mercado interno e para os outros países, isolando os EUA, coisa que ela já tem feito lenta e gradualmente nos últimos tempos. O médio e longo prazo favorecem Pequim (1/7). A Europa não vai junto dos EUA, o que é um problema enorme para Washington. Musk sabia bem disso, por isso propôs uma não tarifação europeia - inclusive pelo bem dos próprios negócios dele, mas também do seu setor (2/7).
Apr 7 15 tweets 3 min read
Muitas contas oficiais da China reproduziram hoje este discurso de Reagan de 1987, um libelo antiprotecionista. Parece loucura, mas não é. Obviamente, Reagan está muito distante de Pequim, mas não nesse assunto em particular, por razões milenares, inclusive (1/13). Um certa leitura vulgar aponta que há uma disputa restrita a liberalismo/livre comércio versus protecionismo - onde, talvez, a posição da esquerda deve ser a segunda. Obviamente, não é isso. Livre comércio e protecionismo são métodos diferentes e não verdades fechadas (2/13).
Mar 21 12 tweets 2 min read
Uma questão importante sobre o caráter do sistema chinês é que, vejam só, para boa parte da esquerda brasileira o fato de haver um partido comunista, com quase 100 milhões de filiados, e um vasto complexo de normas de outra natureza ainda torna o "sistema capitalista" (1/12). É um fenômeno semelhante a de bolsonaristas que a despeito das evidências legais, políticas, sociológicas apontam que o Brasil é sim "comunista" -- e uma "ditadura" dessa ordem, comandada pelo STF, quase como um politburo (2/12).
Mar 21 7 tweets 2 min read
Um dado curioso do debate sobre o Imperialismo na esquerda brasileira: é comum debates se China e Rússia são "imperialistas", mas quase nunca se avalia a União Europeia, no todo ou em separado - mesmo quando se critica o acordo Mercosul-UE. E é um caso de livro (1/7). A acusação de que o conflito na Ucrânia é "interimperialista" ignora que a relação russo-europeia, e principalmente russo-alemã, era imperialista, mas o explorador era a Europa, que se beneficiavam do petróleo e do gás russos (2/7).
Mar 9 13 tweets 3 min read
Como o governo de Claudia Sheinbaum é tão popular no México, mesmo com o país dela crescendo menos do que o Brasil? A gente precisa pensar sobre isso, mas uma dica: é sobre política e sobre a qualidade desse crescimento, mas vamos ao fio (1/13).
operamundi.uol.com.br/opiniao/uma-no… O primeiro ponto é que o México está em um processo de recuperação que não começou ontem. Mas já desde o final de 2018 passando por um processo de recuperação, marcado pelo combate à pobreza, à violência e na geração de direitos (2/13).
Mar 8 9 tweets 2 min read
Elias puxa um debate importante aqui. As simplificações sobre a relação de Putin e Trump ignoram as relações materiais, e interesses estratégicos dos países, que podem convergir, embora por razões diferentes - que só podem ser compreendidas fora de uma visão hollywoodiana (1/9). Quem coloca duvidosas "convergências ideológicas" ignora que é Trump, e por necessidades econômicas, quem precisa encerrar esse conflito logo -- seja para diminuir os gastos ou para baixar o preço da energia, ambas medidas anti-inflacionárias e que miram baixar os juros (2/9).
Mar 3 8 tweets 2 min read
Keir Starmer, atual premiê britânico, foi escolhido líder trabalhista em 2020 [e da oposição, por tabela], se fazendo de moderado. No poder, radicalizou à direita e perseguiu a esquerda do Partido dele. Virou premiê em 2024, graças ao racha da direita. Agora quer a guerra (1/7). Image Starmer, filho de militantes trabalhistas, trotskysta na faculdade e advogado de direitos humanos a partir de 1987, foi cooptado e chegou a ser nomeado algo como diretor do Ministério Público em 2008. Líder trabalhista perseguiu toda a esquerda do Partido, incluso Corbyn (2/7).
