Thread by @LuanSperandio

Governo Bolsonaro quer criar um tributo sobre transações eletrônicas, semelhante à antiga CPMF.

Paulo Guedes disse que o imposto é “feio, mas não tão cruel” e que “se todo mundo pagar um pouquinho, não precisa pagar muito”.

Mas isso é UMA PÉSSIMA IDEIA, e aqui estão as razões:

Primeiro de tudo, quem já adotou uma tributação semelhante no mundo?

Recriar a "CPMF" faria o Brasil sentar na mesa com quais países?

Até hoje, 7 países já fizeram uma "CPMF", e a abandonaram em virtude de seus malefícios:

🇦🇺
O próprio 🇧🇷, entre 1993 e 2007
🇪🇨
🇮🇳
🇵🇬
🇵🇾
🇻🇺

Alguns países adotaram a “CPMF”, sentiram seus efeitos negativos e a eliminaram.

Mas muita ingerência econômica e a possibilidade de elevar a arrecadação rapidamente seduziu o retorno em 5 deles:

🇦🇷
🇩🇴
🇵🇪
🇱🇰
🇻🇪

Sim, Guedes defendeu seguir o exemplo da Argentina e da Venezuela!

Houve ainda 6 países que adotaram uma "CPMF" e nunca a abandonaram:

🇧🇴
🇨🇴
🇭🇳
🇭🇺
🇲🇽
🇵🇰

Ou seja: em NENHUM país em que podemos dizer que são exemplo de políticas públicas, de desenvolvimento econômico e social e que “deram certo”.

É nessa mesa que querem que o Brasil sente

Por que os países mais desenvolvidos não adotam esse tipo de tributação?

Porque por lá é menos comum implementar “aventuras” em políticas públicas:

Qualquer forma de tributação interfere nos incentivos do setor produtivo, e algumas podem ser MUITO MAIS DESASTROSAS do que outras

Uma nova CPMF é solução simples, elegante e completamente errada para um problema complexo, que é o déficit fiscal da União.

Nunca nem sequer foi adotada no mundo civilizado porque ao incluir barreiras ao sistema financeiro ela diminui muito a eficiência na alocação de recursos

O Brasil está sofrendo há meses para literalmente DAR DINHEIRO para a população mais vulnerável.

Isso porque os mais pobres são desbancarizados, havendo 45 milhões deles em todo o país.

Quem é a favor da recriação desse imposto mostra que não aprendeu NADA com a pandemia

Em um mundo cada vez mais digital, recriar tributo que estimula informalidade é um ERRO.

Brasileiros já trabalham 5 meses por ano apenas para pagar impostos:

Quer folga no orçamento? Não falta onde cortar gastos e aumentar eficiência em um estado paquidérmico como o brasileiro

A proposta também é muito ruim politicamente porque enfrenta enorme resistência no Congresso.

Quanto de capital político o governo gastará para recriar a “CPMF”?

Não seria melhor gastá-lo, por exemplo, eliminando disfuncionalidades e atacando privilégios do funcionalismo?

A reforma administrativa — que era para ser apresentada em 2019, mas estão esperando 2021 — geraria mais benefícios à sociedade, poderia abrir mais espaço fiscal e enfrentar menos resistência política.

E, com ela, o Brasil sentaria na mesa de países que deram muito mais certo