Thread by @marinamaral2

🇧🇷Faz uns dias que me recolhi e tenho estado um pouco ausente das redes sociais. Queria dividir com vocês o motivo, mas já escrevi e deletei várias vezes. Ainda que tudo seja muito novo, acho importante falar.

Descobri recentemente que estou no espectro do autismo. Isso traz algumas explicações e muitas dúvidas. Explica meu hiperfoco, provavelmente a maior razão pela qual desenvolvi a minha técnica de colorização e ouvi muitas vezes que "tenho um olho diferente para o detalhe".

No fim, ainda que eu não percebesse, não era só uma observação aleatória. Meu cérebro funciona de uma forma que me permite, talvez, quando trabalhando, enxergar detalhes e ser completamente envolvida no processo de uma forma que eu nem sabia que acontecia.

No processo de descoberta, escutei algumas vezes que era "impossível" eu estar no espectro, porque "autista não trabalha, não estuda, não casa, não tem amigos."

Eu estou no espectro, e apesar disso - ou melhor, provavelmente por causa disso - venho construindo uma carreira de sucesso, alcançando muitos marcos e conquistas, e desenvolvi uma habilidade que eu atribuía até semana passada a "um pouco de dedicação e perfeccionismo".

Estou tentando entender o que significa, processando informações e sentimentos. Mas sempre acreditei, e agora mais ainda, que é importante falarmos de neurodiversidade.

O autismo trouxe algumas coisas ruins pra mim ao longo da vida, mas também me ajudou a descobrir e me agarrar tão intensamente ao meu amor pela arte e pela história. Me ajudou a compreender assuntos que são parte da base do que eu faço.

E aqui eu falo apenas por mim, pela minha experiência.

Não existe um autista igual ao outro, e nem todos têm um "talento específico" ou altas habilidades como é o meu caso.

É necessário tomarmos cuidado com as generalizações e tratarmos cada pessoa como um indivíduo único, cada um com sua história.

Tb acho importante dizer que o diagnóstico em mulheres é muito mais difícil, e até lá, recebemos informações incompletas ou completamente equivocadas.

Postei mais cedo no Instagram e muita gente me desejou "força". Acho que isso mostra o quanto ainda é necessário discutirmos o assunto e falarmos de neurodiversidade. Ninguém tá doente, ninguém morreu. Tá tudo bem. :)

Aqui cabe um agradecimento a minha amiga amada @andreawerner_, que tem sido muito importante - não só durante esse processo, mas agora ainda mais. ❤︎

Sigam ela se quiserem entender mais sobre a profundidade e as complexidades que envolvem esse assunto.

Vou falar mais quando entender melhor e me sentir mais confortável.

Até lá, agradeço a todos pelo apoio de sempre. Beijo.

A principal razão para essa dificuldade na identificação dos sintomas nas meninas está no simples fato de que os critérios de avaliação foram feitos com base em padrões essencialmente masculinos.

huffpostbrasil.com/michele-muller…

Ps: to muito surpresa e grata por todas essas mensagens. Obrigada. ❤️