Feb 24 7 tweets 2 min read
O mapa eleitoral alemão: as velhas Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental, de novo. Ainda assim, o mapa nos engana, pois a única Alemanha que existe é a Ocidental [não, nunca houve uma Alemanha "Reunificada", e o mapa eleitoral ilustra o fracasso desse processo] (1/7). Image Não houve lá grandes surpresas. A centro-direita democrata-cristã, extremamente radicalizada na questão de imigração e na economia, venceu, dominando o Oeste. Pela divisão dos votos, ela precisa apenas dos social-democratas para formar governo (2/7).
Feb 14 10 tweets 2 min read
Parte da esquerda comprou a narrativa liberal para a Ucrânia. A mesma espécie de discurso que serviu para justificar o impeachment e a LJ - como este de Igor Gielow sobre o fracasso da Ucrânia, que merece ser enfrentado (1/10).
www1.folha.uol.com.br/mundo/2025/02/… O primeiro ponto é que se inverte a ordem de fatores: basicamente, se insiste na ideia que houve, primeiro, um avanço russo e não o contrário *como aconteceu na realidade*: foi a Otan, liderada pelos EUA, que deu um passo para o Leste (2/10).
Jan 6 14 tweets 4 min read
Brasil voltou a ser um "país de classe média"? É preciso tomar cuidado, pois isso 1) é opinião de uma única consultoria; 2) tira o foco de que muito precisa melhorar ainda, e que o pessimismo das massas só pode ser enfrentado com medidas práticas (1/13).
congressoemfoco.uol.com.br/area/pais/bras… A média salarial subiu bastante nos últimos dois anos, mas ela vem de uma base fraca depois da destruição de 2015-2022. Isto é, ainda estamos abaixo do nível do início da pandemia, e pior do que em 2014, segundo dados da época, se corrigidos (2/13).
portalfat.mte.gov.br/wp-content/upl…
Dec 21, 2024 7 tweets 2 min read
O saldo da balança comercial piorou muito em 2024, o que se deve a muitos fatores -- mas em geral aos preços do que o Brasil exporta. Esse é um fator importante de pressão sobre o câmbio, além da valorização mundial do dólar, o que tornou o jogo contra o real possível (1/7). Ano que vem, teremos a reedição de Trump em condições muito adversas. Em tese, é um governo mais isolacionista, que pode caminhar para a distensão de alguns conflitos atuais e outros no horizonte, o que ajudaria a frear uma alta maior nos juros americanos (2/7).
Dec 9, 2024 7 tweets 2 min read
O episódio sírio é uma versão farsesca do Afeganistão Soviético dos anos 1970-90. Tanto lá quanto cá, Moscou interveio e sustentou um regime amigo, o qual foi acossado por jihadistas apoiados pelo Ocidente. Mas há diferenças importantes (1/7). Enquanto o regime afegão tinha origem revolucionária, o sírio já estava lá e era um nacionalismo. Do outro lado, o Afeganistão sofreu intervenção soviética a pedido dos revolucionários de Saur [Touro, o 2° mês do calendário tradicional persa, baseado no horóscopo] (2/7)
Dec 8, 2024 7 tweets 2 min read
Os EUA queriam derrubar o regime nacionalista sírio para, assim, passar gasodutos e petrodutos por terra. Eliminando, assim, o monopólio do golfo Pérsico, da circunavegação da península Arábica e do acesso ao mar Vermelho, cuja entrada é Bab AlMandeb e a saída Suez (1/7) Image De quebra, a queda da Síria encerra o projeto nacionalista árabe, modernista ainda que burguês e autoritário. Os EUA são os maiores apoiadores do fundamentalismo, só reclamando quando isso se volta contra. Mas é um jeito deixar o mundo árabe/Islâmico no caos e desmoralizado (2/7)
Dec 4, 2024 8 tweets 2 min read
O autogolpe sul-coreano não durou um dia. O presidente ultraconservador e impopular Yoon Suk Yeol tentou, amalucadamente, declarar Lei Marcial sob um pânico anticomunista, mas deu erradíssimo e os militares se voltaram contra ele, obrigando-o a desfazer o decreto (1/7). Antes, a Assembleia Nacional havia votado uma lei que, na prática, anulava o decreto de lei marcial. Ou seja, foi uma patacoada que revela os muitos problemas da Coreia do Sul (2/7).
Nov 29, 2024 7 tweets 2 min read
O continente asiático é uma invenção europeia, com raízes na antiguidade.

