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EXCLUÍDOS DO ENSINO NA PANDEMIA

Famílias com filhos em redes municipais de ensino sofrem com a falta de acesso ao ensino remoto durante a pandemia. O contextos de vulnerabilidades sociais e falta de acesso à internet se interpõem à educação ofertada. Siga a #thread

Kiaras, Sophias, Gustavos, Karolinys, Joãos, Brenas e tantos outros meninos e meninas em idade escolar que, diante da pandemia de Covid-19 e da necessária paralisação das atividades presenciais das escolas estão atravessando os meses com pouca ou nenhuma aprendizagem.

Com o celular da mãe nas mãos, o menino Gustavo Bezerra Roldão, 10, se coloca perto da porta do banheiro. É que ali, vez ou outra, o sinal da internet do vizinho chega e ele consegue assistir uma parte do vídeo que o professor mandou o link.

Também é daquele canto da casa, no Conjunto Ceará, que a mãe, a artesã Carla Cristina Bezerra Roldão, 38, baixa os PDFs mandados às terças-feiras no grupo na Escola Municipal Irmã Maria Evanete no WhatsApp, e envia para a lan house do bairro aberta à meia porta, mesmo sem poder.

É na lan house que Carla consegue um preço camarada para imprimir as atividades escolares dos filhos Gustavo e Sophia Bezerra Polinário, 7.

“Tem que ficar balançando direto o celular pra internet pegar. Dá pra ver os vídeos, mas fica pausando, isso atrapalha, eu me desconcentro, tenho que voltar, porque quando para e volta eu nem sei o que ele tava falando antes”, conta Gustavo.

Ele é aluno da quarta série do Ensino Fundamental e, tanto ele quanto Sophia, tinha uma rotina de quatro horas de estudo pela manhã que foi substituída pela resolução de tarefas por uma hora no turno da tarde, sob a supervisão da mãe.

Como Gustavo sabe ler, a atenção de Carla fica mais voltada para Sophia - a pequena, que cursa a segunda série, é facilmente dispersa do estudo em casa.

“Na escola tinha tarefinha, brinquedo, meus amiguinhos, a professora. E eu aprendia mais na escola. Quero voltar a ir. Vou chegar lá e dar abraço na professora, na tia da cantina, nos amiguinhos. Abraço não que não pode né? Vou dar uma palma de cotovelo”, declara Sophia.

Além dos vídeos e do conteúdo dos PDFs, os dois recebem cadernos de atividades mensalmente, junto com a cesta básicas e ainda há a resolução de exercícios nos livros didáticos.

A série de reportagens do O POVO+ mostra como a pandemia acentuou a desigualdade no acesso à educação, a partir do cenário de famílias carentes que não têm internet.

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