A própria Europa também é -- e por sinal continentes são criações culturais e estratégicas, em vez de serem uma verdade transcendente.

A atual divisão do mundo é fruto do projeto colonial europeu (1/7). Image Primeiramente, do ponto de vista geológico, Europa e Ásia são a mesma massa de terra.

A divisão "convencionada" entre os dois continentes jamais foi uma divisão real, e historicamente sempre houve movimentos migratórios de leste a oeste -- e de oeste para leste (2/7).
Nov 14, 2024 7 tweets 2 min read
O governo Trump será uma coalizão entre as duas alas que dominam o Partido Republicano pós era Rockfeller: os neocons de um lado [com muito dinheiro e poder, mas sem liderança e só com votos locais] e o Maga do outro [com o presidente na cabeça, mas algumas divisões] (1/7). Trump 2 não será como Trump 1. Será um governo muito mais de dentro do sistema do que em 2017. Não que Trump não fosse "establishment", mas como toda extrema direita, ele cindia a elite política puxando atores tradicionais mais à direita [como ele mesmo] e trazendo novos (2/7).
Nov 6, 2024 4 tweets 1 min read
Derrota histórica do liberalismo: democratas perderam essa eleição quando resolveram expandir a Otan para a Ucrânia para derrubar Vladimir Putin. Há dois anos eu tenho pregado no deserto sobre isso, enquanto analistas liberais juraravam que era Putin que seria liquidado (1/4). Fornecer armas para o massacre de palestino em Gaza foi só a cereja do bolo da administração Biden/Harris, o que esvaziou o conteúdo moral dos democratas e os indiferenciou diante de Trump. Um horror (2/4)
Aug 22, 2024 7 tweets 2 min read
Marçal tungou realmente votos de Nunes e, pelo Datafolha, virou o 2º colocado enquanto Boulos lidera. Daí a ação da mídia tradicional em denunciar o coach como nunca fizeram e, também, as ações da família Bolsonaro contra o ex-aliado. Vamos em tempo (1/7).
www1.folha.uol.com.br/poder/2024/08/… É claro que Marçal é uma figura terrível, não precisa me explicar. Mas formalmente, ele acertou na estratégia de comunicação. Enquanto os demais candidatos, em virtude das delimitações políticas que a burguesia lhes impôs, ficaram no água com açúcar, ele foi estridente (2/7)
Aug 13, 2024 7 tweets 2 min read
As Olímpiadas que terminaram agora, como é óbvio, já nasceram com a exclusão sem critério dos russos - sob esse ponto de vista, os EUA teriam de ter ficado fora de várias Olímpiadas, isso para não falar de Israel. Mas pouco se fala da façanha chinesa (1/7). Image Uma estatístisca de per capta que pouca gente faz é como a China é, olhem só, o único país fora do mundo eixo EUA-Europa-Extremo Oriente rico, a ficar na parte de cima da tabela. O controle do G7 sobre o esporte global é problemático (2/7).
Jul 23, 2024 10 tweets 2 min read
Nas eleições dos EUA dinheiro conta e muito, mais do que aqui. Nesse sentido, o peso dos "doadores" de campanha é grande e pesou muito sobre a "decisão" de Biden sair, e Kamala entrar, até porque Trump é um fenômeno em custo-benefício. Vamos aos números (1/7). Em 2020, Biden arrecadou mais do que Trump e gastou 1,624 bi para 81 mi de votos, uma média de US$ 20,05/voto. Trump gastou 0,391 bi para 74 mi de voto, uma média de US$ 5,28/voto, 3,79 VEZES a mais de eficiência, mesmo depois de um governo mal avaliado e da pandemia (2/7).
Jul 16, 2024 8 tweets 2 min read
Curioso como memes deflagraram um debate econômico, ainda que torto. Não, o problema de Haddad não é "taxar". A carga tributária tem sim de subir, mas para os ricos e para financiar os programas sociais para os pobres, embora não seja bem isso que esteja acontecendo (1/7). A equipe econômica tem procurado aumentar os tributos que dá, tendo um Congresso muito hostil a tributar os ricos. O problema maior são Pacheco e Lira, mas a equipe econômica aposta em não confrontar por regra, o que faz os pobres e a classe média pagarem a conta (2/7).